ESC 2022: Temas de impacto na prática – de antiplaquetários a drogas para Marfan

Confira esse compilado de temas de impacto na prática clínica, apresentados no último dia do ESC 2022, nos estudos PANTHER, CTT, MTT e RTC

Este conteúdo foi produzido pela PEBMED com subvenção educacional de Pfizer de acordo com a Política Editorial e de Publicidade do Portal PEBMED.

A PEBMED, com apoio da Pfizer, trará conteúdos exclusivos sobre o European Society of Cardiology (ESC) 2022, que acontece de 26 a 29 de agosto, em Barcelona. Confira agora as novidades que foram apresentadas hoje, no último dia do ESC 2022, sobre antiagregantes plaquetários, estatinas, drogas para Marfan e melhor via de acesso para coronariografia.

Estudo PANTHER

Atualmente usamos os inibidores de P2Y12 (IP2Y12) em substituição ao AAS para prevenção secundaria de eventos cardiovasculares em pacientes alérgicos ou intolerantes ao AAS. O estudo PANTHER buscou comparar taxa de mortes, IAM e AVC em pacientes que usavam IP2Y12 vs AAS em monoterapia para prevenção secundaria em pacientes com DAC.

É uma metanálise de dados individuais de 7 trials randomizados e controlados, envolvendo cerca de 24.000, sendo metade para uso de IP2Y12 (62% clopidogrel, 38% ticagrelor) e a outra metade para uso de AAS, com média de tratamento de 557 dias. O resultado foi: morte cardiovascular, IAM ou AVC: 5,5% vs 6,3% (HR 0,88 [IC95% 0,79-0,97], p 0,014], NNTB 123 em 24 meses.

Assim, podemos concluir que os IP2Y12 associaram-se à menor mortalidade cardiovascular, IAM ou AVC, principalmente às custas de redução de IAM. A incidência de sangramento maior foi semelhante, mas sangramento gastrointestinal e AVC hemorrágico foi maior no grupo AAS.

Estudo CTT

Sintomas musculares por estatinas (SMEs) são a primeira causa de não-adesão e suspensão do tratamento com as estatinas. No entanto, sabemos que os SMEs com elevação de CPK são muito raros, 2-3:100.000/ano com rabdomiólise e 1:10.000/ano miopatia apenas) e não temos dados da prevalência de SMEs sem elevação de CPK.

Nesse contexto, o objetivo da metanálise CTT foi descrever a epidemiologia dos SMEs com foco no evento causal da estatina e explorar a heterogeneidade de doses, de tempo de tratamento e a população envolvida. Foram 23 estudos randomizados, controlados e duplo-cego, resultando em > 150 milhões de indivíduos em uma metanálise de eventos adversos de dados individuais de pacientes.

Os resultados mostraram que eventos musculares adversos são comuns na população que recebeu placebo (cerca de 27% em 4-5 anos de seguimento) e houve excesso de sintomas musculares com terapia de estatina ( cerca de 0,5% de excesso absoluto). Estes pareceram ser precoces 11:1000 no primeiro anos de tratamento. Além disso, houve uma tendência de aumento de sintomas com aumento da dose e uma possível heterogeneidade entre os sexos em trials de estatina vs placebo, mas não naqueles de estatina dose alta vs dose baixa.

Este estudo tem alguns problemas metodológicos, tais como: a definição de eventos adversos mudou ao longo do tempo e variou nos diversos trials, faltam dados sobre severidade e duração de sintomas, há limitação em determinar a correlação de sintomas e a alteração bioquímica e há limitação em determinar combinação dos SMEs com outras medicações utilizadas.

Dessa forma, podemos concluir, até o presente momento, que os SEMs são comuns e raramente atribuídos às estatinas (< 10%) e nós médicos devemos avaliar corretamente os sintomas musculares, avaliar se a estatina é realmente culpada e encorajar os pacientes a manter o tratamento, tendo em vista o benefício cardiovascular das estatinas.

Estudo MTT

A Síndrome de Marfan afeta 1:5000 pessoas, causando afilamento das artérias e doença cardíaca. O risco de morte por lesão/dissecção de aorta é 200 vezes maior que na população geral e, para algumas pessoas, como mulheres jovens, esse risco chega a 100 vezes comparado a mulheres sem a doença.

Cirurgias de aorta são realizadas de forma profilática para prevenção de rotura, Betabloqueadores (BB) e Bloqueador do receptor de angiotensina (BRA) são usados no mundo todo, porém ainda sem uma resposta de real benefício. A metanálise MTT usou dados de estudos 1442 pacientes de 7 países diferentes, que usaram BB e/ou BRA em pacientes com Marfan. O desfecho primário foi o efeito das duas classes de drogas na taxa anual do diâmetro da raiz da aorta sem cirurgia prévia medida pelo Z-score e o desfecho secundário foi taxa de mudança anual da medida absoluta da raiz da aorta.

Os BRA reduziram a ectasia de aorta pelo Z-score em aproximadamente 50% (-0,07 [IC95% -0,12 a 0,01], p 0,01) e os BB, avaliados por análise indireta (subgrupo que usava BB), também reduziram a ectasia de aorta em aproximadamente 50% (-0,09 [IC95% -0,18 a 0,00], p 0,042). Os efeitos não pareceram estar relacionados com as medicações em associação e sim de forma independente.

Além disso, os pacientes com a mutação FBN1 também tiveram benefício (-0,08 [IC95% -0,15 a 0,01], p 0,01). Podemos concluir que temos, agora, 2 medicações com benefício para pacientes com síndrome de Marfan, que funcionam juntas ou separadas, e elas podem retardar o tempo para realizar cirurgia ou para dilatar da aorta.

Estudo RTC

Atualmente, a via de acesso radial para a coronariografia é a mais indicada pelos guidelines, porém, ainda há dúvida se o acesso radial tem superioridade em relação ao femoral quanto a mortalidade. A metanálise RTC avaliou trials randomizados e controlados de 7 centros diferentes com 21600 pacientes incluídos (sendo 95% SCA, 75% ICP), visando obter o impacto em mortalidade e em sangramento maior com o acesso radial vs femoral para angiografia coronariana ou ICP. O desfecho coprimario foi mortalidade por todas as causas e sangramento maior que foram:

  • Mortalidade por todas as causas em 30 dias HR 0,77 [IC95% 0,63-0,95], p<0,012 com NNTB de 214
  • Sangramento maior em 30 dias OR 0,55 [IC95% 0,45-0,67], p<0,001 com NNTB de 82

Assim, o acesso radial reduziu a mortalidade por todas as causas em relação ao femoral e está associada a risco reduzido de sangramento maior e isso contribui para o benefício em mortalidade. Houve, também, redução de MACCE, NACE, complicações vasculares, sangramento pela punção, transfusão sanguínea e tempo de internação hospitalar. Por fim, a via radial deve ser considerada como padrão-ouro para procedimentos coronarianos percutâneos, especialmente na SCA, corroborando com as evidências de preferência para via radial à femoral até então publicadas.

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