Reforço de vacina de covid-19 e risco de morte em pessoas com comorbidades

Um estudo avaliou a efetividade da dose de reforço de mRNA e vacinas inativadas em diminuir o risco de morte em pessoas com comorbidades.

Indivíduos com múltiplas comorbidades apresentam maior risco de desenvolvimento de doença grave por SARS-CoV-2. Ao longo da pandemia, a vacinação mostrou-se uma estratégia efetiva para o controle e para a proteção contra a doença. Com o surgimento de novas variantes, além das duas doses iniciais, doses de reforço passaram a ser recomendadas. 

Estudos têm demonstrado a efetividade do reforço de vacinas contra covid-19 na população geral, mas trabalhos com populações com diversas comorbidades são relativamente escassos. Baseado nisso, um estudo conduzido em Hong Kong procurou avaliar a efetividade de dose de reforço com vacinas de mRNA e vacinas inativadas em diminuir o risco de morte em pessoas com múltiplas comorbidades.

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Materiais e métodos 

Indivíduos que foram vacinados contra covid-19 e que apresentavam múltiplas comorbidades foram identificados em registros de dados nacionais. Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo para comparar o risco de morte relacionada a covid-19 em adultos que receberam uma dose de reforço homóloga à sua vacinação em relação a adultos que receberam somente duas doses. 

Os autores identificaram pessoas com 18 anos ou mais e com diagnóstico de pelo menos 2 condições crônicas e que tenham recebido uma dose de reforço entre novembro de 2021 e março de 2022 com a mesma plataforma das primeiras doses iniciais: BNT162b2 (equivalente à vacina da Pfizer) ou Coronavac. Ambas as vacinas estavam disponíveis de forma gratuita para a população de Hong Kong. Cada caso foi pareado por sexo e idade com dois controles também com duas ou mais comorbidades e que tenham recebido somente duas doses de uma das vacinas. 

Morte relacionada a covid-19 foi definida como morte que não tenha sido causada por envenenamento ou traumatismo e com um teste de PCR positivo para SARS-CoV-2 nos 28 dias anteriores à data do óbito. 

Resultados 

Após análise dos dados iniciais, foram incluídos 120.724 indivíduos que receberam BNT162b2, dos quais 87.289 receberam dose de reforço, e 127.318 indivíduos que receberam Coronavac, incluindo 94.977 que receberam dose de reforço. A mediana de seguimento foi de 34 e 38 dias, respectivamente. 

O grupo que recebeu dose de reforço apresentava indivíduos ligeiramente mais velhos do que os do grupo dos que receberam somente duas doses. As comorbidades mais prevalentes em todos os grupos foram: hipertensão arterial (> 80%), diabetes (> 60%), constipação grave (> 10%), doença renal crônica (aproximadamente 10%) e dor crônica (aproximadamente 10%). 

A incidência cumulativa de mortes relacionadas à covid-19 durante o período de seguimento foi maior no grupo dos vacinados com duas doses em comparação com o grupo que recebeu dose de reforço. A taxa de mortalidade foi maior entre os indivíduos que receberam Coronavac do que entre os que foram vacinados com BNT162b2. 

A administração de uma dose de reforço esteve associada a uma redução de risco de morte relacionada à covid-19, com uma razão de taxa de incidência (IRR) de 0,05 (IC 95% = 0,02 – 0,16) entre os que receberam BNT162b2 e de 0,08 (IC 95% = 0,05 – 0,12) entre os que receberam Coronavac. Análises por subgrupos que incluíram somente os com mais de 60 anos mostraram resultados semelhantes: 0,06 (IC 95% = 0,02 – 0,16) para o grupo da BNT162b2 e 0,07 (IC 95% = 0,04 – 0,11) para o grupo da Coronavac. Na análise multivariada, idade não se mostrou uma interação importante com vacinação de nenhuma das plataformas. 

Em uma análise combinando as duas coortes, duas doses de BNT162b2 (IRR = 0,49; IC 95% = 0,31 – 0,78), dose de reforço com Coronavac (IRR = 0,03; IC 95% = 0,01 – 0,08) e dose de reforço com BNT162b2 (IRR = 0,07; IC 95% = 0,04 – 0,11) apresentaram menor risco de morte por covid-19 quando comparados com duas doses de Coronavac. A incidência de infecção por SARS-CoV-2 também foi reduzida entre os que receberam dose de reforço em relação aos que receberam somente duas doses para ambas as vacinas (IRR = 0,32; IC 95% = 0,30 – 0,34 para BNT162b2 e IRR = 0,31; IC 95% = 0,29 – 0,33 para Coronavac). 

Leia também: OMS decide manter covid-19 como emergência global em saúde pública

Mensagens práticas 

A administração de dose de reforço – com BNT162b2 ou Coronavac – em pessoas com múltiplas comorbidades esteve associada a uma redução no risco de morte relacionada à covid-19 e é recomendada.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Lai FTT, Yan VKC, Ye X, Ma T, Qin X, Chui CSL, Li X, Wan EYF, Wong CKH, Cheung CL, Li PH, Cheung BMY, Lau CS, Wong ICK, Chan EWY. Booster vaccination with inactivated whole-virus or mRNA vaccines and COVID-19-related deaths among people with multimorbidity: a cohort study. CMAJ. 2023 Jan 30;195(4):E143-E152. doi: 10.1503/cmaj.221068