Qual é o momento ideal para suspender os novos anticoagulantes orais (NOAC) em pacientes que serão submetidos a procedimentos invasivos? É o que responde um artigo recente do European Heart Journal.
Para analisar essa questão, foi realizado um estudo prospectivo multicêntrico com 422 pacientes tratados com NOAC e que foram submetidos a um procedimento invasivo. Foram analisados as concentrações de anticoagulantes e eventos de sangramento.
Após uma descontinuação de 48-72h, a concentração de NOAC caiu para níveis quase indetectáveis (<30 ng/dL). Uma interrupção de 72h previu concentrações ≤ 30 ng/mL com especificidade de 91%. A função renal, a duração da interrupção antes do procedimento, o tratamento antiarrítmico e os procedimentos de sangramento de alto risco foram associados a eventos hemorrágicos periprocedurais mais elevados. O teste de NOAC foi mais eficaz na predição de eventos hemorrágicos do que os testes padrão de hemostasia.
Pelos resultados, os autores concluíram que uma descontinuação dos novos anticoagulantes 3 dias antes do procedimento pode minimizar o efeito anticoagulante para a maioria dos pacientes; no entanto, indivíduos com insuficiência renal ou que recebem tratamento antiarrítmico irão exigir uma maior duração da interrupção.
*Esse artigo foi revisado pelo médico Eduardo Moura.
Veja também as recomendações da AHA para manejo dos NOAC no perioperatório e situações de sangramento.
Referências:
- Anne Godier, Anne-Sophie Dincq, Anne-Céline Martin, Adrian Radu, Isabelle Leblanc, Marion Antona, Marc Vasse, Jean-Louis Golmard, François Mullier, Isabelle Gouin-Thibault; Predictors of pre-procedural concentrations of direct oral anticoagulants: a prospective multicentre study, European Heart Journal, , ehx403, https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehx403