Paciente de 45 anos é trazido ao pronto-socorro pela irmã. Apresenta-se letárgico e edemaciado. A irmã informa que ele é diabético, hipertenso e doente renal crônico, tendo faltado à última sessão de hemodiálise há 48 horas. O doente é submetido a sessões regulares de hemodiálise há dois anos e faz uso de poliestirenossulfonato de cálcio, dentre outras medicações regulares.
Ao exame físico, o paciente apresenta-se edemaciado (em membros inferiores) e taquicárdico (FC: 107 bpm), sem outras alterações dignas de nota. Foram solicitados eletrólitos, função renal, gasometria arterial e eletrocardiograma (ECG).
Teste seus conhecimentos sobre o caso apresentado acima. Responda nosso Quiz PEBMED:
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Quiz 217
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Pergunta 1 de 5
1. Pergunta
- Quais alterações chamam a atenção no ECG deste paciente:
Correto
Trata-se de paciente com doença renal crônica que faltou à última sessão de hemodiálise e apresenta bradicardia e alterações eletrocardiográficas típicas: a presença de onda T apiculada fala a favor de hipercalemia. A insuficiência renal grave na maioria das vezes cursa com hipercalemia e frente a este quadro clínico, esta deve ser uma alteração esperada.
Incorreto
Trata-se de paciente com doença renal crônica que faltou à última sessão de hemodiálise e apresenta bradicardia e alterações eletrocardiográficas típicas: a presença de onda T apiculada fala a favor de hipercalemia. A insuficiência renal grave na maioria das vezes cursa com hipercalemia e frente a este quadro clínico, esta deve ser uma alteração esperada.
-
Pergunta 2 de 5
2. Pergunta
A análise bioquímica demorará cerca de uma hora para ser realizada. Frente às alterações eletrocardiográficas e quadro clínico do paciente, qual a conduta imediata mais adequada:
Correto
Mesmo com a demora do resultado dos exames laboratoriais, as alterações eletrocardiográficas e o quadro clínico fazem da hipercalemia a hipótese diagnóstica mais provável. Considerando a potencial gravidade da hipercalemia (risco de taquiarritmias ventriculares malignas), deve-se instituir medidas para a estabilização imediata da membrana cardíaca (infusão endovenosa de um sal de cálcio). Entretanto, o gluconato de cálcio não reduz os níveis séricos de potássio, necessitando de medidas adjuvantes para redução da calemia, como nebulização com Salbutamol, que pode ser realizada imediatamente. Por fim, a medida mais importante para o tratamento deste paciente é a realização de hemodiálise.
Incorreto
Mesmo com a demora do resultado dos exames laboratoriais, as alterações eletrocardiográficas e o quadro clínico fazem da hipercalemia a hipótese diagnóstica mais provável. Considerando a potencial gravidade da hipercalemia (risco de taquiarritmias ventriculares malignas), deve-se instituir medidas para a estabilização imediata da membrana cardíaca (infusão endovenosa de um sal de cálcio). Entretanto, o gluconato de cálcio não reduz os níveis séricos de potássio, necessitando de medidas adjuvantes para redução da calemia, como nebulização com Salbutamol, que pode ser realizada imediatamente. Por fim, a medida mais importante para o tratamento deste paciente é a realização de hemodiálise.
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Pergunta 3 de 5
3. Pergunta
O resultado da gasometria arterial encontra-se disponível. Apesar de questionável em pacientes com doença renal crônica, qual destes parâmetros é indicativo do uso de bicarbonato de sódio no tratamento da hipercalemia:
Correto
A administração endovenosa de bicarbonato de sódio (bolus de 50 mEq ou 1 mEq/kg de solução a 8,4%) teria mecanismo de ação semelhante aos β-agonistas e à glicoinsulina, levando potássio do extra- para o intracelular, embora esse mecanismo de ação não seja comprovado. Alguns estudos demonstram que o uso do bicarbonato para redução dos níveis séricos de potássio é variável, inconsistente e lento. Seu uso só é recomendado em pacientes com hipercalemia e acidose (pH < 7,2). Aventa-se a hipótese de que os efeitos desta droga sobre a calemia seriam minimizados em pacientes com doença renal crônica (dialítica ou não dialítica). O efeito maior sobre os níveis séricos de potássio é atingido em 5-10 minutos e pode durar 1-2 horas.
Incorreto
A administração endovenosa de bicarbonato de sódio (bolus de 50 mEq ou 1 mEq/kg de solução a 8,4%) teria mecanismo de ação semelhante aos β-agonistas e à glicoinsulina, levando potássio do extra- para o intracelular, embora esse mecanismo de ação não seja comprovado. Alguns estudos demonstram que o uso do bicarbonato para redução dos níveis séricos de potássio é variável, inconsistente e lento. Seu uso só é recomendado em pacientes com hipercalemia e acidose (pH < 7,2). Aventa-se a hipótese de que os efeitos desta droga sobre a calemia seriam minimizados em pacientes com doença renal crônica (dialítica ou não dialítica). O efeito maior sobre os níveis séricos de potássio é atingido em 5-10 minutos e pode durar 1-2 horas.
