Há relação entre intensidade da dor e incapacidade do paciente em lesões da SIFA?

Um estudo analisou a correlação entre alterações morfológicas e outros pontos em pacientes que estavam aguardando procedimento para SIFA.

A síndrome do impacto femoroacetabular (SIFA) é composta por uma tríade que envolve dor, limitação de arco de movimento do quadril e incapacidade funcional atrelada a achados de imagem demonstrando alterações morfológicas na junção colo-cabeça do fêmur (tipo cam), no rebordo acetabular (pincer) ou mistas. A doença está intimamente ligada, com a evolução dos sintomas, à artrose de quadril, tendo o diagnóstico precoce papel fundamental na melhora do quadro. 

Acredita-se que lesões labrais são observadas em 62% dos indivíduos sintomáticos e 54% dos assintomáticos. Defeitos de cartilagem estão presentes em 64% dos sintomáticos e 12 % dos assintomáticos. A maior prevalência desses achados em indivíduos com SIFA pode reforçar a ideia de que a dor e a incapacidade evidenciada nesses casos têm relação direta com os achados de imagem, entretanto não há consenso sobre o tema. 

História natural da osteoartrite de quadril

O estudo 

Foi publicado, no último mês, na Revista Brasileira de Ortopedia – RBO, um estudo com o objetivo de analisar a correlação entre alterações morfológicas experimentadas, o grau de lesão das estruturas intra-articulares, a dor e a função de pacientes que estavam aguardando procedimento para SIFA; e identificar os fatores associados à dor e à função desses indivíduos. 

Foram colhidos dados retrospectivos pré-operatórios de prontuários de pacientes consecutivos submetidos à artroscopia de quadril por um único cirurgião da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Foram excluídos pacientes com displasias do quadril, osteoartrose ou com lesões traumáticas que foram submetidos a algum outro procedimento no quadril. Foram avaliadas a dor pré-operatória pela Escala Visual Analógica (EVA) e a capacidade funcional pré-operatória por meio do Harris His Score modificado por Byrd (HHSm). 

Também foram avaliadas as variáveis independentes: idade, sexo, lateralidade, prática de atividade física, ângulo alfa, ângulo de Wiberg, extensão da lesão labral e condral pelo método clock-face, lesão em onda, e o grau de lesão condral pela classificação de Outerbridge. 

Resultados 

A média de idade dos pacientes foi de 38,5 anos, a intensidade média da dor foi de 7,8 e o escore mHHS médio foi de 56,3. No total, 61% da amostra foram classificados como Outerbridge III ou IV, e 12,6% apresentavam lesões ondulatórias. Houve correlação entre sexo masculino (r= 0,497) e menor intensidade da dor, e correlação entre idade (r = -0,27), sexo masculino (r = 8,419) e atividade física com pontuações funcionais mais altas no mHHS (r = 4,729). 

Leia também: Há diferença no tratamento da osteoartrose de joelho e quadril à distância?

Conclusão 

Não houve correlação dos parâmetros radiográficos e artroscópicos do estudo com a intensidade da dor e a incapacidade dos pacientes. O sexo masculino está relacionado à menor intensidade de dor, e maior capacidade funcional está relacionada ao sexo masculino, menor idade e prática de atividade física.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.
Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Giancarlo Cavalli Polesello Nayra Deise Anjos Rabelo, João Tomás Fernandes Castilho Garcia, Walter Ricioli, Marco Rudelli, Marcelo Cavalheiro de Queiroz. Correlação entre intensidade da dor e incapacidade com as lesões intra-articulares em pacientes com síndrome do impacto femoroacetabular. Revista Brasileira de Ortopedia, volume 57, 836-842, 2022, doi 10.1055/s-0041-1729573

Especialidades