O atual surto de monkeypox (varíola dos macacos) vem sendo observado, com crescente preocupação, por toda comunidade científica. Inclusive, recentemente, ela foi declarada como uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Como sua apresentação clínica, principalmente em relação às lesões cutâneas, pode ser similar à de outras condições mais prevalentes em nosso meio (ex.: herpes, sífilis, molusco contagioso, varicela), os testes laboratoriais são fundamentais para sua confirmação etiológica e diagnóstico diferencial.
Diante desse cenário, na última segunda-feira de agosto (29/08), a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou o uso excepcional e emergencial — enquanto ainda aguardam os trâmites necessários para aprovação dos registros definitivos — de dois kits moleculares para o diagnóstico laboratorial da monkeypox.
Os kits diagnósticos moleculares autorizados
Desenvolvidos pela Fundação Oswaldo Cruz, através do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), com produção inicial de 12.000 testes cada, os dois kits moleculares são baseados na tecnologia de reação em cadeia da polimerase (PCR) em tempo real com ensaios multiplex.
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O primeiro kit molecular “monkeypox (MPXV)” que foi autorizado, é capaz de detectar alvos do DNA do monkeypox geral, como também identifica, na mesma reação e amostra, o clado do vírus (África Ocidental versus África Central).
Já o outro ensaio, chamado de “5PLEX OPV/ MPXV/ VZV/ MOCV/ RP”, além de conter alvos do gênero Orthopoxvirus e do monkeypox geral, permite o diagnóstico e diferenciação de outras doenças virais relacionadas, como a varicella zoster (VZV) e o molusco contagioso (Molluscum contagiosum), tudo em um único teste.
Ademais, a tecnologia empregada nesses kits diagnósticos é compatível com as plataformas analíticas já utilizadas na rede de laboratórios centrais de saúde pública (Lacens) para a identificação molecular de outros alvos, permitindo assim, caso necessário, a sua rápida implantação nessas unidades.
Considerações finais
Diante do aumento do número de casos e, consequentemente, da procura por kits diagnósticos de pacientes sob investigação, os (atualmente) oito laboratórios de referência estruturados para o diagnóstico de monkeypox no País, vêm apresentando uma limitação da capacidade de processamento das amostras, gerando assim um represamento e atraso na entrega dos resultados.
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Com a liberação emergencial do uso dos kits moleculares fabricados pela Bio-Manguinhos/Fiocruz, possibilita-se a descentralização da execução dos testes para os Lacens, levando a um maior acesso aos exames laboratoriais e rapidez na liberação de resultados para o diagnóstico acurado da monkeypox, fatores esses determinantes para o adequado enfrentamento dessa zoonose.