Sífilis congênita matou mais de 2,4 mil bebês em sete anos

Foram registrados 93.525 casos de sífilis congênita no Brasil entre os anos de 2011 e 2017, causando 2,4 mil óbitos.

A sífilis congênita (SC) pode dobrar o risco de mortalidade até os dois anos de idade, segundo um levantamento realizado pelos pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os resultados foram publicados na revista científica PLOS Medicine. 

Vale lembrar que a transmissão da mãe para o bebê pode ser evitada com um simples tratamento, além do rastreamento da sífilis durante a gestação ser considerado um procedimento simples dentro do pré-natal.  

Foram registrados 93.525 casos de sífilis congênita no Brasil entre os anos de 2011 e 2017, causando 2,4 mil óbitos, principalmente no primeiro ano de vida. Entre as crianças diagnosticadas, 17,3% nasceram prematuras, 17,2% com baixo peso e 13,1% eram pequenas para a idade gestacional. 

Saiba mais: Sífilis Congênita: pontos importantes no manejo

Sífilis congênita matou mais de 2,4 mil bebês em sete anos

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Subnotificação de óbitos 

Os cientistas alertam que o número de casos aumentou depois do período estudado, chegando a 27.019 apenas em 2021, de acordo com o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde (MS). Além disso, suspeita-se que possa estar ocorrendo subnotificação de óbitos.  

“Este estudo mostrou um aumento do risco de mortalidade entre crianças com sífilis congênita que vai além do primeiro ano de vida, com o aumento do risco não explicado inteiramente pela prematuridade e baixo peso ao nascer”, explicou a pesquisadora, Enny Paixão, associada ao Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia) e à London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM), que liderou a investigação, em entrevista ao portal da Fiocruz.  

Desigualdades e dificuldades no diagnóstico  

Entre os mais de 93 mil casos de sífilis congênita diagnosticados no período estudado, 65,59% receberam tratamento incompleto durante a gravidez, e quase 30% das mães não tiveram acesso a tratamento. 

Outro dado revelado pelos pesquisadores foi que a incidência da doença afeta diretamente a população mais vulnerável, com taxas mais altas entre filhos de mulheres jovens, pretas ou pardas e com poucos anos de escolaridade. Entre as mães que não receberam tratamento adequado, 44,84% frequentaram a escola por menos de sete anos, sendo 76% delas pretas ou pardas. 

É Importante pontuar também que a maioria dos bebês que nascem com sífilis congênita é assintomática ou apresenta sinais e sintomas inespecíficos.  

No universo pesquisado,10% das crianças apresentavam sintomas registrados, sendo os mais comuns a icterícia, o aumento do tamanho do fígado e a anemia. Outra dificuldade para o diagnóstico é que não existe teste laboratorial confiável para identificar os bebês assintomáticos no momento do nascimento. Sendo assim, os pequenos podem ficar sem acesso ao tratamento necessário para atenuar as consequências da infecção em sua saúde até o surgimento dos primeiros sinais.  

Leia também: Uso de substâncias entre mulheres com sífilis congênita durante a gestação

Metodologia aplicada  

O levantamento acompanhou dados de 20 milhões de crianças nascidas no país, através do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (Sinasc), do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan-Sífilis). O diferencial dessa pesquisa foi justamente o grande volume de dados analisados e o acompanhamento histórico, possibilitado pela integração de dados dos sistemas citados acima.  

“Outros estudos apenas mostram as principais causas de óbitos em crianças com sífilis congênita, mas sem um grupo de comparação e menos tempo de acompanhamento”, frisou Enny Paixão.  

As crianças com sífilis congênita foram divididas em duas categorias: sintomáticas ou assintomáticas. As taxas de mortalidade foram calculadas com a utilização de modelos estatísticos, sendo estimados os riscos de mortalidade de cada um dos grupos na seguinte maneira: crianças sem sífilis; com sífilis sintomática, com sífilis sem manifestação de sintomas, e as sintomáticas, que apresentaram risco de óbito mais elevado.   

Participaram da investigação pesquisadores do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (Isc/Ufba), do Instituto de Matemática e Estatística da Ufba, da London School of Hygiene and Tropical Medicine, do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), e da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). 

Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal PEBMED. 

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