Novos anticoagulantes na prevenção de Fibrilação Atrial: um estudo de vida real

O uso de novos anticoagulantes em pacientes com FA reduz o número de acidentes vasculares isquêmicos, evento tromboembólicos e mortalidade.

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O uso de medicações anticoagulantes inibidores da vitamina K em pacientes com Fibrilação Atrial (FA), representadas principalmente pela varfarina, é uma prática médica consolidada reduzindo o número de Acidentes Vasculares Isquêmicos (AVCis), evento tromboembólicos e mortalidade.

Com a introdução dos novos anticoagulantes (NOACs) no arsenal terapêutico do médico, essas reduções de risco foram mantidas com ganho em outros pontos: redução do risco de sangramento, menor necessidade de monitorização contínua e menor perfil de interação medicamentosa e alimentar.

Cada um dos NOACs hoje disponíveis no mercado foi testado de maneira isolada em estudos clínicos randomizados, respeitando critérios de inclusão e exclusão específicos, tornando a comparação direta entre essas drogas uma tarefa muito complexa. Tendo essa ideia em mente, um grupo de pesquisadores, liderados pelo professor Gregory Lip, da Universidade de Birmingham no Reino Unido, publicou na “Stroke”, em abril deste ano, uma revisão sistemática dos estudos populacionais de vida real comparando a Dabigatrana, Rivaroxabana e Warfarina na prevenção de AVCis em pacientes com FA.

Mais do autor: ‘É possível retornar à anticoagulação em paciente com FA que apresentou um AVC hemorrágico?’

Por meio de uma busca no Medline e na biblioteca Cochrane, os trabalhos foram selecionados e incluídos nessa revisão. No total, dezessete estudos publicados  até  outubro de 2016 foram analisados, três deles comparando Rivaroxabana e Dabigatrana  e Quatorze comparando Rivaroxabana e Warfarina. Os resultados foram divididos em dois grupos, um deles, realizando uma comparação direta entre os dois NOACs e o outo comparando Rivaroxabana com Warfarina.

Dabigatrana x Rivaroxabana

  • Não houve diferença no risco de eventos tromboembólicos sistêmicos (ETES) ou AVCis;
  • Rivaroxabana foi associada a uma maior mortalidade e maior risco de sangramentos gerais (qualquer sangramento);
  • Rivaroxabana apresentou maior risco de sangramento gastrointestinal ;
  • O risco de sangramento intracraniano foi similar entre as duas medicações;
  • Não houve diferença no número de Infartos Agudos do Miocárdio (IAM).

Rivaroxabana x Varfarina

  • Pacientes em uso de Rivaroxabana apresentaram menor risco de AVCis e ETES;
  • Não houve diferença no risco de sangramentos graves comparando as duas medicações;
  • Os riscos de mortalidade e sangramentos gerais foram similares;
  • O risco de sangramento intracraniano foi menor, porém o de sangramento gastrintestinal foi maior comparando Rivaroxabana e Warfarina respectivamente.

Como toda revisão sistemática, a diferença nos critérios de inclusão e exclusão é um importante limitante para análise global dos resultados, logo é necessária muita  cautela na hora de interpretação do resultado final, observado sempre os intervalos de confiança de cada estudo, apresentados de maneira íntegra no estudo original.

Foi possível concluir que os dois NOACS foram similarmente eficazes para prevenção de AVCis ou ETES e que a Rivaroxabana foi mais eficaz que a Warfarina na prevenção de AVCis em pacientes com FA. Outra informação crucial foi que o risco de mortalidade foi maior nos pacientes em uso da Rivaroxabana na comparação direta com a Dabigatrana. Do ponto de vista de hemorragias, sangramentos graves e sangramentos gastrintestinais foram mais comuns com a Rivaroxabana quando comparada à Dabigatrana.

Portanto, é preciso individualizar cada paciente na hora da escolha na terapia de prevenção de FA, principalmente aquele subgrupo de paciente com maior probabilidade de hemorragias gastrintestinais.

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