Saiba como é a preservação da fertilidade em paciente com câncer

A infertilidade é uma das consequências do tratamento do câncer. Apesar disso, muito pouco se discute sobre o assunto com as pacientes.

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Embora o câncer seja cada vez mais prevalente no mundo, os avanços no tratamento possibilitaram o aumento das taxas de sobrevivência à doença. Isso fez com que se tornassem crescentes os esforços para minimizar a morbidade a longo prazo, melhorando assim a qualidade de vida das sobreviventes. Além disso, há também uma tendência de aumento da idade na primeira gestação, o que significa que muitas mulheres serão nulíparas no momento do diagnóstico de alguma doença oncológica no menacme.

A infertilidade é apontada como uma das consequências mais angustiantes do tratamento oncológico. Apesar disso, muito pouco se discute sobre este assunto com as pacientes, especialmente no que diz respeito a estratégias para preservação da fertilidade. Em um estudo retrospectivo, das 303 mulheres com idade igual ou inferior a 40 anos e câncer de mama, apenas 80 (26%) receberam orientação dos médicos assistentes; no entanto, mais de 90% das mulheres procuraram posteriormente endocrinologista ou especialista em fertilidade para buscar aconselhamento.

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Atualmente existem diversas técnicas disponíveis, que devem ser oferecidas a pacientes cujo tratamento do câncer provavelmente implicará na redução da fertilidade, que tenham proposta de tratamento curativo ou grande perspectiva de sobrevivência a longo prazo. A escolha deve ser individualizada, considerando a doença específica, o tipo de tratamento a ser adotado, idade da paciente, existência ou não de parceiro, custo e implicações a longo prazo.

A criopreservação de embriões e de oócitos é precedida da estimulação ovariana, que leva cerca de duas semanas. Esse tempo de preparo deve ser levado em consideração, a fim de não atrasar o início do tratamento do câncer. Existem protocolos para minimizar o risco de hiperestimulação e esquemas alternativos para pacientes com tumores sensíveis a estrogênio.

Os embriões derivam do oócito da paciente e do espermatozoide do parceiro (ou doador), e necessitam de consentimento do parceiro para uso. As taxas de sucesso da transferência de embriões congelados é semelhante a de embriões frescos. Para mulheres que não possuem parceiro ou que não desejam criopreservar embriões, a criopreservação de oócitos é uma opção, que também tem bons resultados.

Para pacientes no período pré-púbere, existe apenas uma opção, ainda experimental: a criopreservação de tecido ovariano. As vantagens desde procedimento são que a função ovariana pode ser restaurada, minimizando a necessidade de terapia de reposição hormonal, e é possível ter uma gestação natural com o reimplante próximo à tuba uterina. No entanto, é um procedimento mais invasivo, pois que é necessária remoção do tecido ovariano ou ooforectomia, em geral por laparoscopia, para posterior transplante. São necessários mais estudos para consolidação da técnica.

Mulheres que serão submetidas à radioterapia pélvica podem se beneficiar da transposição ovariana, ou seja, reposicionamento cirúrgico dos ovários para outro local da pelve que não será irradiado. O procedimento é realizado preferencialmente por laparoscopia e, preservando a função tubária, há a possibilidade de gravidez natural.

Pacientes que desejam gestar após tratamento oncológico devem ser orientadas que o risco de anomalias congênitas ou doença genética no feto não aumenta em função do tratamento. Além disso, não há evidência de aumento da recorrência do câncer como resultado da gestação na maioria dos tumores. Mulheres submetidas à radioterapia pélvica devem ser informadas das possíveis repercussões obstétricas, visto que há aumento do risco de abortamento, natimorto, parto pré-termo, baixo peso ao nascer, rotura uterina, acretismo e hemorragia pós-parto.

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Referências:

  • Ephia Yasmin, Neerujah Balachandren, Melanie C. Davies, Georgina L. Jones, Sheila Lane, Raj Mathur, Lisa Webber & Richard A. Anderson (2018) Fertility preservation for medical reasons in girls and women: British fertility society policy and practice guideline, Human Fertility, 21:1, 3-26

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