Estudo compara dolutegravir e outros regimes de antirretrovirais usados na gestação

Na população não gestante, o dolutegravir tem alta efetividade: mas quais são as opções ideais para mulheres grávidas?

Atualmente, os protocolos assistenciais nacionais (e muitos ao redor do mundo) recomendam como primeira linha do tratamento do HIV em gestantes os regimes de antirretrovirais (ARV) que contenham o dolutegravir. Na população não gestante, o dolutegravir tem alta efetividade, poucos efeitos colaterais, apresenta uma alta barreira à resistência e poucas interações medicamentosas. 

A literatura apresentou alguns dados importantes comparando a sua eficácia e segurança na gravidez ao medicamento, antes considerado de primeira linha, efavirenz. Entretanto, não encontramos muitos estudos comparando o dolutegravir na gravidez com outros regimes de antirretrovirais usados nos Estados Unidos e na Europa. Regimes, estes, iniciados previamente à concepção e que continuam a ser prescritos, conforme os protocolos de cada lugar. 

HIV em gestantes e regimes de antirretrovirais

O estudo aqui descrito foi publicado no The New England Journal of Medicine em primeiro de setembro de 2022 e contou com dados analisados de duas coortes: a coorte americana que colhe dados desde 2007 chamada de Pediatric HIV/AIDS Cohort Study Surveillance and Monitoring for ART Toxicities (SMARTT) e a coorte suíça chamada Swiss Mother and Child HIV Cohort Study (MoCHiV). 

Foram analisados os regimes de ARV iniciados antes ou durante a gravidez que continham uma das drogas analisadas: dolutegravir, atazanavir-ritonavir, darunavir-ritonavir, rilpiverina, raltegravir ou elvitegravir-cobicistate. Os desfechos incluíram supressão viral no momento do parto, prematuridade, baixo peso ao nascer e óbito neonatal. 

Das 1257 mulheres analisadas, 120 receberam um regime com dolutegravir e 1137 um regime não dolutegravir, sendo que a maioria (464) recebeu atazanavir-ritonavir. Em 51% dos casos, os ARVs haviam sido iniciados antes da gravidez. 

A supressão viral no momento do parto estava presente em 96,7% das gestações em participantes que receberam dolutegravir; as porcentagens correspondentes foram 84,0% para atazanavir–ritonavir, 89,2% para raltegravir e 89,8% para elvitegravir–cobicistate (diferenças de risco ajustadas versus dolutegravir, -13,0 pontos percentuais [IC 95%, -17,0 a -6,1], −17,0 pontos percentuais [IC 95%, −27,0 a −2,4] e −7,0 pontos percentuais [IC 95%, −13,3 a −0,0], respectivamente).

Os riscos observados de parto prematuro foram de 13,6 a 17,6%. Já os riscos ajustados de recém-nascidos prematuros, com baixo peso ao nascer ou pequenos para a idade gestacional, não diferiram substancialmente entre TARV sem dolutegravir e dolutegravir. Os resultados das análises complementares foram semelhantes. 

Conclusão

A conclusão dos autores foram que, nesse estudo de coorte envolvendo gestantes com infecção pelo HIV e seus recém-nascidos, a TARV baseada em dolutegravir foi superior à TARV com atazanavir–ritonavir, raltegravir ou elvitegravir–cobicistate e foi semelhante à TARV baseada em darunavir–ritonavir e TARV oral à base de rilpivirina para alcançar a supressão viral no parto.

Não foram observadas diferenças claras no risco de resultados adversos no parto entre o dolutegravir e quaisquer desses regimes de ARV. 

Para conhecer mais sobre as recomendações nacionais do Ministério da Saúde, é possível acessar o PCDT atualizado da Transmissão Vertical para HIV, sífilis e hepatites virais. 

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Patel K, Huo Y, Jao J, Powis KM, Williams PL, Kacanek D, et al. Dolutegravir in Pregnancy as Compared with Current HIV Regimens in the United States. N Engl J Med. 1o de setembro de 2022;387(9):799–809.