Semaglutida: Anvisa aprova primeira injeção semanal para tratar a obesidade

Um dos principais estudos que indicam como a caneta pode ser útil para pacientes com obesidade foi publicado em março de 2020.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, nesta segunda-feira (2), a primeira injeção semanal para tratar o sobrepeso e a obesidade. O Wegovy, ou semaglutida, com dose semanal de 2,4 mg, garantiu uma redução de até 16,9% do peso corporal nos pacientes avaliados. O medicamento é aplicado com a ajuda de uma “caneta”, um aplicador que injeta o medicamento ao ser pressionado contra a pele.  

O Wegovy tem o mesmo princípio ativo (a semaglutida) de outros remédios já aprovados no Brasil, como o Ozempic e o Rybelsus. No entanto, são indicadas para tratamentos diferentes. Confira!

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– O Wegovy é um medicamento injetável indicado para tratar exclusivamente a obesidade e o sobrepeso; 

– O Ozempic é um medicamento injetável indicado para tratar exclusivamente diabetes tipo 2;  

– O uso do Ozempic contra a obesidade é “off label”, ou seja, médicos reconhecem um benefício não previsto na bula e indicam uso porque o medicamento é seguro e traz benefício; 

– O Rybelsus é um medicamento de uso oral indicado para tratar exclusivamente diabetes tipo 2, e também é indicado “off label“. 

A semaglutida é um análogo ao hormônio GLP-1, que pode ser encontrada no intestino. Toda vez que uma pessoa se alimenta, o hormônio sinaliza para o cérebro que é hora de reduzir a fome, retardar o esvaziamento do estômago e aumentar a produção de insulina, que promove a absorção da glicose nas células.  

Vale ressaltar ainda o uso de medicamentos baseados na liraglutida contra a obesidade. O funcionamento é o mesmo da semaglutida, mas no caso de remédios baseados na liraglutida, a aplicação é diária. Já no caso dos baseados na semaglutida, a aplicação é semanal. 

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Sobre o estudo 

Um dos principais estudos que indicam como a caneta pode ser útil para pacientes com obesidade foi publicado em março de 2020, na revista científica The New England Journal of Medicine.⁣ 

O estudo realizado com 1.961 adultos obesos, dividido em três fases e comandado pela STEP, apontou que a dosagem foi capaz de garantir uma redução de 16,9% do peso corporal em mais de 100 participantes avaliados.  

Cerca de 70% dos pacientes perderam, pelo menos, 10% do peso, metade perdeu 15% e cerca de um terço dos participantes conseguiram uma redução de 20% do peso corporal. A redução de peso alcançada com o uso dessa substância é muito maior do que os resultados obtidos com qualquer outro fármaco para a obesidade.  

Para o presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Paulo Miranda, a aprovação é um marco importante no combate à obesidade. “A aprovação da semaglutida traz não só mais uma alternativa para o combate a esta doença, como chega como a medicação com melhores resultados já apresentados em estudos”, ressaltou.  

Outro dado importante apresentado pelo mesmo estudo foi que um em cada três pacientes perdeu 20% do peso corporal e 83,5% chegaram a uma redução de 5% ou mais, em comparação a 31,1% que utilizaram placebo. O medicamento demonstrou ainda melhora dos índices cardiometabólicos, como redução da circunferência abdominal, hemoglobina glicada, triglicérides e pressão arterial. “Tudo isso traz uma perspectiva muito interessante para o tratamento da obesidade no Brasil”, afirmou o presidente da SEBM. 

Paulo Miranda disse ainda que a terapia farmacológica deve ter como base mudanças de hábitos de vida e acompanhamento médico endocrinológico e de equipe multidisciplinar.  

“O objetivo é que todo o processo de tratamento e controle das comorbidades dos pacientes seja atendida, gerando ganhos de saúde e preservação, com melhoria global do estado geral do paciente e não apenas como a visão numérica de perda de peso ou mesmo estética”, alertou. 

Efeitos adversos 

O maior inconveniente médico são possíveis náuseas e efeitos gastrointestinais que parte dos pacientes apresenta no início do tratamento Outro fator importante é o custo, que é bastante alto e de difícil acesso à maioria da população.  

“Porém, esperamos que as doses mais altas tenham custo apenas levemente superior às doses já aprovadas para diabetes. De toda forma, mesmo que ainda seja uma medicação que poderá ser usada por uma parcela restrita da população quando for aprovada, é importante lembrar que o avanço tecnológico de termos melhores medicações hoje pode significar ainda melhores medicações no futuro, e redução dos custos com o passar dos anos, que impactará a todos”, frisou Bruno Halpern.  

Mais sobre a aprovação 

Com a liberação da Anvisa, o medicamento passará a ser indicado para pacientes que não obtiverem sucesso no tratamento da obesidade com dieta e exercícios físicos. Fabricado pelo laboratório farmacêutico Novo Nordisk, o Wegovy é uma versão do Ozempic mais potente e autorizada para o tratamento da obesidade. 

As diferenças estão na dosagem, que é 1,4 mg maior do que a do Ozempic e na sua eficácia para a manutenção dos resultados, já considerados superiores a outras drogas injetáveis disponíveis no mercado. 

O tratamento com a caneta de semaglutida (2,4 mg) já recebeu aval em países como Estados Unidos e Canadá, deve ser realizado com supervisão médica.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • https://www.in.gov.br/web/dou/-/resolucao-re-n-4.310-de-29-de-dezembro-de-2022-455452640
  • Remédios contra obesidade: veja diferença entre o novo Wegovy e Ozempic, que usam a semaglutida. G1. Disponível em: https://g1.globo.com/saude/noticia/2023/01/03/remedios-contra-obesidade-veja-diferenca-entre-o-novo-wegovy-e-ozempic-que-usam-a-semaglutida.ghtml
  • https://www.instagram.com/drbrunohalpern/

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