* Este artigo foi produzido em colaboração com Juan Carlos Silva Possi
Em 2009, foi proposto pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o Dia Mundial da Pneumonia. A data 12 de novembro tem o objetivo de conscientizar a população sobre a importância da prevenção da doença.
A pneumonia é uma infecção que acomete as vias aéreas inferiores e é causada por bactérias, vírus e fungos. A doença pode ser adquirida na comunidade ou em ambiente de assistência à saúde, esta última associada, na maioria das vezes, à desvios da qualidade da assistência.
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Dados da pneumonia
Os números são alarmantes para adultos e crianças: a pneumonia é a principal causa de morte em crianças de até cinco anos e adultos, acima de 60 anos, também são vítimas frequentes devido o envelhecimento do sistema imunológico.
Além dos grupos acima, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia considera como grupos de risco pacientes com doenças crônicas, respiratórias, cardíacas, hepáticas e que causam imunossupressão, tais como doença pulmonar obstrutiva crônica, asma, bronquiectasias, fibrose pulmonar, fibrose cística, Covid-19, diabetes mellitus, insuficiência cardíaca, HIV/AIDS e câncer, pacientes em tratamento com imunossupressores, alcoolistas e tabagistas.
O Sistema Único de Saúde disponibiliza as vacinas pneumocócica conjugada e Haemophilus influenzae do tipo b, além da anti-influenza. Ambas previnem as causas de pneumonia mais incidentes.
As pneumonias associadas à assistência à saúde são muito discutidas no meio profissional, mas a pneumonia adquirida na comunidade (PAC) são epidemiologicamente importantes e, por vezes, mal discutidas. Afinal, o que o enfermeiro precisa saber sobre ela?
A PAC pode ser definida como a infecção fora do ambiente hospitalar ou que se manifestou até 48h após a sua internação hospitalar.
Sinais e sintomas da PAC
- Em adultos:
O enfermeiro deve estar em alerta em caso de febre alta, taquipneia, dor torácica, calafrios, queda do estado geral, dispneia e tosse com expectoração. Em idosos, a pneumonia pode apresentar um comportamento incomum e não apresentar febre.
Sinais de agravo: Alteração do nível de consciência, frequência respiratória > 30 irpm, pressão arterial sistólica < 90mmHg hipotensão, utilização de musculatura acessória, temperatura (< 35ºC ou > 40ºC) e frequência cardíaca > ou = 125 bpm.
- Em crianças:
Além de tosse, febre e dor torácica, a criança pode apresentar tiragem intercostal ou subcostal, hipoxemia, crepitações e outras manifestações respiratórias. A taquipneia está presente na maioria dos casos, sendo especialmente importante em locais com limitação de recursos.
Sinais de agravo: Tiragem subcostal; cianose central, tiragem subcostal, batimento de asa de nariz, movimentação com a cabeça para cima durante a respiração, respiração irregular, crianças abaixo de dois meses que recusem ao menos três mamadas, frequência respiratória acima de 60 irpm e convulsão.
Abordagem pelo enfermeiro
Diagnósticos de enfermagem:
- Troca gasosa prejudicada;
- Padrão respiratório ineficaz;
- Hipertermia;
- Risco de volume de líquidos deficiente;
- Desobstrução ineficaz de vias aéreas.
Intervenções de enfermagem:
- Monitorar o padrão respiratório (frequência respiratória e uso de musculatura acessória);
- Manter cabeceira elevada;
- Administrar oxigênio suplementar para manter saturação entre 92 e 99%;
- Aspirar vias aéreas superiores sempre que necessário;
- Avaliar necessidade de ventilação não invasiva ou intubação orotraqueal;
- Implementar curva térmica 4/4h;
- Implementar balanço hídrico;
- Em casos de esforço respiratório, cianose periférica ou alteração de nível de conciência, coletar gasometria arterial.
Autores:
Juan Carlos Silva Possi
Referências bibliográficas:
- Mulholand K. Problems with the WHO guidelines for management of childhood pneumonia. Lancet Glob Health. 2018;
- Sociedade Brasileira de Pediatria. Pneumonia Adquirida na Comunidade na Infância. Departamento Científico de Pneumologia. 2018
- Recomendações para o manejo da pneumonia adquirida na comunidade 2018. J Bras Pneumol. 2018;44(5): 405-423.