A pneumonia adquirida na comunidade é um motivo frequente de internação hospitalar de idosos. Nos casos em que é detectado um patógeno responsável o mais comum é o Streptococcus pneumoniae, mas um artigo publicado na revista Respiratory Medicine Case Reports trouxe um relato de um caso de um homem que desenvolveu pneumonia grave a partir de Pasteurella multocida.
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Resumo do caso de pneumonia por Pasteurella multocida
A Pasteurella multocida é uma bactéria zoonótica anaeróbia facultativa Gram-negativa, raramente relacionada a infecções em humanos ela costuma estar presente no trato digestivo de animais domésticos (estima-se que em mais de 50% dos cães e gatos no mundo).
A infecção em humanos normalmente ocorre na pele, através de arranhões ou mordidas, a infecção do trato respiratório é a segunda mais comum podendo causar otite, sinusite, empiema e a pneumonia, mas os dados de incidência são desconhecidos, a maioria dos casos sem gravidade é tratado sem suspeitas.
São considerados como fatores de risco para gravidade: idade avançada, imunossupressão, cirrose e doença pulmonar obstrutiva crônica por tabagismo.
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O paciente no caso relatado tinha 71 anos, histórico de fumante, mas havia parado há 10 anos, e estava em tratamento para diabetes tipo 2, hipertensão arterial e doença pulmonar obstrutiva crônica. Embora possuísse um cachorro de estimação, não foram relatadas mordidas nem arranhões e nenhum evento relevante ou viagem.
O paciente permaneceu internado por 25 dias, durante os quais foi identificada a pneumonia adquirida na comunidade causada por Pasteurella multocida. Durante a internação o paciente teve complicações como função renal prejudicada e choque séptico. Depois da alta o paciente teve que receber tratamento com oxigênio em casa, mas apresentou uma boa melhora no seguimento de seis meses.
Comentários
Para os autores do artigo, a fim de minimizar o risco de transmissão de zoonoses, pacientes com comorbidades ou imunossuprimidos são fortemente desencorajados a ter animais de estimação.
Contudo, Vega e colaboradores, considerando o risco limitado e os benefícios físicos e mentais de ter um animal de estimação para muitos donos, acreditam que um aconselhamento moderado, focando na guarda contra comportamentos de risco (partilhar a cama, beijar, ser lambido pelos animais) seja uma abordagem melhor.