Perda auditiva em idosos está relacionada com aumento no risco de depressão

Uma pesquisa publicada recentemente no The Gerontologist revelou que idosos com perda auditiva são mais propensos a desenvolver sintomas de depressão. Saiba mais:

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Uma pesquisa publicada recentemente no The Gerontologist revelou que idosos com perda auditiva são mais propensos a desenvolver sintomas de depressão.

Para avaliar a conexão entre a perda auditiva e a depressão, pesquisadores da Austrália analisaram dados de 35 estudos anteriores, com um total de 147.148 participantes com, no mínimo, 60 anos. Segundo dados do estudo, em comparação com pessoas sem perda auditiva, os idosos com alguma forma de perda auditiva foram 47% mais propensos a ter quadro depressivo.

“Sabemos que os idosos com surdez frequentemente se afastam de ocasiões sociais, como eventos familiares, porque têm dificuldade em entender os outros em situações com muitos ruídos, o que pode levar à solidão emocional e social”, disse Blake Lawrence, do Ear Science Institute Australia e da Universidade da Austrália Ocidental, em entrevista à Agência Reuters.

Perda auditiva

Perda auditiva x depressão

O especialista explicou que os idosos com perda auditiva têm maior probabilidade de apresentar comprometimento cognitivo leve e dificuldade para completar as atividades diárias. Portanto, é possível que mudanças durante a idade avançada descritas como uma ‘parte normal do envelhecimento’ possam estar contribuindo efetivamente para o desenvolvimento de sintomas depressivos em adultos idosos com perda auditiva. O estudo também descobriu que a conexão entre a perda auditiva e a depressão não parece ser influenciada por pessoas que usaram aparelhos auditivos.

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“O resultado desse estudo comprova a grande elevação dos pacientes idosos com perda auditiva, que por não estarem escutando bem, sem uma vida social ativa, tem uma maior propensão a desenvolver problemas psiquiátricos, incluindo a demência e a depressão. E isso se justifica justamente por esse isolamento social. A pessoa não consegue se comunicar como antigamente, não consegue se socializar com a família e amigos, e começa a se isolar em casa. O idoso começa a ter um convício social menor e acaba levando uma vida mais solidária, o que contribui para o processo de depressão e até de demência”, alerta Marcelo Tepedino Jr, otorrinolaringologista da Sociedade Brasileira de Otologia (SOB), especialista em doenças do ouvido, cirurgia otológica e reabilitação auditiva.

O especialista ainda inclui dois principais motivos para o desenvolvimento da depressão em pessoas maiores de 60 anos com perda auditiva. “Quando essa perda auditiva é progressiva, onde a pessoa não sente de uma hora para outra que perdeu essa audição, ela vai se habituando lentamente a uma condição de uma audição um pouco mais prejudicada. Outros casos estão ligados ainda ao estigma de usar o aparelho auditivo. As pessoas tentam postergar ao máximo possível justamente para não ter que usar o aparelho. Infelizmente, muitas pessoas não encaram isso como se estivesse colocando um para de óculos”, explica Marcelo Tepedino Jr.

O principal desafio dos médicos é tentar diagnosticar essa perda auditiva de forma precoce para que o paciente não precise chegar neste estágio de depressão. “A família também tem papel fundamental neste processo, como conversando com o parente para que ele se conscientize da importância do uso do aparelho auditivo e seja estimulado. E, geralmente, é preciso de um tempo de adaptação para que o cérebro se acostume com essa audição. Quem insiste e vence essa primeira barreira fica muito satisfeito com os resultados”, garante o otorrinolaringologista.

Se o paciente já apresentar um quadro de depressão, é preciso que o médico oriente a família para a importância de procurar ajuda psiquiátrica para que o idoso volte a ter uma vida normal, além de começar a usar o aparelho auditivo.

Limitações e evidências do estudo

Uma limitação da análise é que foram incluídos estudos com uma ampla variedade de métodos para avaliar a perda auditiva e sintomas de depressão.

Ainda assim, os resultados da análise acrescentam evidências sugerindo que existe uma ligação entre a perda auditiva e a depressão. Primeiro, a perda auditiva prejudica a comunicação e influencia o equilíbrio, o que pode levar ao isolamento social e à diminuição da atividade física que, por sua vez, resultam em depressão.

Em segundo lugar, a perda auditiva também pode causar zumbido no ouvido, o que pode ser especialmente debilitante em alguns casos e contribuir para a depressão. Além disso, a perda auditiva pode desencadear mudanças no cérebro que contribuem para a depressão.

Embora os responsáveis pelo estudo não tenham demonstrado se o tratamento da perda auditiva pode prevenir a depressão ou outros problemas de saúde, as pessoas ainda devem procurar ajuda para dificuldades de audição.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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