O que sabemos sobre Síndrome do Túnel do Carpo?

A Síndrome do Túnel do Carpo (STC) é a neuropatia compressiva mais comum em membros superiores. Tem uma prevalência global de 8% Saiba mais:

Tempo de leitura: [rt_reading_time] minutos.

A Síndrome do Túnel do Carpo (STC) é a neuropatia compressiva mais comum em membros superiores. Tem uma prevalência global de 8% e afeta uma proporção de duas mulheres a cada um homem e é mais comum em maiores de 50 anos e afeta uma fatia da população economicamente ativa. A incidência, quando confirmada com exame clínico e eletrodiagnóstico, é de cerca de 23 por 1000 pessoas-ano.

Etiopatogenia

Pode ser aguda, que é mais rara, ocasionada por sangramentos espontâneos, trombose, luxação da base do metacarpo, infecção, gravidez e fraturas, principalmente do rádio distal. A forma crônica é a mais comum, tendo início gradual.

Na fisiopatologia, está bem descrito o aumento de pressão dentro do túnel do carpo. A pressão média pré-cirúrgica chega a cerca de 58 mmHg e após a cirurgia cai para 8 mmHg. Os fatores que geram esse aumento de pressão são incertos, as pesquisas sugerem interrupção no fluxo sanguíneo intraneural, edema e fibrose dos tendões dos flexores, inflamação aguda.

Quadro clínico

Apresenta-se com sintomas de parestesias e perda de força na distribuição do nervo mediano (polegar, indicador, dedo médio e metade radial do dedo anular). Tem início em um dedo e depois vai se espalhando para os outros. Os sintomas se iniciam geralmente à noite, mas, a medida que pioram, aparecem também ao longo do dia. Os pacientes referem dificuldade com o aperto de mão e movimentos de pinça indicador/dedo médio-polegar.

Fatores de risco

Os fatores de risco podem ser vistos na tabela 1:

ALTO RISCO

RISCO MÉDIO

EVIDÊNCIAS CONFLITANTES

  • Obesidade (aumento em 2 vezes)

  • Idade maior que 50 anos

  • Sexo feminino (aumento em até 4 vezes)

Diabetes Mellitus, Osteoartrite, Distúrbios musculoesqueléticos prévios, Terapia de reposição estrogênica, fatores de risco de doença cardiovascular, hipotireoidismo, história familiar de STC, falta de atividade física, alterações anatômicas (relação mão-punho)

Artrite Reumatoide, tabagismo, abuso de álcool, fatores hormonais (uso de contraceptivos orais, menopausa, paridade, histerectomia ou ooforectomia)

Em relação aos riscos ocupacionais, tem-se associação forte para esforços vigorosos com movimentos repetitivos da mão. Entretanto, foi visto associação fraca para alta demanda psicológica no trabalho, vibração, posicionamento prolongado neutro do punho. E os usuários de computador não apresentam um risco aumentado de STC quando comparados à população geral ou aos trabalhadores industriais.

Exame físico

Alguns testes no exame físico têm alta sensibilidade e especificidade e devem ser aplicados. São eles: teste de monofilamentos de Semmes-Weinstein, teste de discriminação estática de 2 pontos no dedo médio, diagrama da mão de Katz, teste de Phalen, sinal de Tinel, teste de compressão do carpo. Se três ou mais testes forem positivos, existe grande possibilidade de se tratar de STC. Quando é observado atrofia da musculatura tenar, provavelmente se trata de uma STC grave.

Existem três questionários para avaliar grau de severidade dos sintomas, funcionalidade do paciente com STC e comparação pré e pos tratamento: CTQ-SSS (Boston Carpal Tunnel Questionnaire Smptom Severity Scale), CTQ-FS (Boston Carpal Tunnel Questionnaire-Functional Scale) e DASH (Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand Questionnaire).

Diagnóstico

Atualmente o diagnóstico e classificação são feitos pela eletroneuromiografia, sendo divididos em leve, moderada, grave ou extrema. Todavia, existe um movimento em tentar classificar a STC de acordo com critérios clínicos, epidemiológicos e baseado em evidências.

Leia maisSaiba o que é síndrome do túnel do carpo e como a acupuntura pode auxiliar

Para o planejamento cirúrgico, por vezes, é solicitado um exame de imagem, principalmente o ultrassom, que avalia os parâmetros anatômicos do túnel do carpo com boa precisão e baixo custo.

Diagnósticos diferenciais

É imprescindível ficar atento aos diagnósticos diferencias, como radiculopatia cervical, síndrome do desfiladeiro torácico, síndrome do pronador redondo, neuropatia ulnar ou radial, polineuropatia diabética e lembrar que doenças neurodegenerativas como Esclerose Lateral Amiotrófica e Esclerose Múltipla podem começar com sintomas distais que imitam a STC.

O nervo mediano também pode ser comprimido em outros locais incomuns como abaixo do ligamento de Struthers, aponeurose bicipital ou do músculo flexor superficial dos dedos.

Tratamento de acordo com os graus de recomendação:

ALTO GRAU

MODERADO GRAU

BAIXO GRAU

  • Cirurgia (liberação do ligamento transverso carpal)

  • Injeção de corticoide (metilprednisolona)

  • Órtese de punho posicionada na posição neutra (“cock up”) usada durante a noite para alívio de curto prazo

  • Medicamentos orais (diuréticos, gabapentina, anti-inflamatórios esteroidais e não esteroidais, piridoxina)

  • Inclusão do uso diurno de órtese

  • Mulheres com STC durante a gravidez;

  • Programa combinado de órtese/alongamento;

  • Agentes biofísicos (calor superficial, diatermia por microondas ou ondas curtas, corrente interferencial, fonoforese)

Muito tem se estudado sobre a melhor estratégia de tratamento para STC, mas o assunto ainda é controverso. Novas pesquisas estão sendo realizadas para avaliar tratamento por agentes físicos, terapia de ondas de choque, acupuntura, plasma rico em plaquetas, programa de perda de peso, entre outros.

A cirurgia melhora os sintomas e parâmetros neurofisiológicos aos 6 meses, contudo a decisão do tratamento deve ser cuidadosa, devido complicações cirúrgicas.

A resposta do paciente ao tratamento ainda é desconhecida, sendo que para alguns pacientes, o tratamento não cirúrgico é curativo. A taxa de conversão do tratamento clínico para o cirúrgico é alta, sendo de cerca de 80% após 3 meses e cerca de 60% em mais de seis meses.

Whitebook

É médico e quer ser colunista do Portal da PEBMED? Inscreva-se aqui!

Referências:

  • Erickson M, Lawrence M, Stegink Jansen CW, Coker D, Amadio P, Cleary C. Hand pain and sensory deficits: carpal tunnel syndrome. J Orthop Sports Phys Ther. 2019;49: CPG1-CPG85.
  • American Academy of Orthopaedic Surgeons. Management of Carpal Tunnel Syndrome Evidence-Based Clinical Practice Guideline. www.aaos.org/ctsguideline. Published February 29, 2016.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.