Monkeypox: diagnóstico laboratorial

Há duas variantes geneticamente distintas do monkeypox. Neste artigo, saiba mais sobre a importância dos testes laboratoriais para elas.

O vírus monkeypox (MPXV), agente etiológico da varíola do macaco ou varíola símia, é um vírus de material genético DNA, do gênero Orthopoxvirus, pertencente à família Poxviridae. Algumas espécies do gênero Orthopoxvirus são patogênicas para humanos (ex.: varíola, vaccinia, cowpox, rabbitpox e o próprio monkeypox), sendo todas antigenicamente relacionadas.

Existem basicamente duas variantes geneticamente distintas (clados) do vírus monkeypox: o clado da África Ocidental (historicamente associada a doença com menor gravidade e transmissibilidade, que parece estar ligada a esse surto atual) e o da bacia do Congo (África Central).

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O crescente número de infecções pelo mundo, incluindo 3.984 casos confirmados e 1 morte no Brasil (dados atualizados em 24 de agosto de 2022), despertou a atenção da comunidade e, naturalmente, fez aumentar o interesse e a procura pelos testes laboratoriais diagnósticos para a Monkeypox.

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Testes moleculares

A confirmação laboratorial da infecção causada pelo MPXV se dá através de testes de amplificação de ácidos nucléicos (NAAT). Por meio da reação em cadeia da polimerase (PCR) em tempo real ou convencional, associada ou não ao sequenciamento, consegue-se detectar sequências (fragmentos) específicas do DNA viral nos materiais coletados (de preferência da secreção de vesícula e/ou crosta de lesão).

Certos protocolos de PCR validados foram desenvolvidos para a detecção do gênero Orthopoxvirus, sem, contudo, identificar a espécie. Já outros protocolos (recomendados) são específicos para o MPXV (confirmando assim a etiologia), alguns dos quais incluem a diferenciação dos clados (África Ocidental versus África Central).

Outros ensaios são capazes de detectar, em uma única análise e amostra, além do MPXV, outros vírus relacionados (ex.: varicella zoster, molusco infeccioso), permitindo assim uma melhor diferenciação clínico-laboratorial e o consequente esclarecimento diagnóstico.

Os testes moleculares utilizados, atualmente, nos laboratórios públicos e privados do Brasil, são por metodologias “in house”, ou seja, com insumos/reagentes preparados e validados pelos próprios laboratórios, seguindo processos e convenções internacionais disponíveis.

Já foram protocolados os primeiros pedidos de registro de testes moleculares comerciais na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, no momento, encontram-se em prioridade de análise pela agência. Tudo indica que no decorrer das próximas semanas esses kits já estarão aprovados e disponíveis, elevando de sobremaneira a capacidade de processamento das amostras em todo o território nacional.

Mensagem final

Diante de um possível crescimento exponencial do número de casos de Monkeypox no Brasil e no mundo, torna-se importante o conhecimento e aumento da disponibilidade dos testes laboratoriais utilizados para o diagnóstico dessa zoonose.

As metodologias moleculares (PCR) são capazes de detectar, com alta sensibilidade especificidade, determinadas sequências do material genético do vírus (DNA) sendo, por conseguinte, consideradas como o método “padrão-ouro” para o diagnóstico.

Devido, em boa parte, às demandas geradas pela pandemia da Covid-19, os Laboratórios Clínicos e fornecedores estão melhor preparados (ex.: mão de obra, insumos, equipamentos, logística, infraestrutura) para a realização dos testes moleculares e, dessa forma, poderão contribuir de maneira decisiva para o controle desse surto atual.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Anvisa prioriza a análise de kit diagnóstico para Monkeypox. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2022/anvisa-prioriza-a-analise-de-kit-diagnostico-para-monkeypox
  • CDC (Centers for Disease Control and Prevention). Poxvirus. Monkeypox. Information For Laboratory Personnel. Disponível em: https://www.cdc.gov/poxvirus/monkeypox/lab-personnel/index.html
  • Franke A, et al. Classification of Cowpox Viruses into Several Distinct Clades and Identification of a Novel Lineage. Viruses. 2017 Jun 10;9(6):142. doi: 10.3390/v9060142.
  • Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Fiocruz solicita registro de kits moleculares para diagnóstico da monkeypox. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/fiocruz-solicita-registro-de-kits-moleculares-para-diagnostico-da-monkeypox
  • Li, et al. Real-time PCR assays for the specific detection of monkeypox virus West African and Congo Basin strain DNA. Journal of Virological Methods. 2010. 169, 223-7.
  • OPAS/OMS. Diretrizes laboratoriais para detecção e diagnóstico da infecção pelo vírus da varíola do macaco. Disponível em: https://www.paho.org/pt/documentos/diretrizes-laboratoriais-para-deteccao-e-diagnostico-da-infeccao-pelo-virus-da-variola