Organização financeira para profissionais da saúde durante a crise

Em meio à pandemia do coronavírus, muitos profissionais da saúde também sofrem com os problemas financeiros causados pela crise econômica.

Em meio à pandemia do coronavírus, muitos profissionais da saúde que não estão atuando na linha de frente, também sofrem com os problemas financeiros causados pela crise econômica desencadeada pelo isolamento social.

Não se pode esquecer que profissionais de saúde são em sua maioria autônomos ou empresários, ou seja, donos de clínicas privadas.

Com o intuito de ajudar a diminuir os impactos causados pela quarentena, separamos algumas dicas para as diferentes situações, nas quais estes profissionais se encontram.

médico usando computador e outros suportes para problemas financeiros em saúde

Profissionais da saúde sem renda

Algumas classes de profissionais como os dentistas não estão podendo prestar seus serviços presencialmente e contam com a impossibilidade de prestá-los à distância.

Diferentemente de nutricionistas e psicólogos, por exemplo, que podem continuar com suas consultas de forma online.

Para a classe de profissionais que não tem como continuar seus atendimentos de forma virtual e não contam com a proteção de contratos de trabalho, separamos três dicas:

1. Gere renda de forma alternativa

Venda seu conhecimento na internet

O marketing digital é amplamente usado pelos profissionais liberais, funcionando como uma vitrine virtual.

Usando as redes sociais já construídas e consolidadas é possível vender produtos digitais, como cursos online e e-books.

Por exemplo, se você é dentista infantil, produza uma cartilha para os pais explicando os cuidados com os dentes das crianças de 0-5 anos, problemas mais comuns nessa faixa etária, pastas mais indicadas, enfim, reproduza seu conhecimento de forma didática na forma de um e-book.

Para tornar seu trabalho mais profissional, existe uma série de outros profissionais liberais que podem ser contratados pela internet para fazer todo o trabalho de design do seu produto, tornando-o mais convidativo.

Venda serviços antecipadamente

Outra forma de garantir algum tipo de renda nessa fase é a venda de serviços antecipados com desconto.

Muitos profissionais estão lançando mão desse artifício para garantir o mínimo de renda.

2. Organize as finanças

Separe os orçamentos

O erro mais comum de profissionais liberais é misturar as contas pessoais com as da empresa.

Isso fere um dos princípios centrais da contabilidade, o chamado “Princípio da Entidade”, o qual diz que o patrimônio dos sócios jamais deve se confundir com o da entidade (empresa).

Dessa forma, o primeiro passo para ter um bom planejamento financeiro é começar diferenciando os patrimônios e, principalmente, os custos das despesas.

Custo é tudo o que é gasto diretamente para a realização do serviço. Por exemplo, um dermatologista que faça um procedimento com Botox, pode considerar como custo a ampola do produto, a seringa e os EPIs utilizados.

Esse tipo de diferenciação serve para compor o valor do serviço. Logo, para chegar a quanto cobrar pelo serviços, é importante saber: custo envolvido e margem de lucro desejada.

Esses dois fatores irão compor o preço de venda do serviço.

A margem de lucro é o valor que deve ser distribuído entre a empresa e o consumo pessoal, evitando-se o gasto da parcela separada para cobrir os custos.

Um profissional ou empresa que não obedece essa regra pode não perceber o quão prejudicial é esta atitude, mas em momentos como o que vivemos agora, quem gasta o que ganha fica descapitalizado para honrar seus custos.

Isso ocorre porque o fluxo de dinheiro diminuiu ou parou, mas as contas feitas para arcar com os serviços já prestados ainda estão por vencer.

Calcule o salário médio

Sabendo o valor do serviço e qual o percentual dele pode ser separado para seus gastos pessoais é possível calcular: o salário médio.

