Suplementação de sulfato ferroso para bebês e crianças: do diagnóstico de enfermagem a intervenção

A suplementação de micronutrientes é uma decisão que deve ser compartilhada entre pais e profissionais de saúde.

A suplementação de micronutrientes é uma decisão que deve ser compartilhada entre pais e profissionais de saúde, tendo em vista que, a carência de nutrientes pode levar a desfechos ruins, como morte infantil, resposta imunológica diminuída, cegueira, retardo mental e anemia. Essa última, relacionada à deficiência nutricional, é a mais comum e atinge metade das crianças a nível mundial.

Leia também: Estudo compara ingestão de nutrientes em bebês de 6 a 12 meses utilizando o desmame tradicional ou o método BLW

Suplementação de sulfato ferroso para bebês e crianças do diagnóstico de enfermagem a intervenção

Ferro

O ferro é um componente essencial para o funcionamento celular, pois, está envolvido na transferência de elétrons, produção de energia, síntese de DNA, crescimento e diferenciação celular, e transporte de oxigênio. A fonte desse nutriente é a reciclagem de hemácias e absorção exógena do nutriente. Os alimentos ricos em ferro se diferenciam por ter o ferro heme (presente na carne vermelha, vísceras, peixes) e o ferro não heme (hortaliças, folha verde escura). Esse último possui menor biodisponibilidade, sendo indicado o consumo com alimentos cítricos para aumentar a absorção.

Em bebês e crianças, devido ao crescimento acelerado, a disponibilidade de ferro é mais crítica e a indisponibilidade desse nutriente pode levar a alterações: imunológicas, alimentares/gastrointestinais (alteração do apetite, anorexia, redução da acidez gástrica, sangramento da mucosa intestinal), de crescimento (baixo ganho de peso e altura), neurológicas/comportamentais (irritabilidade, apatia, dor em membros), dentre outras.

Por isso, o enfermeiro, deve estar atento em sua consulta, durante o levantamento do histórico de enfermagem que os diagnósticos de enfermagem como fadiga (NANDA-I e CIPE), memória prejudicada (NANDA-I) e constipação (NANDA-I) consideram a anemia como condições associadas. E, nutrição desequilibrada: menor do que as necessidades corporais (NANDA-I), risco de desenvolvimento prejudicado (NANDA-I), desenvolvimento infantil prejudicado (NANDA-I), amamentação exclusiva prejudicada (CIPE), ingestão de alimentos insuficiente (CIPE), e desnutrição (CIPE) requerem intervenções que contemplam nas intervenções orientações alimentares, e suplementação de vitaminas, conforme protocolos nacionais e institucionais (Tabela 1).

Tabela 1. Suplementação de ferro para bebês termos, com peso adequado para a idade gestacional.

Todavia, frente a diagnósticos de enfermagem positivos como crescimento nos limites normais (CIPE) a suplementação de vitaminas é pertinente para manter os resultados de enfermagem esperados conforme a meta estabelecida. Além disso, medidas preventivas como clampeamento tardio do cordão (após 3 minutos), aleitamento materno exclusivo até 6 meses, não utilizar leite de vaca antes de 12 meses, e a partir da introdução alimentar incluir alimentos ricos em ferro, são importantes.

Saiba mais: Diretrizes alimentares americanas para bebês e crianças de até dois anos de idade

Contudo, lembre-se que todo mineral em excesso pode ser prejudicial à saúde, e no caso do ferro pode ocorrer má absorção de minerais como o zinco, hemocromatose/talassemia, e supressão da atividade enzimática. Por isso, a dose da suplementação (Tabela 1) ou de tratamento (3-5 mg de ferro elementar/kg de peso/dia) deve seguir recomendações científicas e atuais.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Ministério da Saúde (BR). Programa Nacional de Suplementação de ferro: manual de condutas gerais. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
  • Braga JAP, Vitalle MSS. Deficiência de ferro na criança. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia. 2010;32(suppl 2):38-44. DOI: 10.1590/S1516-84842010005000054. Acesso em 05 de março de 2022.
  • Quadros KAN, Goulart EMA. Reflexões sobre a suplementação de ferro na população infantil. Rev Med Minas Gerais. 2010;20(4), supl. 3:S25- S30.
  • Sociedade Brasileira de Pediatria. Consenso sobre anemia ferropriva: Mais que uma doença, uma urgência médica!, n. 2, 2018. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/21019f-Diretrizes_Consenso_sobre_anemia_ferropriva-ok.pdf. Acesso em 05 de março de 2022.

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