Afinal, o que é a Síndrome de Irlen?

Muito se tem dito a respeito da Síndrome de Irlen, que representa uma novidade no meio médico e tem gerado grande polêmica entre os especialistas.

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A Síndrome de Irlen foi inicialmente descrita pela psicóloga Helen Irlen, em 1983 nos Estados Unidos, sendo caracterizada por alteração na percepção visual decorrente de uma baixa adaptabilidade à luz, apresentando, como consequência um dificuldade de leitura.

Tão raro quanto a ocorrência da doença é a disponibilidade de centros para o tratamento da mesma. No Brasil, temos apenas um serviço especializado e o mesmo fica em Belo Horizonte (MG), sendo este comandado pela Dra. Márcia Guimarães, especialista na síndrome.

A síndrome caracteriza-se por:

  1. Fotofobia
  2. Problemas de resolução espacial
  3. Alcance focal restrito
  4. Dificuldade em manter o foco visual
  5. Astenopia
  6. Problemas de estereopsia (visão em profundidade)

O quadro decorre da incapacidade de adaptação dos bastonetes retinianos à luz. É uma doença de transmissão familiar, havendo níveis intermediários de afecção.

Como diagnosticar e tratar?

O relato clássico que levanta a suspeita do quadro é a dificuldade de leitura, frequentemente caracterizada com lacrimejamento, necessidade de esfregar os olhos, interromper frequentemente a leitura e se cansar ou mesmo desistir do hábito. Devido a esse fato, um diagnóstico diferencial importante deve ser feito com dislexia, e, dada a alta prevalência estimada da condição (cerca de 12-14% da população segundo a especialista Márcia Guimarães), podemos considerar que muitos dos casos são erroneamente diagnosticados como dislexia.

O diagnóstico e o tratamento são realizados a partir de uma tentativa de neutralização das distorções visuais pela interposição de telas transparente coloridas. Durante o processo de leitura, o paciente escolhe a transparência colorida de maior conforto visual.

A existência deste quadro, no entanto, tem sido questionada por outros especialistas, que se fazem valer de argumentos como a falta de estudos comprobatórios ou a falta de reconhecimento por entidades médicas da existência de tal problema. No Brasil, o Conselho Federal de Medicina já divulgou em nota que a síndrome de Irlen é questão controversa e ainda não fundamentada. Tratando-se de questão controversa, novos estudos devem ser realizados para a devida caracterização, ou não, da suposta doença.

Eduardo Cardoso de Moura – Médico pela UFF, Residência médica em Clínica Médica pela UFRJ

Eduardo Moura

 

 

 

 

 

 

 

Referências bibliográficas:

  • Irlen H. The Irlen Revolution. New York, Square One Publishers, 2010
  • Irlen H. Reading by the colors. New York, The Berkley Publishing Group, 1991
  • Guimarães MR, Guimarães JR, Guimarães R et all. Selective spectral fiulters in the treatment of visually induced headaches and migraines: a clinical study of 93 patients. T 29. Headche Medicine, 1 (2): 72, 2010.

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