Esse valor deve ser a média de ganhos dos últimos seis meses. Para calculá-lo, vamos utilizar um exemplo:

Mês 1:

  • Faturamento: 10.000,00
  • Custos: 2.000,00
  • Margem de lucro: 8.000,00
  • Despesas: 1.000,00
  • Salário: R$ 7.000,00

Mês 2:

  • Faturamento: 8.000,00
  • Custos: 1.600,00
  • Margem de lucro: 6.400,00
  • Despesas: 1.000,00
  • Salário: R$ 5.400,00

Mês 3:

  • Faturamento: 12.000,00
  • Custos: 2.400,00
  • Margem de lucro: 9.600,00
  • Despesas: 1.000,00
  • Salário: R$ 8.600,00

Mês 4:

  • Faturamento: 5.000,00
  • Custos: 1.000,00
  • Margem de lucro: 4.000,00
  • Despesas: 1.000,00
  • Salário: R$ 3.000,00

Mês 5:

  • Faturamento: 7.000,00
  • Custos: 1.400,00
  • Margem de lucro: 5.600,00
  • Despesas: 1.000,00
  • Salário: R$ 4.400,00

Mês 6:

  • Faturamento: 8.000,00
  • Custos: 1.600,00
  • Margem de lucro: 6.400,00
  • Despesas: 1.000,00
  • Salário: R$ 5.400,00

Somando os salários e dividindo pela quantidade de meses em análise, chegamos ao número R$ 5.633,30 como salário médio.

Perceba que existem meses em que o salário é menor e outros em que é maior que a média, mas quando se faz um planejamento financeiro com o objetivo de gastar no máximo o salário médio, as “sobras” servirão para constituir uma reserva.

Essa reserva deve ser usada nos meses em que o valor da receita fique abaixo do programado.

Assim, no mês 1, o valor de R$ 1.366,60 (R$ 7.000,00 – R$ 5.633,30) deve ser resguardado para o futuro.

O orçamento deve ser planejado com base no salário médio.

Entretanto, deve-se objetivar gastar menos do que ele para que um valor de pelo menos 10% seja destinado à constituição da reserva de emergência, que em momentos como o atual pode ser usada para manter o padrão de vida do profissional enquanto a situação se normaliza.

Controle seus gastos

Já foi mostrado como é a maneira correta de separar os gastos pessoais e da empresa. Mesmo que seja um MEI (microempreendedor individual) é importante fazer essa separação.

O controle financeiro é o próximo passo. Nessa etapa, todo o fluxo de caixa deve ser detalhado, ou seja, tudo que entra e sai, em termos de valores, deve ser registrado.

Para fazer esse controle, use extratos bancários, faturas de cartões de crédito, contas de consumo, enfim, toda documentação que possa servir de base para esse levantamento.

Se quiser facilitar sua gestão financeira, cadastre suas despesas e recebimentos em um aplicativo de controle financeiro, como o Mobills (disponível nas versões Android, iOS e web).

Reduza despesas

Depois de concluídas as etapas anteriores, é possível analisar qual a qualidade das suas despesas, ou seja, para onde está indo seu dinheiro.

Com a ajuda das funcionalidades do Mobills, você pode estabelecer limite de gastos em cada categoria.

Sendo assim, se não deseja gastar mais que 20% dos seus ganhos em alimentação, é só configurar o teto de gastos e você será avisado quando estiver próximo do limite.

Economize

Economizar dinheiro é uma atitude fundamental neste momento de crise, até porque não sabemos quando ela vai acabar. Então, evite a todo custo gastar em itens supérfluos.

Por outro lado, quando o período de quarentena acabar, poupar dinheiro vai te ajudar a ter melhores condições para aplicar recursos e multiplicar seu patrimônio.

3. Planeje

Após organizar as finanças e descobrir qual a situação financeira atual do profissional ou empresa, o planejamento é a etapa seguinte.

Ele é crucial para evitar outro erro recorrente: endividamento.

O orçamento é uma ótima ferramenta para manter a saúde financeira, mas sem metas de curto, médio e longo prazo ele pode acabar sendo deixado de lado.

E, nesse momento, no qual ele é esquecido, o endividamento pode tornar sua vida financeira caótica.

Para evitar que isso aconteça, é preciso continuar alimentando o orçamento com informações e planejando os próximos passos.

