Qual a conduta do enfermeiro no afogamento em pediatria?

O afogamento é definido como asfixia decorrente da entrada de água nas vias aéreas devido à imersão ou submersão.

O afogamento é definido como asfixia decorrente da entrada de água nas vias aéreas devido à imersão ou submersão. Sua fisiopatologia varia de acordo com o tempo de submersão e quantidade de líquido aspirado. A aspiração de líquido provoca laringospasmo e alteração da troca gasosa alveolar, levando à hipoxemia. A hipoxemia acarreta alterações no equilíbrio ácido-base.

Veja também: Obstrução de vias aéreas por corpo estranho (OVACE) em pediatria

afogamento: mãos para cima de homem afogado no mar

Sinais e sintomas

  1. Dispneia;
  2. Taquipneia;
  3. Bradipneia;
  4. Cianose;
  5. Espuma em cavidade oral ou nasal;
  6. Hipotermia;
  7. Tremores;
  8. Cefaleia;
  9. Náuseas;
  10. Vômitos;
  11. Cansaço;
  12. Dor muscular;
  13. Alteração do nível de consciência;
  14. Apneia;
  15. Bradicardia.

O que o enfermeiro precisa saber na fase de coleta de dados?

Buscar saber sobre a cinemática do evento (com a finalidade de investigar a possibilidade de trauma associado ou não) e o tempo aproximado de imersão/submersão.

No exame físico, deve-se fazer o exame físico geral, focando principalmente no exame físico cardiovascular e pulmonar: avaliar a frequência respiratória e os sinais de esforço; a presença de cianose; a amplitude dos pulsos centrais e periféricos; a pressão arterial; e saturação de oxigênio.

Na ausculta pulmonar, é possível auscultar estertores. Já na ausculta cardíaca, pode ser possível identificar B3, sopros e arritmias.

É importante classificar o grau de gravidade do afogamento para auxiliar na tomada de decisão da conduta:

  • Grau 1: nível de consciência preservado, ausculta pulmonar normal e presença de tosse;
  • Grau 2: nível de consciência preservado, ausculta pulmonar com estertores (intensidade de leve até moderada) presentes em algumas áreas dos pulmões e hipóxia;
  • Grau 3: nível de consciência preservado, sinais de edema agudo de pulmão e/ou insuficiência respiratória, ausculta respiratória com presença de estertores em todo o pulmão e hipóxia;
  • Grau 4: nível de consciência de preservado a agitado, sinais de edema agudo de pulmão e/ou insuficiência respiratória, presença de espirros, tosse reflexa ou choro e hipóxia;
  • Grau 5: inconsciente, em apneia;
  • Grau 6: inconsciente, em parada cardiorrespiratória.
  • Grau 7: cadáver

Quais as condutas a serem tomadas?

A orientação geral é de imobilizar apenas pacientes com suspeita de politrauma. O atendimento deve ser realizado de acordo com o grau de gravidade clínica:

  • Grau 1: observação hospitalar nas primeiras 24 horas (mesmo que assintomático) e aquecimento;
  • Grau 2: oxigenoterapia de baixo fluxo, observação hospitalar por 48 horas e aquecimento;
  • Grau 3: oxigenoterapia de alto fluxo ou via aérea avançada, tratamento inicial de edema agudo de pulmão, aquecimento e internação em unidade de terapia intensiva;
  • Grau 4: oxigenoterapia de alto fluxo ou via aérea avançada, aquecimento, reposição volêmica, avaliar necessidade de diurético ou drogas vasoativas. Transportar para unidade de terapia intensiva;
  • Grau 5: realizar ventilação por pressão positiva até recuperar respiração espontânea e depois tratar como grau 4;
  • Grau 6: realizar suporte básico e avançado de vida.

Saiba mais: Qual a conduta do enfermeiro no afogamento em pediatria? – PEBMED

Como prevenir?

  • Respeitar sinalização de correnteza;
  • Evitar ingerir bebidas alcoólicas antes de entrar no mar ou em piscinas fundas;
  • Sempre cobrir as piscinas presentes nas casas e instalar barreiras físicas nos acessos;
  • Nunca permitir o acesso de crianças a piscinas e praias (mesmo que rasas e com boias) sem acompanhantes;
  • Ao tentar salvar uma pessoa afogada, oferecer uma tampa de isopor, boias, madeiras, pranchas, garrafas pet vazias e fechadas ou outros objetos que flutuem. Nunca ofertar a mão, visto o risco de se tornar a próxima vítima de afogamento.

Referências bibliográficas:

  • Ministério da Saúde (BR). Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Protocolos de suporte básico de vida. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_suporte_basico_vida.pdf
  • Ministério da Saúde (BR). Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Protocolos de suporte avançado de vida. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_suporte_avancado_vida.pdf
  • American Heart Association Guidelines Update for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. Part 5: Adult Basic Life Support and Cardiopulmonary Resuscitation Quality. 2015.
  • Schmidt A, Szpilman D, Berg I et al. A call for the proper action on drowning resuscitation. Resuscitation. 2016;105:e9-e10. doi: 10.1016/j.resuscitation.2016.04.019
  • Szpilman D. Afogamento. Rev Bras Med Esporte. 2000;6(4):131-44.
  • Szpilman D, et al. Drowning. New England journal of medicine. 2021;366(22):2102-2110. doi10.1056/NEJMra1013317
  • Szpilman D, et al. Manual de emergências aquáticas. Editora Revinter, 2013.

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