Quer acessar esse e outros conteúdos na íntegra?
Cadastrar GrátisJá tem cadastro? Faça seu login
Faça seu login ou cadastre-se gratuitamente para ter acesso ilimitado a todos os artigos, casos clínicos e ferramentas do Portal PEBMED
Em unidades de pacientes queimados nos Estados Unidos, 22,5% são crianças, e a maioria é admitida por acidentes envolvendo o preparo ou consumo de comida ou bebida. A ampla variedade abstrata de mecanismos de queimaduras, entretanto, torna a prevenção um desafio.
Análise e estudos para prevenção
Pesquisadores americanos têm trabalhado desde 2005 para proteger crianças pequenas de um mecanismo específico: crianças abrindo as portas de forno de micro-ondas e derramando o conteúdo aquecido, resultando em escaldaduras graves. Em recente artigo publicado no jornal Pediatrics da American Academy of Pediatrics, Quinlan e colaboradores documentaram a frequência e a gravidade desses casos e a vulnerabilidade de crianças pequenas a serem queimadas dessa forma. Em 2008, os pesquisadores já haviam publicado, no mesmo jornal, uma análise de 3 anos de dados da unidade de queimados da University of Chicago. Entre as queimaduras pediátricas não relacionadas à água da torneira, que têm uma estratégia de prevenção distinta, 9% ocorreram da seguinte forma: as próprias crianças abriam o micro-ondas e depois retiravam e derramavam o conteúdo aquecido. Nesse relatório, a criança mais nova queimada tinha 18 meses. Quase metade desses casos exigiu enxerto de pele de espessura parcial.
Leia também: Dieta vegana: estudo mostra que o metabolismo é remodelado em crianças
Os pesquisadores apresentaram descobertas e ideias para prevenção em vários encontros nacionais e convocaram estudantes universitários de engenharia para projetar portas de micro-ondas que impediriam uma criança de abri-las. Em 2017, tornaram-se membros ativos de um grupo de trabalho americano convocado pelo Underwriters Laboratories para tratar dessa questão, e dois autores se tornaram membros votantes no Painel Técnico de Padrões para fornos de micro-ondas. Ademais, trabalharam com fabricantes do produto e outros por mais de um ano para atender às preocupações da indústria, incluindo aquelas relacionadas aos impactos potenciais sobre os adultos mais velhos. Esse esforço resultou em um grupo de trabalho propondo uma mudança no padrão, exigindo “duas ações distintas” para abrir a porta de um forno de micro-ondas.
Novo padrão
Em 17 de setembro de 2018, após tentativas fracassadas anteriores de mudar o padrão das portas de forno de micro-ondas, o painel votou pela aprovação da medida, que exigirá portas resistentes a crianças para todos os novos fornos de micro-ondas em 2023 nos Estados Unidos. Por fim, os novos fornos de micro-ondas também deverão incluir rótulos, alertando as famílias sobre o risco de queimaduras graves em crianças pequenas.
Saiba mais: É seguro o uso de lentes de contato gelatinosas em crianças?
Os pesquisadores destacam como a pesquisa pode informar e apoiar a defesa da prevenção de lesões infantis. Para eles, as crianças agora estarão protegidas contra esse tipo de escaldadura, pois os micro-ondas com portas resistentes a crianças substituirão os modelos atuais.
Autor(a):
Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação.
Referências bibliográficas:
- Quinlan KP, Lowell G, Robinson M, Musso J, Gottlieb LJ. Making Microwave Oven Doors Child Resistant to Protect Young Children From Severe Scalds. Pediatrics. 2021 Jan 20:e2020021519. doi: 1542/peds.2020-021519.