Profissionais da saúde com renda reduzida

Agora vamos dar algumas dicas para aqueles profissionais que não estão na linha de frente no combate à pandemia, mas conseguiram manter um determinado nível de renda, seja através de atendimentos remotos, seja pela proteção de vínculo trabalhista.

Com a consequente queda nos atendimentos, é crucial a realização de cortes de gastos para adequar as despesas ao novo nível de renda.

Novos gastos

Algumas despesas como combustível deixaram de ser tão expressivas, uma vez que o deslocamento diário até um local diferente da sua residência não é mais necessário.

No entanto, outras despesas como o aumento do consumo de energia elétrica pode superar o valor “economizado” com deslocamentos.

Dessa maneira, o segredo é buscar reorganizar o orçamento com base em projeções, para que as contas não saiam da previsibilidade.

Recalcular o orçamento

Alguns custos continuarão a existir, mesmo que não haja utilização do espaço de trabalho, como aluguel e assinaturas de serviços de telefone, wi-fi, entre outros.

Para tentar minimizar os impactos destes gastos na renda, é possível tentar negociar diretamente com as empresas.

Tendo em vista o cenário atual, o dono do imóvel, por exemplo, pode preferir receber 50% do aluguel agora e os outros 50% só daqui a 90 dias, a perder o inquilino.

Depois de levantar os gastos que continuarão a impactar o orçamento, é hora de prever o aumento nos gastos residenciais, principalmente na parte de alimentação e consumo.

Economizar

Mesmo com a renda menor, é importantíssimo economizar neste momento, por vários motivos.

O primeiro deles, não se sabe até quando essa crise vai durar e, o pior, o quanto ainda pode se agravar.

Por isso, poupar nesse momento é o melhor conselho financeiro que pode ser aplicado.

Sendo assim, se ainda não possui, foque seus esforços em constituir uma reserva de emergência.

Empresários da saúde

Com as consultas eletivas sendo canceladas e todos os procedimentos não urgentes sendo remarcados, muitas clínicas têm fechado as portas por atender justamente no setor preventivo de saúde.

Com isso, empregadores e trabalhadores da área da saúde estão enfrentando as incertezas geradas pela crise econômica.

Algumas medidas do governo como liberação de linhas de crédito especiais para empresas e a Medida Provisória de Redução ou Suspensão da jornada de trabalho são formas de diminuir os impactos da crise.

Ter uma gestão financeira forte também é importante, por isso separamos algumas dicas:

Previsão de cenário

Estar preparado para a adversidade antes que ela chegue é o melhor a se fazer, se sua empresa possui reserva para momentos como o que estamos passando ótimo, e mesmo que não tenha é hora de fazer as contas e prever o cenário dos próximos meses.

Assim, é possível se antecipar aos credores e negociar melhores condições antes do vencimento das dívidas.

Ajuda financeira

Caso os valores contidos nas previsões estejam acima das reservas que a empresa dispõe para pagar suas dívidas e mesmo com as negociações ainda haja a necessidade de um empréstimo, é preciso analisar as condições com cuidado.

Levando em consideração, o prazo de pagamento, o CET (Custo efetivo Total) e a possibilidade da retomada dos serviços em ritmo mais fraco.

Considerando estes fatores é possível tomar uma boa decisão para o futuro da empresa.

Por fim, é importante não esperar que o nível de faturamento após os meses de isolamento social seja retomado imediatamente.

Conclusão

O momento é complexo para toda sociedade. É um cenário inédito e, por isso, as saídas ainda são pouco claras.

No entanto, manter o controle financeiro e a expectativa de retomada das atividades é imprescindível para que essa volta seja possível.

Além disso, não deixe de organizar suas finanças, fazer seu planejamento financeiro, e buscar formas de economizar e de gerar renda extra.

Caso queira fazer uma gestão financeira pessoal mais eficiente, a sugestão é que você utilize o Mobills.

Se quiser ler mais conteúdo sobre educação financeira, acesse o Blog Mobills.

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