Participação em protestos sociais e risco de depressão

Os movimentos sociais tornaram-se mais comuns em todo o mundo nos últimos anos, mas pouco se sabe sobre seu impacto na saúde mental.

Os movimentos sociais tornaram-se mais comuns em todo o mundo nos últimos anos, mas pouco se sabe sobre seu impacto na saúde mental. Para analisar essa questão, pesquisadores fizeram um estudo a partir dos dados de um grande protesto, o “Umbrella Movement” em Hong Kong, com mais de 1 milhão de participantes.

“O Umbrella Movement”, traduzido no Brasil como a “Revolta do guarda-chuva”, reuniu aproximadamente 1 milhão de pessoas lutando pelo fim do controle de Pequim sobre os candidatos para comandar o governo local. O protesto durou 79 dias.

Para a análise, pesquisadores entrevistaram 1.170 adultos (idade entre 18 e 35 anos) de um estudo de coorte prospectivo populacional-representativo. Através de um questionário, foram avaliados os sintomas depressivos e provável depressão maior dois anos antes do protesto e em outras quatro ocasiões nos meses seguintes.

Aos 14 meses após o fim do protesto, foram identificadas quatro trajetórias de depressão:

  • resistente (22,6% da amostra)
  • resiliente (37,0%)
  • sintomas depressivos leves (32,5%)
  • depressão persistente moderada (8,0%).

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Os preditores basais que pareceram proteger contra a depressão persistente moderada incluíram renda familiar mais elevada (odds ratio [OR] = 0,18; intervalo de confiança [IC] de 95% = 0,06 – 0,56), maior resiliência psicológica (OR = 0,63; IC 95% = 0,48 – 0,82), maior harmonia familiar (OR = 0,68; IC 95% = 0,56 – 0,83), maior apoio familiar (OR = 0,80; IC 95% = 0,69 – 0,92); = 0,16, 0,49), melhor saúde auto-avaliada (OR = 0,28; IC 95% = 0,16 – 0,49) e menos sintomas depressivos (OR = 0,59; IC 95% = 0,43 – 0,81).

Pelos resultados, os pesquisadores concluíram que as trajetórias de depressão após um grande protesto são comparáveis àquelas após grandes eventos populacionais. Por isso, os profissionais de saúde devem estar conscientes das consequências para a saúde mental durante e após os movimentos sociais, principalmente entre os indivíduos sem apoio social.

Referências:

  • Michael Y. Ni, Tom K. Li, Herbert Pang, Brandford H. Y. Chan, Ichiro Kawachi, Kasisomayajula Viswanath, Catherine Mary Schooling, and Gabriel Matthew Leung. Longitudinal Patterns and Predictors of Depression Trajectories Related to the 2014 Occupy Central/Umbrella Movement in Hong Kong. American Journal of Public Health: April 2017, Vol. 107, No. 4, pp. 593-600. doi: 10.2105/AJPH.2016.303651

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