Ao término da faculdade de medicina — em alguns casos durante —, a preparação para os concursos de residência médica faz parte da rotina diária de acadêmicos e médicos. A realização de provas locais, em outras cidades ou estados e mesmo concursos unificados com vagas em todo o Brasil, são a realidade da busca de uma oportunidade para a especialização médica.
Nessa jornada, ao alcançar o sucesso da aprovação, surge a dúvida da escolha do local ideal para realizar a formação, de modo que não existe resposta certa para guiar essa decisão, mas sim fatores e contextos para serem balanceados.
Irei abordar alguns desses a seguir, lembrando que é um assunto que não se esgota e a individualidade deve sempre ser levada em conta.
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Perfil da instituição de residência médica
Sem dúvidas, uma instituição com bom suporte acadêmico, estrutura tecnológica e de suporte clínico faz toda a diferença na formação durante a residência, diminuindo entraves frequentes na realidade do sistema de saúde brasileiro.
Entender os pontos fortes de cada instituição também é importante, pois muitas das vezes são encontradas diferenças de foco na formação que podem facilitar a escolha.
Por exemplo:
- Sabendo que procura um trabalho com atuação em gastroenterologia — e goste de procedimentos endoscópicos —, a escolha de um local que tenha um grande fluxo desses procedimentos, com bom suporte tecnológico, pode ser uma boa decisão;
- Sempre importante observar se a residência possui um bom corpo acadêmico, favorecendo atividade de ensino e formação científica, parte fundamental das atividades supervisionadas que desenvolvem a maturidade profissional (infelizmente, alguns serviços sofrem com a sobrecarga de atendimentos e precariedade estrutural, podendo atrapalhar as atividades de ensino).
Nesse contexto, algo que pode auxiliar bastante no entendimento desses pontos é visitar os locais de residência, assim como conversar com residentes atuais e também aqueles que já se formaram. Ouvir diretamente daqueles que vivenciaram o dia a dia é a melhor opção na maioria das vezes.
Mudança para uma nova cidade/estado
Ao pensar em mudar de cidade ou estado para fazer a residência, é essencial ter noção dos desafios que podem ser enfrentados nesse novo ambiente.
Um dos principais é a mudança de custo de vida, que pode ser menor ou maior, mas que deve ser levado em conta, uma vez que outro fator é estar situado em um local onde não estão presentes os vínculos de emprego e oportunidades previamente estabelecidas, demandando uma nova busca de locais de trabalho para a complementação da bolsa da residência.
Fator que não pode ser esquecido é a distância familiar (caso a família não vá junto). A residência é um momento de grande evolução profissional e muita cobrança física e emocional, ter o suporte e apoio familiar e de amigos faz bastante diferença nas lutas diárias. Sem dúvidas é um contexto que pode ser resolvido com viagens e outros mecanismos, porém merece uma reflexão atenta.
Importante ter em mente que durante a residência um grande networking ocorre, assim como surgem oportunidades para novos projetos de trabalho e evolução profissional. Embora não seja uma regra, muitas das vezes um caminho ideal é continuar morando no local onde se formou na residência, pela abertura dos vínculos já criados na formação, facilitando oportunidades após o término da residência, principalmente no contexto das áreas cirúrgicas.
É essencial pensar com calma se a cidade onde vai estudar é o local ideal para criar raízes durante e após a especialização, escolha que pode impactar outras esferas da vida além do futuro profissional.
Obviamente, não é uma regra rígida e muitas pessoas preferem sair da cidade onde se especializaram, seja para retornar para a cidade de origem, já tendo planos bem formados, ou mesmo desbravando novas oportunidades fora e dentro do país. A chave para o sucesso é ter uma boa formação e se tornar um profissional completo independentemente de onde estejam.
Peculiaridades da vida cotidiana
Nesse ponto prefiro iniciar com um exemplo de uma cidade como o Rio de Janeiro, onde diversos serviços de residência estão espalhados pela cidade e até mesmo em cidades vizinhas, como Niterói.
Na escolha entre esses locais, deve ser levado em conta os desafios diários no tempo de transporte, riscos eventuais e o quanto isso impacta na qualidade de vida.
Voltando ao exemplo do Rio de Janeiro, facilmente pode-se gastar três horas por dia no transporte pela cidade, que caso seja no transporte público torna tudo mais desgastante.
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Levar em conta a proximidade da residência com a moradia, ou já definir morar perto do serviço hospitalar, é algo significativo, uma vez que a economia de três horas pode gerar espaço para a prática de atividades físicas e de lazer, maior tempo dedicado à família/relacionamento e também maior tempo de estudo.
Novamente, a rotina da residência já é uma grande demanda por si só, acrescentar mais esforço de forma desnecessária pode complicar ainda mais a rotina diária. Morar perto do local da residência é a escolha ideal, sempre que possível.
Mensagem final sobre residência médica
Durante o processo de escolha as dúvidas sempre irão surgir, e os fatores individuais e a definição de prioridades é que guiarão as decisões. Os pontos de reflexão mostrados anteriormente são alguns exemplos de como tornar esse processo mais objetivo, mas sem dúvidas outros fatores podem ganhar mais peso de acordo com as próprias prioridades.
O fator chave é a comunicação, seja com outros residentes, médicos e familiares, pois a partilha de experiência com quem já passou por decisões semelhantes faz toda a diferença.
26 fev. 2024 
2 min. 
