Risco de desenvolvimento de artrite reumatoide (AR) a partir do histórico familiar

Além do histórico familiar, o estudo também avaliou a relação do risco de artrite reumatoide com o tabagismo.

A etiopatogenia da artrite reumatoide (AR) é complexa e envolve diversos fatores. A predisposição genética possui um papel de destaque nesse processo, e várias associações entre a presença de alelos do HLA de classe II e o surgimento/pior prognóstico da doença já foram documentadas. O tabagismo também possui papel importante na fisiopatologia da AR, favorecendo a citrulinização de proteínas. Em um estudo recente, Kim et al. avaliaram a interação entre esses importantes fatores na fisiopatologia da doença. 

 

Métodos

Trata-se de um estudo observacional coreano, que analisou informações dos bancos de dados do National Health Insurance and Health Screening Program. Foram analisados dados de 5.524.403 indivíduos (1,7 milhões de famílias). Esse estudo foi conduzido de 01/01/2022 a 31/12/2018. Os pacientes eram acompanhados até desenvolver AR, morrer ou terminar o prazo final do estudo. 

Os casos de AR soropositiva foram definidos de acordo com: (1) presença de artropatia inflamatória com fator reumatoide (FR) ou anti-CCP (ACPA) positivos e (2) atender aos critérios de classificação ACR-EULAR 2010 ou ACR 1987). 

As variáveis de interesse mais relevantes foram a história familiar e tabagismo (ausente, ativo, fuma atualmente ou interrompeu o tabagismo há menos de cinco anos; ou prévio, que interrompeu o tabagismo há mais de cinco anos). 

 

Resultados

Ao longo do seguimento, 47.942 pacientes receberam o diagnóstico de AR soropositiva. 

Para a análise do impacto da história familiar, foram incluídos 76.605 sujeitos com história familiar positiva e 5.448.338 sem história familiar para AR soropositiva. Os autores encontraram que o risco de desenvolvimento de AR em sujeitos com história familiar de AR em parente de primeiro grau foi de RR 4,52 (IC95% 3,98-5,12). O risco familiar ajustado para fatores de estilo de vida se reduziu apenas de maneira mínima, sugerindo que fatores genéticos são os principais determinantes da agregação familiar da AR. 

Os autores também encontraram a associação entre o consumo de cigarro e o risco de desenvolvimento de AR, dado já conhecido na literatura. Os tabagistas pesados (acima de dez maços por ano) apresentaram risco aumentado, quando comparados com os moderados (menos de dez maços por ano). 

Na análise de interação, o risco associado ao efeito combinado da história familiar e tabagismo (excesso de risco relativo pela interação – RERI) foi maior do que a soma dos riscos individuais dessas variáveis, apesar de estatisticamente não significativo (RERI 1,30 IC95%  -0,92 a 3,51). O RERI foi maior para tabagistas pesados, quando comparado com os tabagistas moderados, sugerindo um efeito de dose resposta. 

 

Comentários

Os resultados deste estudo de base populacional com uma amostra imensa reforçam os dados previamente publicados de que a história familiar de parentes de primeiro grau com AR e tabagismo são importantes fatores de risco para o desenvolvimento da doença. 

Uma informação interessante é que os autores encontraram que a magnitude do risco aumenta de maneira sinérgica quando esses dois fatores estão presentes, excedendo a soma dos riscos individuais. Do ponto de vista clínico, isso pode ser um ponto de educação fundamental para pessoas que possuem familiares de primeiro grau com AR soropositiva: o tabagismo ativo pode amplificar esse risco, e a instituição precoce de estratégias para prevenção ou tratamento do tabagismo podem melhorar os desfechos relacionados à doença nesse subgrupo de pacientes. 

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Kim HY, Swan H, Kazmi SZ, et al. Familial risk of seropositive rheumatoid arthritis and interaction with smoking: a population-based cohort study. Rheumatology. 2023;doi:10.1093/rheumatology/kead048. 

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