A equipe de urolitíase do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) utilizou pela primeira vez o aparelho chamado Fiber Dust, um moderno sistema com laser thulium para litíase através de cirurgia endoscópica em três pacientes. A maior potência da nova tecnologia possibilitou fragmentar pedras mais volumosas e duras em menor tempo cirúrgico.
Segundo o urologista Wilmar Neto, integrante da equipe, o aparelho Fiber Dust foi cedido para avaliação pela empresa Handle Equipamentos, com sede em Ribeirão Preto (SP). No dia a dia, o HC possui equipamentos que empregam outro tipo de laser: o holmium.
“Existem vantagens do laser thulium em relação ao laser de holmium, especificamente para tratamento de cálculos, como a redução pela metade do tempo cirúrgico em relação aos outros equipamentos, menos cálculos residuais e vários níveis de ajuste de duração de pulso”, aponta Neto.
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De acordo com a Handle Equipamentos, fabricante do produto, ele permite a pulverização dos cálculos, a realização da ablação, a ressecção e a incisão precisas e suaves em tecidos moles, o que necessita de energias de baixa a média potência, como em tumores de bexiga e estenoses.
O aparelho é mais compacto e com outras tecnologias que permitem diferentes aplicações na medicina, como nas áreas de gastrocirurgia, cirurgia toráxica, cirurgia renal e urologia, como em procedimentos cirúrgicos na próstata.
Hospital Vera Cruz também utiliza o novo método
O Vera Cruz Hospital realizou, em agosto deste ano, a cirurgia para a eliminação de cálculos renais utilizando a mesma tecnologia. Desta vez, uma mulher de 49 anos, foi submetida ao moderno procedimento para pulverizar as pedras renais de forma mais rápida, transformando-as em areia. Em dois dias, foram realizados o total de quatro procedimentos com o equipamento na unidade.
Segundo o coordenador da urologia do Vera Cruz Hospital, Bruno Resende, o novo método tem ajudado cada vez mais em tratamentos e cirurgias de cálculos renais. “Em uma cirurgia de apenas 18 minutos, removemos uma pedra de cerca de 2 cm. Todo o cálculo foi reduzido a poeira, o que não é possível com o outro equipamento”, destaca.
“Com esse laser, podemos operar cálculos maiores em menos tempo, com menos riscos de complicações, alta precoce do paciente e resolução mais segura do problema. Antes precisaríamos de dois ou três procedimentos para eliminar cálculos maiores. Com esse aparelho, conseguimos fazer de uma vez só”, comenta o urologista Phillipe Heckler, que faz parte da equipe cirúrgica.
A altíssima frequência do equipamento acelera a pulverização das pedras, reduzindo, em média, em 70% o tempo da cirurgia. “Com o laser tradicional, podemos usar uma frequência de 15 hertz. Com o novo aparelho, é possível chegar a 500 hertz, o que pulveriza o cálculo de forma mais rápida Uma cirurgia que normalmente leva em torno de uma hora e meia, pode ser realizada em menos de vinte minutos”, conclui Bruno Resende.
Incidência de cálculos renais
Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), 13% da população mundial possui cálculos renais. No Brasil, a doença atinge 5% da população, sendo duas vezes mais comum em homens do que em mulheres. No entanto, ocorre mais comumente em homens com idade variando entre 20 e 40 anos.
Já os cálculos associados à infecção do trato urinário são mais frequentes em mulheres. A cirurgia endoscópica através de ureteroscópio (por onde é introduzida a fibra óptica) é um procedimento muito eficiente para eliminar as pedras nos rins.