Revisão brasileira não indica benefício no uso de colar de âmbar em crianças

O uso do colar de âmbar em bebês ganhou as mídias sociais, mas não há evidências científicas do benefício, apenas dos riscos. Leia mais!

Uma revisão integrativa da literatura, recentemente publicada na Revista Paulista de Pediatria, abordou o uso de colar de âmbar por crianças em fase de dentição decídua. A prática, que tem se popularizado ao longo dos últimos anos, ganhou força com as mídias sociais. 

Há cerca de 11 anos, o colar de âmbar surgiu no mercado global como uma opção “natural” para o alívio de desconfortos localizados em crianças (como é o caso do nascimento dos primeiros dentes em bebês). As esferas de pedra de âmbar, utilizadas em formato de pulseiras, tornozeleiras ou colares, teoricamente liberariam ácido succínico através do contato e do calor.

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Dessa forma, ao ser absorvido pela pele, o ácido teria propriedades analgésicas e anti-inflamatórias no local do incômodo. Inclusive, os fabricantes aconselham que seu uso seja contínuo e prolongado para que sejam obtidos os resultados esperados com o produto.  

bebê acordando no berço

Revisão

Nessa recente revisão, Cota et al (2022) selecionaram cinco artigos que demonstram uma relevante escassez de dados científicos que suportem os benefícios relacionados ao uso do colar de âmbar. Por outro lado, as informações com relação aos possíveis riscos à saúde do bebê são, de fato, convergentes, e incluem estrangulamento, asfixia e deglutição das pedras. 

Os pesquisadores destacam que relevantes associações médicas, referências científicas em pediatria e odontologia, como a Associação Canadense dos Médicos da Emergência, a Associação Brasileira de Odontopedia, a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Academia Americana de Pediatria, orientam que os pais não coloquem as pedras de âmbar em seus filhos, em especial na forma de colares, três cordas, fitas ou correntes ao redor do pescoço das crianças. Inclusive, o Food and Drug Administration (FDA) contraindica esse hábito, tendo em vista relatórios de estrangulamentos e óbitos.

Por fim, alguns autores relatam que se, mesmo diante dessas informações, os responsáveis pela criança insistirem no uso do colar, a sua utilização deve ser supervisionada durante todo o tempo. Além disso, deve ser utilizado apenas durante o dia e retirado quando a criança for dormir.  

É fundamental que os profissionais de saúde que lidam com a população infantil orientem os pais e cuidadores da criança, desencorajando o uso de colar de âmbar em pacientes pediátricos, até que pesquisas clínicas bem delineadas estejam disponíveis. Até o momento, os riscos superam os benefícios e os benefícios ainda não são comprovados.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Cota ALS, Silva EAD, Freitas NBBS, et al. Use of the amber teething necklace by the child population: risks versus benefits. Rev Paul Pediatr. 2022;40:e2020412. Published 2022 May 27. doi:10.1590/1984-0462/2022/40/2020412IN