A afirmação é de Sérgio Simon, oncologista clínico, presidente do GBECAM (Grupo Brasileiro de Estudos do Câncer de Mama) e entusiasta do impacto das novas tecnologias na relação médico-paciente. Ele é taxativo: debater a conveniência da comunicação online em saúde é página virada. Agora, que os legisladores legislem!
Nas memórias do menino Sérgio Simon, a dificuldade da família no acesso rápido ao médico era recorrente. A qualquer indício de problema, a mãe preocupada ligava para o consultório e tinha que se conformar em deixar
recado com a secretária. E lá se passavam dias, por vezes, até o retorno do médico. Depois, pelos idos de 1980, evoluímos para o bip (ou pager), um dispositivo eletrônico que utilizava transmissões de rádio para interligar um centro de controle de chamadas e o destinatário. O médico era avisado sobre a chegada de uma mensagem; fazia contato com a central de recados e, depois, telefonava para o paciente. Aos poucos, a comunicação foi se adequando às novas necessidades e o aparelhinho passou a aceitar também mensagens de texto. A evolução nunca mais parou.
Longe do ideal
Hoje, há médicos interagindo online com pacientes por todos os lados, dando a falsa impressão de que os pacientes já estão recebendo o cuidado entre consultas. O problema é que, em grande parte, essa conexão é feita de um jeito improvisado, muito longe do ideal. O médico precisa fazer o relacionamento com seus pacientes entre consultas de uma forma profissional. Só assim ele pode assegurar a segurança do paciente e que o tempo que investe nessas interações seja valorizado. Salta aos olhos um hiato na legislação da área, fato que preocupa médicos com uma visão realista da situação, como Simon.
A comunicação desordenada tem se popularizado cada vez mais por redes abertas, inseguras e sem compromisso com valores como a privacidade e a confidencialidade – fundamentais à boa comunicação médica. “Os médicos muitas vezes relevam porque, para especialidades como a oncologia, por exemplo, estar em contato permanente com pacientes é sinônimo de salvar vidas”, afirma Sergio Simon, que lamenta que a informalidade ainda seja uma alternativa para monitorar remotamente casos mais graves e garantir a tranquilidade para médicos e pacientes.
Falta legislação
Simon se ressente da demora para que a saúde tenha uma legislação que livre as interações online desta espécie de clandestinidade, que as obriga a disputar espaço com conteúdos de entretenimento. “As comunicações em saúde devem se dar em redes próprias para este fim, e não por alternativas genéricas como o SMS e o WhatsApp”, comenta. Ele acredita que a virada está próxima: “A interação por meio de linha fechada logo será a regra”. Para ele, já passamos há muito da fase do debate. “A comunicação já existe!”. O que falta, segundo ele, é simples: que os legisladores legislem. “Nos Estados Unidos isso é mandatório. A comunicação em saúde é, acima de tudo, privacidade e ética. Temos que evoluir rápido para isso no Brasil”.
E, então, assina embaixo da opinião do Dr. Sérgio Simon?
Antecipe-se você também! Evolua a sua comunicação em saúde!
* Esse texto foi produzido pelo Medicinia para mais uma parceria com a PEBmed, que visa levar até você o melhor conteúdo médico do Brasil. Leia outras matérias como essa em:
Blog do Medicinia