Impacto do vaping na saúde respiratória

O cigarro eletrônico vem dominando a utilização de nicotina sobretudo na população jovem, levando a maiores graus de dependência.

A introdução do cigarro eletrônico (também conhecido como vape) no mercado em meados dos anos 2000 marcou o início das mudanças nas formas de utilização da nicotina. O uso de cigarros convencionais vem se reduzindo, ao passo que aumenta a utilização de cigarros eletrônicos principalmente entre os mais jovens que nunca fumaram. Entretanto, ainda são muitas as incertezas sobre os efeitos a curto e longo prazo dos dispositivos eletrônicos para fumar na saúde respiratória. 

Os vapes já existem há décadas, porém, a melhoria dos dispositivos, o conforto e a facilidade de utilização fizeram com que o mesmo se disseminasse. Atualmente, é a forma mais utilizada para consumo de nicotina entre jovens. Cerca de um em cada cinco jovens americanos já fez uso de e-cigarettes em algum momento da vida.

cigarro eletrônico

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Cigarro eletrônico: o que a literatura tem a dizer?

Tidos como dispositivos seguros, estudos recentes questionam a indicação do vape para o tratamento da cessação de tabagismo – mais que isso, pesquisas associam o cigarro eletrônico ao surgimento de doenças pulmonares agudas e crônicas. Em 2019, diversos pacientes utilizando o cigarro eletrônico apresentaram o quadro de injúria pulmonar associada ao vapes, conhecida como EVALI. A doença foi associada à presença do acetato de vitamina E na via aérea dos pacientes, que apresentaram quadros sistêmicos com tratamento incerto e que podem evoluir para insuficiência respiratória e óbito.  

Usuários de cigarros eletrônicos parecem apresentar diversos efeitos pró-inflamatórios no epitélio das vias respiratórias e no parênquima pulmonar. Entre eles, o aumento da friabilidade da via aérea, com edema e elevação da resistência, deposição de partículas ultrafinas de metais pesados, além de redução da imunidade inata e respostas à infecção. Além disso, pode ocorrer elevação de citocinas pró-inflamatórias, aumento da proteólise e deposição de lipídios, favorecendo o surgimento de infecções respiratórias com maior frequência.

As lesões crônicas pelos cigarros eletrônicos ainda são incertas, visto que a maioria dos usuários faz uso há menos de 10 anos. Alguns estudos apontam para piora de sintomas respiratórios em pacientes previamente asmáticos e portadores de doenças pulmonares crônicas. A função pulmonar não parece sofrer alterações ao longo do período avaliado, considerado precoce por muitos especialistas.  

Leia também: Efeitos adversos associados ao uso de cigarro eletrônico por gestantes

Durante a pandemia de Covid-19, o cigarro eletrônico atuou como fator de risco para infecção e disseminação da doença devido ao compartilhamento dos dispositivos. Ainda não há evidência de piores desfechos nessa população. Já para fumantes de cigarros convencionais, o uso como terapia para cessação de tabagismo apresentou maiores taxas de abstinência quando comparado ao tratamento padrão com reposição de nicotina.

Recentemente, a Anvisa manteve a proibição dos dispositivos no Brasil, reforçando os potenciais malefícios à saúde.  

Mensagens práticas: 

  • Os cigarros eletrônicos vem dominando a utilização de nicotina sobretudo na população jovem, levando a maiores graus de dependência de nicotina e abstinência; 
  • Efeitos agudos e crônicos podem ocorrer, levando a quadros graves e potencialmente fatais em usuários de e-cigarettes.
  • Facilmente encontrado nas cidades brasileiras, o cigarro eletrônico continua proibido em todo o território nacional. 

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Jonas A. Impact of vaping on respiratory health. BMJ. 2022 Jul 18;378:e065997. doi: 10.1136/bmj-2021-065997. PMID: 35851281. 

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