ID WEEK 2023: ITU relacionada à cateteres percutâneos

A última semana do ID eek trouxe um tema controverso,cateteres percutâneos, como nefrostomia e punção suprapúbica.

Última manhã do IDWeek destinada à revisão das infecções de trato urinário (ITU) relacionada aos cateteres percutâneos, como nefrostomia e punção suprapúbica. Tema controverso devido aos poucos estudos publicados (dificuldade de realizar grandes ensaios pelo baixo número de pacientes), muita variabilidade entre os estudos (definição de ITU nesses casos não é bem estabelecida, populações de pacientes variáveis) e guidelines desatualizados.  

Ainda que controverso, é um tema de muita relevância clínica pois esses pacientes estão sempre em risco de infecção e de evoluírem de forma grave. Além disso, temos que levar em consideração a dificuldade na diferenciação de infecção e colonização, o que faz com que sejam pacientes seguidamente expostos à antibioticoterapia desnecessariamente.  

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A primeira pergunta a ser respondida é:   

  • Existe diferença entre os tipos de cateteres percutâneos? 

Sim. Estudos mostram que quanto menor o calibre do cateter, maior a chance de formação de biofilme. Além disso, existem cateteres de polímeros com tecnologia que dificultam a formação de biofilme e cateteres revestidos com antibióticos. Esses últimos, mais caros e com alguns estudos mostrando aumento de resistência bacteriana associada.  

Vale ressaltar que o tempo de cateterização também aumenta a chance de formação de biofilme e existem fatores de riscos relacionados ao paciente que facilitam com que isso aconteça, como: 

  • Dieta que aumente formação de oxalato de cálcio na urina, 
  • Nefrolitíase, 
  • Gestação, 
  • Doença renal crônica, 
  • Imobilidade. 

A segunda pergunta a ser respondida é: 

  • Como diagnosticar uma infecção? 

Os pacientes devem demonstrar bacteriúria significativa e sintomas de ITU que não possam ser atribuídos a outra causa. Febre não é um bom parâmetro clínico nesses casos.  

Considerar ≥ 103 CFU/mL em pacientes sintomáticos e 105 em assintomáticos.  

Além disso, não colete cultura de rotina em pacientes assintomáticos que estejam com cateter funcionante. 

A terceira pergunta respondida: 

  • O que é mais vantajoso em termos de evitar infecção, a punção suprapúbica ou a cateterização uretral? 

Estudos indicam que a curto prazo, a cateterização suprapúbica oferece menos risco e a longo prazo não existe diferença entre elas. Entretanto, mais estudos precisam ser feitos para indicar qual população seria beneficiada e em qual tempo.  

Em quarto lugar: 

  1. Quais os cuidados preventivos podem ser realizados? 
  • Profilaxia antibiótica antes da instalação do cateter, 
  • Utilização de sistema fechado e posicionamento da bolsa coletora sempre abaixo da bexiga/rins, 
  • Troca de cateter a cada 1-2 meses, 
  • Uso de antibiótico profilático de acordo com os fatores de risco do paciente. 

Leia também: IDWeek 2023: Prevenção de infecções em pacientes imunodeprimidos

Por último: 

  • Como tratar? 

O controle da fonte é o ideal. Logo, quando possível, troque o cateter.  

Leve em consideração urinoculturas prévias. Caso não tenha, inicie antimicrobiano de amplo espectro levando em consideração a possibilidade de resistência à quinolonas e de bactéria ESBL.  

Não colete cultura de controle após o tratamento em pacientes que responderam satisfatoriamente.  

A recorrência é comum (em torno de 39%, sendo 21% pela mesma bactéria) e os fatores associados para diminuição de risco foram escolha adequada do antimicrobiano e troca do cateter nos primeiros quatro dias de infecção.  

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