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No Reino Unido, até 100 crianças estão sendo hospitalizadas semanalmente por síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P), que pode surgir semanas depois da infecção pelo vírus SARS-CoV-2¹.
Inicialmente, quando a SIM-P surgiu na primeira onda da pandemia, pensava-se que era doença de Kawasaki. Todavia a SIM-P foi reconhecida como uma nova síndrome pós-viral, acometendo uma em cada 5.000 crianças, aproximadamente um mês após ter tido Covid-19, independentemente de ter ou não apresentado sintomas.
Síndrome multissistêmica
Embora os especialistas não acreditem que a frequência da doença tenha aumentado em relação aos casos na comunidade em geral, os números são maiores do que na primeira onda, com hospitais admitindo até 100 jovens por semana durante a segunda onda, em comparação com cerca de 30 por semana no mês de abril/2020. Segundo reportagem publicada no jornal The Guardian, acredita-se que entre 12 e 15 crianças todos os dias tenham adoecido desde o início de janeiro.
Surgiram casos em muitos lugares, mas a maioria ocorreu em Londres e no sudeste da Inglaterra, áreas onde a nova variante Kent causou um aumento acentuado nas infecções. Ainda de acordo com o jornal, 75% das crianças mais afetadas são negras, asiáticas ou de minoria étnica. Quase quatro em cada cinco crianças são previamente saudáveis, de acordo com um relato de casos ainda não publicado¹.
O The Guardian também divulgou dados coletados por Hermione Lyall, especialista em doenças infecciosas pediátricas e diretora clínica de serviços infantis no Imperial College Healthcare NHS Trust em Londres, que expôs o impacto totalmente desproporcional que a doença está tendo nas crianças de minoria étnica.
Leia também: Covid-19: alterações imunológicas em crianças com síndrome inflamatória multissistêmica
Em um webinar recente que contou com a participação de mais de 1 mil pediatras, a Dra. Lyall mostrou um “primeiro relatório nacional” do Reino Unido com 78 pacientes com SIM-P que foram internados em Unidades de Terapia Intensiva Pediátrica. Destes, 47% eram de origem afro-caribenha e 28% eram de origem asiática. Estes números representam entre cinco e seis vezes mais do que os 14% da população total do Reino Unido que são minoria étnica¹.
No Brasil
A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) divulgou, em 03/02/2021, uma atualização de casos de SIM-P no Estado. Segundo o FVS-AM, foram notificados dois casos novos este ano: um bebê do sexo masculino de 1 ano de idade em Manaus e uma adolescente de 14 anos de Iranduba. Ambos seguiam internados em Manaus. Dessa forma, o número de casos registrados de SIM-P no Amazonas tinha subido para 17. Destes, 11 pacientes receberam alta médica, dois permaneciam internados e três evoluíram para óbito².
No Brasil, a SIM-P é de notificação nacional obrigatória³. A ficha de notificação pode ser acessada através deste link.
Aqui no país, não encontrei dados que apontem esse aumento. Na minha prática hospitalar na cidade do Rio de Janeiro, onde trabalho, tenho observado, inclusive, uma redução do número de casos de SIM-P. Para uma visão mais apurada, é necessário que aguardemos a divulgação de dados mais específicos e robustos sobre o tema.
Autora:
Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação.
Referências bibliográficas:
- THE GUARDIAN. “Up to 100 UK children a week hospitalised with rare post-Covid disease”. 2021. Disponível em: https://www.theguardian.com/world/2021/feb/05/up-to-100-uk-children-a-week-hospitalised-with-rare-post-covid-disease Acesso em: 14/02/2021
- GOVERNO DO ESTADO DO AMAZONAS. “FVS-AM atualiza casos de Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P) no Amazonas”. 2021. Disponível em: http://www.fvs.am.gov.br/noticias_view/4428 Acesso em: 14/02/2021
- SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. “SBP alerta sobre obrigatoriedade de notificação da síndrome inflamatória multissistêmica”. 2020. Disponível em: https://www.sbp.com.br/imprensa/detalhe/nid/sbp-alerta-sobre-obrigatoriedade-de-notificacao-da-sindrome-inflamatoria-multissistemica/ Acesso em: 14/02/2021
Ótimo post