ESC 2023: Trocar antagonistas da vitaK por novos anticoagulantes em idosos frágeis

Estudo apresentado no ESC 2023 foi interrompido precocemente por questões de segurança, mas teve resultados importantes.

Atualmente, pacientes com diagnóstico de fibrilação atrial (FA) que tem indicação de anticoagulação devem preferencialmente iniciar um dos anticoagulantes orais diretos (DOAC). Para pacientes que já utilizam antagonistas da vitamina K (AVK), a recomendação é considerar trocar, porém, nos pacientes idosos frágeis, os dados comparando as diferentes medicações são limitados. 

Assim, foi feito o estudo FRAIL-AF, apresentado no congresso da European Society of Cardiology (ESC 2023), cujo objetivo foi avaliar se trocar os AVK por DOAC seria superior a manter AVK em relação a sangramento nesta população. 

ESC 2023: Terapia natriurética guiada na insuficiência cardíaca aguda

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Métodos do estudo 

Foi estudo randomizado, multicêntrico, aberto e de superioridade, com seguimento de um ano, que incluiu pacientes com idade maior ou igual a 75 anos, escore de Fragilidade (pelo Indicador de Fragilidade de Groningen) de pelo menos 3 e uso de AVK. Pacientes com taxa de filtração glomerular menor que 30mL/min/1,73m2 ou com FA valvar foram excluídos. 

Os pacientes foram randomizados para trocar o AVK por DOAC, cuja escolha era feita pelo médico assistente, ou manter o AVK. O seguimento foi de 12 meses e o desfecho primário era a ocorrência do primeiro evento de sangramento maior ou sangramento não maior clinicamente relevante. Desfechos secundários foram eventos tromboembólicos e mortalidade. 

Resultados 

Foram randomizados 1330 pacientes com idade média de 83 anos e 38,8% do sexo feminino. O escore de fragilidade era 4 e o CHA2DS2-VASc também de 4. Os DOAC escolhidos foram rivaroxabana em 50%, apixabana em 17%, edoxabana em 16,5% e dabigatrana em 9%. 

O estudo foi interrompido precocemente por questões de segurança, com ocorrência de sangramento muito maior no grupo intervenção: 101 eventos no grupo que trocou a medicação e 63 eventos no grupo que manteve, com HR de 1,69 (IC95% 1,23 – 2,32), principalmente às custas de sangramento clinicamente relevante.  

Não houve diferença no desfecho secundário de ocorrência de eventos tromboembólicos, sendo que ocorreram 16 eventos no grupo intervenção e 13 no grupo placebo. 

Comentários e conclusão 

Esse foi o primeiro estudo a avaliar exclusivamente idosos frágeis e mostrou que a troca da medicação (AVC para DOAC) foi associada a maior ocorrência de complicações de sangramento. 

Os motivos para o aumento do sangramento não estão bem esclarecidos, já que foi mais expressivo após os 3 meses iniciais da troca. Além disso, as características dos pacientes foram semelhantes às de estudos prévios, exceto pela idade, que foi maior. Pode ser que haja contribuição da própria fragilidade para o sangramento.  

Assim, a partir desses resultados, podemos concluir que pacientes idosos frágeis em uso de AVK para FA, devem ser mantidos com essa classe de medicação, já que a troca para DOAC levou a maior sangramento sem redução de eventos tromboembólicos.  

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Safety of Switching from a Vitamin K Antagonist to a Non-Vitamin K Antagonist Oral Anticoagulant in Frail Older Patients with Atrial Fibrillation: Results of the FRAIL-AF Randomized Controlled Trial | Circulation (ahajournals.org)