Os episódios de diarreia tendem a aumentar no verão, uma vez que o calor aumenta o risco de contaminação dos alimentos. Esse quadro consiste na eliminação de três ou mais episódios de fezes amolecidas ou líquidas em um período de 24 horas.
Após ingerir alimentos contaminados, o microrganismo patógeno se aloja nas células da mucosa intestinal e forma um pedestal em forma de taça. Uma vez alojado, o patógeno libera enterotoxinas que aumentam a secreção intestinal, provocando um processo inflamatório, podendo levar a lesões intestinais.
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Diarreia
Os sinais e sintomas da diarreia são o aumento na frequência das eliminações intestinais e diminuição da consistência das fezes, que pode levar a quadros de desidratação importante.
Ao atender uma criança com quadro de diarreia, o enfermeiro deve investigar as características do episódio diarreico (início, duração, quantidades de evacuações por dia, presença de sangue nas fezes, outros familiares com quadros diarreicos ou casos na escola/ creche); hábitos alimentares e alimentos ingeridos recentemente; o consumo de água; viagens recentes; uso de medicamentos; infecções anteriores; manifestações de outros sintomas, como febre e vômitos; histórico de imunizações; peso anterior; e diurese.
O exame físico da criança deve ser completo atentando (principalmente) para: o estado de hidratação e de nutrição da criança, peso, nível de consciência e nível de alerta, sinais vitais e pulso, palpação das fontanelas, perfusão capilar periférica e diurese.
A conduta terapêutica da criança com diarreia se baseia nas condições clínicas e na classificação da gravidade da desidratação:
- Criança acordada, alerta e sem sinais de desidratação grave: administração de líquidos via oral, em domicílio. Repor perda hídrica em quatro a seis horas (50 mL/kg em desidratação leve e 100 mL/kg em desidratação moderada). Em casos de diarreia, 10 mL/kg para cada evacuação. Caso a criança não aceite, ofertar de 2 a 3 mL, por uma seringa, com intervalos de minutos, até que aceite quantidades maiores. Reforçar manutenção da alimentação e aleitamento materno;
- Crianças com desidratação moderada a grave: é recomendada a reidratação venosa: 20 mL/kg em 20 minutos, podendo repetir por duas vezes até que apresente diurese, aumento da pressão arterial e diminuição da frequência cardíaca. Após a infusão de 60 mL/kg sem melhora do quadro, tratar como choque hipovolêmico (refratário à reposição volumétrica). Isso se aplica a:
- Crianças de todas as idades com sinais de agravo (alteração de nível de consciência, alterações abdominais etc);
- Criança com vômitos incessantes;
- Em casos de desidratação grave;
- Casos de desidratação moderada em crianças menores de três meses.
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Em caso de desidratação de causa de difícil manejo (com alteração de nível de consciência, sem resposta ao tratamento inicial, desnutrição, com cardiopatias ou nefropatias), a criança deve ser acompanhada em unidade de terapia intensiva (UTI).
Dessa forma, as intervenções de enfermagem se baseiam na:
- Hidratação oral/venosa de acordo com quadro clínico.
- Promoção do aleitamento materno.
- Identificação e manejo da desidratação.
- Avaliação e cuidados com a pele da região perianal.
- Orientações sobre higiene e preparo dos alimentos.
- Orientações sobre consumo de água.
- Orientar medidas dietéticas, como a exclusão de alimentos que intensifiquem a diarreia.
- Orientar administração de líquidos via oral, no domicílio, com base no cálculo mL/kg. Se a criança não aceitar, ofertar de 2 a 3 mL, por uma seringa, com intervalos de minutos, até que aceite quantidades maiores.
- Reforçar manutenção da alimentação e aleitamento materno.
- Orientar cuidados com a pele perianal.
- Orientar retorno à unidade de saúde, se houver piora do quadro.
Referências bibliográficas:
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- Piva JP. Medicina intensiva pediátrica. 2. ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2015.
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