Paciente do sexo feminino, 9 anos, se queixa de incontinência urinária diurna e noturna desde que nasceu. Vamos testar conhecimentos com o Quiz PEBMed!
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Quiz PEBMed
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1. Pergunta
Quiz: paciente de nove anos com incontinência urinária diurna e noturna desde o nascimento; qual é o diagnóstico?
Introdução do caso:
Paciente do sexo feminino, 9 anos, comparece ao Centro de Saúde com exame (Imagem 1) solicitado em investigação iniciada há cerca de dois anos, diante de queixa de incontinência urinária diurna e noturna. Embora possua continência fecal, nunca adquiriu continência urinária plena. Refere constipação intestinal crônica. A paciente apresenta marcha normal, discreta escoliose e não há alterações dermatológicas sacrais, disúria, dor suprapúbica ou alterações do hábito urinário.
Pergunta:Diante do caso clínico e da imagem obtida, qual é o diagnóstico mais provável?
Correto
Resposta com explicação: Disrafismo espinal oculto
Os defeitos de fechamento do tubo neural (espinha bífida) (Figura 1) variam desde o disrafismo espinal oculto, até os quadros abertos ou císticos: mielomeningocele e a meningocele. O disrafismo espinal ocultoocorre quando há falha na fusão óssea na coluna vertebral. Em alguns casos, manifesta-se clinicamente nos primeiros anos de vida por pelos, hiperpigmentação ou um pequeno orifício na região sacral. Em outras situações, pode não haver alterações macroscópicas e o diagnóstico é feito tardiamente diante de alterações neurológicas, ortopédicas ou urológicas na infância.
Já o disrafismo espinal aberto está presente nos casos em que há má-formação óssea da coluna vertebral, associada à protrusão de uma vesícula contendo segmentos meníngeos (meningocele) e/ou medulares (mielomeningocele). Pode ser visualizada pela ultrassonografia (US) obstétrica na vida intrauterina ou no dorso da criança ao nascimento.
Existe ainda a possibilidade da espinha bífida se associar a infecção urinária de repetição, especialmente quando o paciente apresenta bexiga neurogênica ou refluxo vesicoureteral. Neste relato, entretanto, não havia sintomas de disúria, dor suprapúbica ou alterações urinárias agudas, o que torna tal diagnóstico menos provável.
A siringomielia, por sua vez,é a formação de uma cavidade no interior da medula espinhal e caracteriza-se por perda progressiva das sensibilidades tátil e dolorosa, fraqueza, atrofia e hiporreflexia, em especial nos membros superiores. A ressonância magnética (RM) é o método de escolha para diagnóstico. Na radiografia pode-se observar alargamento do canal medular.
A etiologia dos defeitos de fechamento do tubo neural não é bem definida, mas acredita-se no envolvimento de fatores genéticos e associação com deficiência materna de folato. Por esse motivo, indica-se a profilaxia três meses antes da concepção e no primeiro trimestre de gestação. Outros fatores de risco maternos incluem diabetes pré-gestacional, obesidade e uso de medicamentos que interferem no metabolismo do folato (i.g. valproato, carbamazepina e metotrexato).
Os defeitos menores são, em sua maioria, assintomáticos. Nesses casos, o diagnóstico é feito diante de manifestações neurológicas tardias, como paralisia e parestesia da musculatura inervada por raízes nervosas abaixo do local da lesão, incontinência fecal e urinária. Em casos raros, pode cursar com hidrocefalia.
O diagnóstico, sobretudo dos casos de disrafismo espinal aberto, usualmente é feito durante a triagem pré-natal por meio da US (Imagem 2) e dosagem de alfafetoproteína materna. Quando há suspeição diagnóstica no período pós-natal – devido a lesões cutâneas, alterações motoras ou esfincterianas – deve-se solicitar radiografia de coluna lombossacra, com preparo intestinal (para melhor visualização das estruturas ósseas).
A complementação diagnóstica dos disrafismos espinhais é realizada por meio de RM da coluna vertebral (Imagem 3). Apesar dessa ser a sequência propedêutica mais adequada, a paciente em questão foi submetida a uma tomografia computadorizada (TC) (Imagem 4).
Alterações no trato urinário estão frequentemente associadas aos defeitos de fechamento e devem ser investigadas por meio de US dos rins e do trato urinário, bem como por urinálise, urocultura e dosagem de ureia e creatinina. Se necessário, urodinâmica e uretrocistografia miccional também podem ser solicitadas.
