Chegou ao mercado brasileiro uma nova vacina contra o herpes-zóster: a Shingrix, produzida pela GSK, que possui como vantagem ser produzida com vírus inativados e, portanto, pode ser usada por indivíduos imunodeprimidos.
Em pessoas mais suscetíveis, o risco do vírus provocar neuropatia pós-herpética aumenta consideravelmente. A dor, que se estende pelos nervos que acompanham a trajetória das lesões da doença, pode continuar mesmo após a cicatrização da lesão, durando de 90 dias a um ano.
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Com duas doses, a Shingrix é recomendada para pessoas acima de 50 anos, além de adultos maiores de 18 anos com algum comprometimento imunológico.
Especialistas alertam que, além da dor crônica, a enfermidade pode acometer os pulmões e o cérebro dos grupos mais vulneráveis. O tratamento nesse público e nos idosos também é mais complexo, principalmente porque as pessoas costumam ingerir diferentes medicamentos, o que favorece a interação medicamentosa”, adverte o infectologista e gerente médico de vacinas da GSK, Jessé Reis Alves.
Outra vantagem do novo imunizante é apresentar 90% de proteção, que se mantém estável em todas as idades. Por outro lado, outro imunizante, a Zostavax, da MSD, perde a eficácia no decorrer dos anos e protege menos justamente o grupo mais vulnerável.
Mas, por enquanto, a Shingrix somente está disponível nos serviços particulares. Enquanto a melhor opção custa quase mil reais por dose (são necessárias duas), a Zostavax fica entre R$ 560 e R$ 680, com apenas uma dose.
Estudo indica grande aumento dos casos no país
Não é de hoje que médicos de consultórios particulares estão percebendo um grande aumento de casos no Brasil. De fato, um estudo conduzido pela Universidade Estadual de Montes Claros, em Minas Gerais, constatou um crescimento de 54% nos casos de herpes-zóster durante a pandemia de Covid-19, comparado com o mesmo período antes da pandemia.
Os motivos ainda não estão totalmente claros, embora a suspeita seja de que os gatilhos possam ser ansiedade, estresse emocional, transtornos depressivos e baixa imunidade durante a crise sanitária. Contudo, essa doença não deve ser confundida com a herpes genital, causada por outro tipo de vírus, a herpes simplex.
Vírus varicela-zoster
Num primeiro contato, o vírus varicela-zoster leva à catapora ou varicela. As lesões podem surgir no corpo inteiro e coçam bastante. Na maioria dos casos, a enfermidade se resolve sozinha sem maiores complicações. No entanto, o vírus pode ficar latente durante anos nos gânglios nervosos.
Em algum momento de baixa imunidade – seja por uma doença ou até mesmo pela idade – ele se reativa, provocando o herpes-zoster, com o aparecimento de vesículas e bolhas, além de muita dor ao longo do trajeto do nervo onde o vírus estava adormecido. Pode acometer dorso, abdômen e rosto.
Em casos muito mais raros, pode causar a paralisia pela inflamação em um nervo do rosto, que pode impedir movimentos como fechar os olhos ou sorrir. O diagnóstico precoce aumenta as chances de evitar sequelas.
Para o sucesso do tratamento é necessário receitar medicamentos antivirais, anti-inflamatórios e analgésicos. No caso da paralisia, pode ser necessária a indicação de fisioterapia.