De 2017 a 2018, a prevalência de obesidade entre crianças e adolescentes de 2 a 19 anos nos Estados Unidos foi de 19,3%. Estudos anteriores sugeriram que o consumo de merenda escolar estava associado ao aumento da obesidade. No entanto, a “Lei de Crianças Saudáveis e Sem Fome de 2010” (Healthy, Hunger-Free Kids Act of 2010 – HHFKA) fortaleceu os padrões nutricionais das refeições escolares no país.
Nos Estados Unidos, o “Programa Nacional de Almoço Escolar” e o “Programa de Café da Manhã Escolar” fornecem refeições de baixo ou nenhum custo para mais de 30 milhões de crianças, fornecendo cerca de 50% da ingestão calórica dos alunos a cada dia escolar. A HHFKA, que se aplicava a cafés da manhã, almoços e lanches escolares vendidos em máquinas de venda automática e lojas, reforçou os padrões nutricionais para incluir mais grãos integrais, frutas, vegetais e laticínios com baixo teor de gordura e com menos sódio e gordura do que os requisitos anteriores. A HHFKA alinhou as refeições escolares com as Diretrizes Dietéticas para Americanos de 2010 e exigiu que os distritos escolares desenvolvessem políticas que incluíssem outras atividades escolares de bem-estar.
Diante das mudanças efetuadas pela lei, pesquisadores de diversas regiões do Estados Unidos conduziram um estudo cujo objetivo foi avaliar a associação entre a HHFKA e o índice de massa corporal (IMC) juvenil, respondendo à seguinte questão: a HHFKA, que determinou melhorias na qualidade nutricional das refeições e lanches escolares, foi associada a mudanças no IMC entre os jovens? O estudo Changes in Body Mass Index Among School-Aged Youths Following Implementation of the Healthy, Hunger-Free Kids Act of 2010 foi realizado em um período de quinze anos e publicado recentemente no periódico JAMA Pediatrics.
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Metodologia
Foi efetuado um estudo de coorte usando dados do programa Environmental Influences on Child Health Outcomes, um consórcio nacional de estudos de coorte infantil, entre janeiro de 2005 e março de 2020. Foram incluídas coortes de jovens de 5 a 18 anos de idade nos Estados Unidos com registros de medidas de peso e altura. Os participantes foram expostos à implementação completa do HHFKA.
Os principais desfechos foram as tendências anuais do z-score para o IMC (IMCz) antes (janeiro de 2005 a agosto de 2016) e depois (setembro de 2016 a março de 2020) da implementação do HHFKA, ajustado para raça autorreferida, etnia, educação materna, e grupo de coorte.
Resultados
Foram incluídos 14.121 jovens em idade escolar, contribuindo com 26.205 medições de IMC. Destes, 7.237 (51,3%) eram do sexo masculino. A idade média na primeira medição foi de 8,8.
No geral, os pesquisadores notaram uma diminuição significativa no IMCz anual no período após a implementação da HHFKA em comparação com o período anterior à implementação (-0,041; intervalo de confiança de 95% [IC95%] -0,066 a -0,016). Nos modelos de interação para avaliar associações de subgrupos, tendências semelhantes foram observadas entre jovens de 12 a 18 anos (−0,045; IC 95% −0,071 a −0,018) e entre jovens que vivem em domicílios com menor renda anual (−0,038; IC 95% −0,063 a −0,013).
Em suma, houve uma diminuição significativa na mudança anual no escore z do IMC no período após a implementação da HHFKA em comparação com o período anterior à implementação.
Conclusão
Os resultados desse relevante estudo sugerem que a implementação da HHFKA foi associada a uma redução do IMC dos jovens. Dessa forma, sugerem que podem ser necessárias políticas adicionais para melhorar a qualidade das refeições escolares.
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Comentários
Estudo de extrema relevância mostrando o qual importante é a qualidade da merenda escolar na saúde de crianças e adolescentes. No entanto, em 2020, o Departamento de Agricultura e o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (United States Department of Agriculture and the Department of Health and Human Services) divulgaram novas diretrizes alimentares. Acredito que esse estudo deva servir de incentivo aos programas de merenda escolar em território americano para se adequar a essas novas recomendações.
4 abr. 2024 
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