Dia Nacional do Teste do Pezinho

No último ano, o Ministério da Saúde ampliou o rol de doenças que podem ser rastreadas pelo SUS por meio do teste do pezinho.

No último ano, o Ministério da Saúde ampliou o rol de doenças que podem ser rastreadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) por meio do teste do pezinho. Esse avanço é um marco para o diagnóstico precoce de muitas doenças por meio da coleta de sangue capilar do calcâneo e colocado em papel filtro para análise. O exame é realizado nas Unidades de Atenção Primária e demora em média 60 dias para obter o resultado, nesse sentido é um exame simples de ser realizado, com acessibilidade a população e de grande importância para a saúde do recém-nascido (RN).

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Cabe destacar que, no dia 26 de maio de 2021, entrou em vigor a Lei  Nº 14.154/2021, amplia para o número de 50 doenças rastreadas e o exame passará a abranger 14 grupos de doenças e essa ampliação ocorrerá de forma ordenada. A lei entra em vigor após decorridos 365 (trezentos e sessenta e cinco) dias de sua publicação oficial.

Dessa forma, foi acrescido na primeira etapa o rastreio de toxoplasmose congênita aos exames já autorizados no teste do pezinho, que são: Fenilcetoinúria e outras hiperfenilalaninemias, Hipotireoidismo Congênito, Doença Falciforme e outras Hemoglobinopatias, Fibrose Cística, Hiperplasia Adrenal Congênita, e Deficiência de Biotinidase.

Nesse contexto, a expectativa é que a partir da segunda etapa sejam acrescentados as galactosemias, as aminoacidopatias, os distúrbios do ciclo da ureia e distúrbios da betaoxidação dos ácidos graxos. Ademais, na terceira etapa serão adicionadas as doenças lisossômicas, na quarta etapa as imunodeficiências primárias e, por fim, na quinta etapa a atrofia muscular espinhal.

Dia Nacional do Teste do Pezinho

Passo a passo para a coleta

A coleta deverá ser realizada por um profissional de enfermagem apto. Antes da realização do exame é indispensável avaliar se o RN encontra-se em período adequado para a coleta do exame (visto que deve ser realizado entre o 3º e 5º dia de vida e não deve ultrapassar 30 dias), ter atenção quando realizar exame em gemelares para que os exames não sejam trocados, em caso de RN prematuros deve-se coletar até o 7º dia de vida e repetir com 30 dias. Outra orientação importante é identificar se o RN recebeu leite ou aminoácido para evitar um resultado falso negativo para a fenilcetonúria.

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Caso a criança esteja em período adequado da realização do exame, o profissional de enfermagem deverá seguir o seguinte roteiro:

  1. Realizar assepsia do calcâneo com gaze ou algodão levemente umedecida com álcool 70%.
  2. Massagear o local para ativar a circulação.
  3. Certificar-se que o calcâneo esteja avermelhado.
  4. Aguardar o álcool 70% secar completamente.
  5. Deve ser realizado obrigatoriamente com lancetas apropriadas (profundidade entre 1,8 mm e 2,00 mm e largura entre 1,5 mm e 2,00 mm).
  6. Segurar o pé e o tornozelo de forma a envolver com o dedo indicador e o polegar todo o calcâneo, para imobilizar, sem prender a circulação.
  7. Puncionar uma das laterais da região plantar do calcâneo (devido a pouca possibilidade de atingir o osso).
  8. Aguardar a formação de uma grande gota de sangue.
  9. Retirar com algodão ou gaze seca a primeira gota formada.
  10. Encostar o verso do papel de filtro na gota de sangue com movimentos circulares para o adequado preenchimento.
  11. Desencostar somente quando o círculo estiver completamente preenchido.
  12. Repetir até que todos os círculos estejam preenchidos.
  13. Não tocar na região dos círculos.
  14. Não retornar num círculo já completado no local do sangramento para completar alguma área mal preenchida.
  15. No caso de interrupção do sangramento, oportunizar a troca do círculo e massagear a região, passar algodão ou gaze no local da punção para retirar o tampão de fibrina e plaqueta.
  16. Se não produzir efeito, realizar nova punção no mesmo local.
  17. Ao término da coleta, levantar o papel-filtro acima da cabeça e observar contra a luz se o círculo encontra-se com aspecto translúcido.
  18. Após a conferência, colocar a criança deitada e comprimir o local da punção com algodão ou gaze até o sangramento cessar.
  19. Colocar as amostras em um local adequado para secar na posição horizontal por 3 horas em temperatura ambiente.

Por fim, considera-se indispensável que durante todo o período de acolhimento na gestação, parto e puerpério a mulher esteja orientada com relação à importância do teste do pezinho e como realizá-lo. Para compreender um pouco mais sobre a temática acesse os conteúdos do Nursebook clicando aqui e aqui.

Autores(as):

Mariana Marins
Enfermeira, especialista em saúde da família. Mestre em educação pela Universidade Federal Fluminense. Experiência na gestão de unidade básica de saúde no Município do Rio de Janeiro e atualmente Gestora em Saúde no Município de Maricá.

Camila Tenuto
Enfermeira (EEAAC/UFF) • Especialista em Terapia Intensiva Neonatal (IFF/FIOCRUZ) • Especialista em Terapia Intensiva (UNYLEYA) • Discente do Mestrado Profissional em Ensino na Saúde (EEAAC/UFF) • Enfermeira rotina do CTI Geral (HUPE/UERJ).

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Brasil. Lei nº14.154, de 26 de Maio de 2021. Altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), para aperfeiçoar o Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), por meio do estabelecimento de rol mínimo de doenças a serem rastreadas pelo teste do pezinho; e dá outras providências. Diário Oficial da União 27 maio 2021; 99 (1):1
  • Mendes IC, Pinheiro DS, Rebelo ACS, et al. Aspectos Gerais da Triagem Neonatal no Brasil: Uma Revisão. Minas Gerais: Rev. Med., 2020.
  • Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada e Temática. Triagem Neonatal Biológica: Manual Técnico. Brasília: Ministério da Saúde, 2016; p80.
  • Arantes RR, Leão LL, Aguiar MJB. Triagem Neonatal Metabólica. In: Sociedade Brasileira de Pediatria. Programa de Atualização em Neonatologia (PRORN): Ciclo 11. Sistema de Educação Médica Continuada a Distância. 1st ed. Porto Alegre: Artmed/Panamericana, 2013; p57-87.

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