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Pergunta 4 de 5
4. Pergunta
Sobre o mecanismo de ação do poliestirenossulfonato de cálcio:
Correto
O poliestirenossulfonato de cálcio é classificado como um polímero de troca catiônica, que troca o cálcio pelo potássio. Essa resina se liga ao potássio fazendo com que este seja excretado pelas fezes, sendo utilizada no tratamento da hipercalemia tanto aguda como crônica.
A melhor eficácia do poliestirenossulfonato de cálcio é no intestino grosso, devido ao pH aumentado, sendo que esta droga pode ser administrada por via oral ou retal (na forma de enema, embora essa via se demonstre menos eficaz que a oral e com mais possibilidades de complicações – necrose colônica e impactação fecal grave, principalmente quando associado ao sorbitol).
Incorreto
O poliestirenossulfonato de cálcio é classificado como um polímero de troca catiônica, que troca o cálcio pelo potássio. Essa resina se liga ao potássio fazendo com que este seja excretado pelas fezes, sendo utilizada no tratamento da hipercalemia tanto aguda como crônica.
A melhor eficácia do poliestirenossulfonato de cálcio é no intestino grosso, devido ao pH aumentado, sendo que esta droga pode ser administrada por via oral ou retal (na forma de enema, embora essa via se demonstre menos eficaz que a oral e com mais possibilidades de complicações – necrose colônica e impactação fecal grave, principalmente quando associado ao sorbitol).
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Pergunta 5 de 5
5. Pergunta
Sabendo que o paciente do quadro clínico em questão pesa 80 kg e apresenta diurese residual com volume urinário satisfatório, opta-se pelo “teste de estresse com furosemida”. O paciente recebe então furosemida 80 mg por via endovenosa em bolus. Como classificar esse paciente como não respondedor ao teste de estresse pela furosemida:
Correto
Os diuréticos de alça inibem o cotransportador Na+/K+/2Cl-, o que promove o estímulo à natriurese e caliurese, eliminando o excesso de potássio através da excreção renal. Entretanto, esses efeitos caliuréticos e natriuréticos são, de certa forma, imprevisíveis em pacientes com lesão renal aguda ou Insuficiência cardíaca.
Estes pacientes podem ser resistentes ao efeito dos diuréticos, o que impediria o tratamento da hipercalemia grave. Desta forma, foi proposto um “teste de estresse com furosemida”, onde o paciente recebe uma dose de 1,0-1,5 mg/kg EV em bolus de furosemida e é determinado como não respondedor à diureticoterapia caso seu débito urinário seja menor do que 200 mL nas primeiras duas horas após a medicação.
Nos pacientes não respondedores, outras estratégias para controle dos níveis séricos de potássio devem ser empreendidas imediatamente. A dose de furosemida para pacientes com função renal adequada é definida entre 0,2-0,4 mg/kg e deve ser considerada apenas em pacientes com sobrecarga de volume após a exclusão de baixo volume intravascular e diurese satisfatória a fim de se evitar hipovolemia iatrogênica e consequente lesão renal.
Incorreto
Os diuréticos de alça inibem o cotransportador Na+/K+/2Cl-, o que promove o estímulo à natriurese e caliurese, eliminando o excesso de potássio através da excreção renal. Entretanto, esses efeitos caliuréticos e natriuréticos são, de certa forma, imprevisíveis em pacientes com lesão renal aguda ou Insuficiência cardíaca.
Estes pacientes podem ser resistentes ao efeito dos diuréticos, o que impediria o tratamento da hipercalemia grave. Desta forma, foi proposto um “teste de estresse com furosemida”, onde o paciente recebe uma dose de 1,0-1,5 mg/kg EV em bolus de furosemida e é determinado como não respondedor à diureticoterapia caso seu débito urinário seja menor do que 200 mL nas primeiras duas horas após a medicação.
Nos pacientes não respondedores, outras estratégias para controle dos níveis séricos de potássio devem ser empreendidas imediatamente. A dose de furosemida para pacientes com função renal adequada é definida entre 0,2-0,4 mg/kg e deve ser considerada apenas em pacientes com sobrecarga de volume após a exclusão de baixo volume intravascular e diurese satisfatória a fim de se evitar hipovolemia iatrogênica e consequente lesão renal.
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Referências:
- Wooten JM, Kupferman FE, Kupferman JC. A Brief Review of the Pharmacology of Hyperkalemia: Causes and Treatment. South Med J. 2019; 112 (4): 228-233.
- Dépret F, Peacock WF, Liu KD, Rafique Z, Rossignol P, Legrand M. Management of hyperkalemia in the acutely ill patient. Ann. Intensive Care. 2019; 9:32.
Esta com taquicardia .