O tratamento, em geral, consiste na correção cirúrgica da lesão em casos selecionados, implante de derivação ventricular quando a hidrocefalia está presente e abordagem das complicações ortopédicas e urológicas. Avanços recentes no diagnóstico pré-natal e em técnicas cirúrgicas já viabilizam abordagens intrauterinas.
Atalar MH, Salk I, Egilmez H. Classical Signs and Appearances in Pediatric Neuroradiology: A Pictorial Review. Pol J Radiol, 2014; 79: 479-489.
Incorreto
Resposta com explicação: Disrafismo espinal oculto
Os defeitos de fechamento do tubo neural (espinha bífida) (Figura 1) variam desde o disrafismo espinal oculto, até os quadros abertos ou císticos: mielomeningocele e a meningocele. O disrafismo espinal ocultoocorre quando há falha na fusão óssea na coluna vertebral. Em alguns casos, manifesta-se clinicamente nos primeiros anos de vida por pelos, hiperpigmentação ou um pequeno orifício na região sacral. Em outras situações, pode não haver alterações macroscópicas e o diagnóstico é feito tardiamente diante de alterações neurológicas, ortopédicas ou urológicas na infância.
Já o disrafismo espinal aberto está presente nos casos em que há má-formação óssea da coluna vertebral, associada à protrusão de uma vesícula contendo segmentos meníngeos (meningocele) e/ou medulares (mielomeningocele). Pode ser visualizada pela ultrassonografia (US) obstétrica na vida intrauterina ou no dorso da criança ao nascimento.
Existe ainda a possibilidade da espinha bífida se associar a infecção urinária de repetição, especialmente quando o paciente apresenta bexiga neurogênica ou refluxo vesicoureteral. Neste relato, entretanto, não havia sintomas de disúria, dor suprapúbica ou alterações urinárias agudas, o que torna tal diagnóstico menos provável.
A siringomielia, por sua vez,é a formação de uma cavidade no interior da medula espinhal e caracteriza-se por perda progressiva das sensibilidades tátil e dolorosa, fraqueza, atrofia e hiporreflexia, em especial nos membros superiores. A ressonância magnética (RM) é o método de escolha para diagnóstico. Na radiografia pode-se observar alargamento do canal medular.
A etiologia dos defeitos de fechamento do tubo neural não é bem definida, mas acredita-se no envolvimento de fatores genéticos e associação com deficiência materna de folato. Por esse motivo, indica-se a profilaxia três meses antes da concepção e no primeiro trimestre de gestação. Outros fatores de risco maternos incluem diabetes pré-gestacional, obesidade e uso de medicamentos que interferem no metabolismo do folato (i.g. valproato, carbamazepina e metotrexato).
Os defeitos menores são, em sua maioria, assintomáticos. Nesses casos, o diagnóstico é feito diante de manifestações neurológicas tardias, como paralisia e parestesia da musculatura inervada por raízes nervosas abaixo do local da lesão, incontinência fecal e urinária. Em casos raros, pode cursar com hidrocefalia.
O diagnóstico, sobretudo dos casos de disrafismo espinal aberto, usualmente é feito durante a triagem pré-natal por meio da US (Imagem 2) e dosagem de alfafetoproteína materna. Quando há suspeição diagnóstica no período pós-natal – devido a lesões cutâneas, alterações motoras ou esfincterianas – deve-se solicitar radiografia de coluna lombossacra, com preparo intestinal (para melhor visualização das estruturas ósseas).
A complementação diagnóstica dos disrafismos espinhais é realizada por meio de RM da coluna vertebral (Imagem 3). Apesar dessa ser a sequência propedêutica mais adequada, a paciente em questão foi submetida a uma tomografia computadorizada (TC) (Imagem 4).
Alterações no trato urinário estão frequentemente associadas aos defeitos de fechamento e devem ser investigadas por meio de US dos rins e do trato urinário, bem como por urinálise, urocultura e dosagem de ureia e creatinina. Se necessário, urodinâmica e uretrocistografia miccional também podem ser solicitadas.
O tratamento, em geral, consiste na correção cirúrgica da lesão em casos selecionados, implante de derivação ventricular quando a hidrocefalia está presente e abordagem das complicações ortopédicas e urológicas. Avanços recentes no diagnóstico pré-natal e em técnicas cirúrgicas já viabilizam abordagens intrauterinas.
A respeito do acompanhamento desta paciente e de outros casos de abortamento provocado, qual das alternativas a seguir você deve considerar como sendo mais adequada? Clique no banner abaixo e responda no nosso fórum.