Estresse pode agravar em 8 vezes a chance de infarto nas brasileiras

O estresse pode agravar em oito vezes as chances de infarto entre as brasileiras, indica uma pesquisa realizada em mais de 500 unidades de saúde no país.

O estresse pode agravar em oito vezes as chances de infarto entre as brasileiras, indica uma pesquisa inédita realizada com pacientes de mais de 500 unidades básicas de saúde no país.

Intitulada “Saúde Cardiovascular da Mulher Brasileira”, a pesquisa foi encomendada pela Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) e Fundación MAPFRE, instituição espanhola sem fins lucrativos, que promove e investe em pesquisas, estudos e atividades de interesse geral da população mundial, e divulgada em setembro deste ano.

O estudo levou em consideração 93.605 avaliações de pacientes de mais de 500 unidades básicas de saúde do Brasil.
A descoberta mais interessante diz respeito à relação entre as enfermidades cardíacas e saúde mental, como o estresse e a depressão, principalmente em relação às mulheres.

Ao redor do mundo, essas doenças são responsáveis pelo aumento de duas a cinco vezes nas chances de infarto e de acidente vascular encefálico (AVE). Já especificamente na população brasileira, o nível de estresse percebido pode agravar em até oito vezes as chances de infarto, o dobro que em países como a Argentina e o quádruplo que a Colômbia. Já essa afirmação vem do INTERHEART, grande estudo internacional que avaliou mais de 30 mil indivíduos, em 52 países.

monitor ao lado de ecg de infarto

Relação entre estresse e infarto

Os resultados mostram que 51,6% das mulheres viveram, no mínimo, uma situação altamente estressante no último ano, enquanto 37,3% dos homens apontaram ter passado por alguma situação desse tipo.

A frequência e a natureza desses eventos também foram avaliadas: 61,1% delas responderam passar por estresse permanente dentro de casa em níveis considerados moderado, intenso ou exagerado. Entre os homens, esse percentual caiu para 45,7%.

O lado financeiro também é motivo de preocupações frequentes, com níveis moderado, intenso ou exagerado para 58,4% das pesquisadas. O mesmo índice ficou em 52,3% no universo masculino.

Maior responsabilidade recai sobre as mulheres

“O sistema de saúde pública brasileiro tem imensa dificuldade de atender a população de modo gratuito, universal e sem discriminação. Nesse contexto, é importante ressaltar também que o perfil da mulher brasileira mudou muito nas últimas décadas. Ela está cada vez mais presente no mercado de trabalho e continua acumulando as tarefas domésticas; muitas são as “cabeças” das suas famílias. Ao estar submetida a esse conjunto de situações culturais, sociais e econômicas que podem gerar estresse e ansiedade, a mulher brasileira pode agregar outros fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como o tabagismo e uma alimentação não saudável”, aponta o médico José Francisco Kerr Saraiva, presidente da Socesp e responsável pelo Centro de Pesquisa da entidade.

Leia mais: Soneca está associada a menores riscos de infarto?

Segundo a diretora da Fundación MAPFRE no Brasil, Fátima Lima, estima-se que cerca de 40% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres. “Elas, que se desdobram entre as funções de provedoras da família, profissionais, mães e esposas, com dupla ou tripla jornada, merecem mais atenção e um foco mais detalhado quando o assunto é saúde do coração”, afirma.

De acordo com José Francisco Kerr Saraiva, os fatores emocionais devem ser considerados ao avaliar uma tendência à manifestação de doenças cardíacas no público feminino.

“Os mecanismos clássicos de avaliação do risco cardiovascular não consideram o estresse percebido, que deve ser somado a hábitos alimentares, prática de exercícios físicos, tabagismo e consumo de álcool”, ressalta.

Conclusões importantes

Os serviços básicos de saúde, como as unidades básicas de saúde, são mais utilizadas por mulheres, no contexto da saúde cardiovascular.

Os mecanismos clássicos de avaliação do risco cardiovascular não levam em conta o estresse percebido, fator que é mais apontado estar presente, em níveis mais elevados, nas mulheres comparadas aos homens, especialmente o domiciliar.

Este achado pode ser um fator importante na avaliação do risco cardiovascular feminino. Mulheres não brancas apresentam menor prática de hábitos de vida saudáveis, maior presença de fatores de risco cardiovascular, menor acesso ou utilização do sistema público de saúde, especialmente durante a prevenção secundária, período em que possuem maior risco de um novo evento cardiovascular.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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