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Um trabalho usando dados suecos mostrou como o traumatismo crânio encefálico (TCE) pode impactar a vida das pessoas a longo prazo. Foi investigado como a história de TCE pode influenciar no surgimento de comorbidades, com foco na demência.
A unificação dos prontuários, comum nos países escandinavos, proporciona aos trabalhos um n muito alto, de caráter populacional. O objetivo desse trabalho com um n tão alto foi excluir a possibilidade de TCE e demência como um ciclo, onde pacientes demenciados têm maior chance de TCE. Além disso, as pessoas foram investigadas por mais de 30 anos, o que reduz esse viés.
Os pesquisadores dividiram o estudo em três coortes (para evitar confundimento e influência genética nos dados), todos com pacientes com mais de 50 anos:
– Foi comparado pessoas com história de TCE sem história de demência, e para cada uma dessas pessoas foi selecionado duas sem história de TCE. A partir daí foi comparado se a incidência de demência foi maior no grupo que teve TCE.
– Foi comparado pares de irmãos onde um sofreu TCE e outro não.
– Foi comparado para cada pessoa com demência duas outras sem demência, e a partir daí, buscado retrospectivamente onde houve maior incidência de TCE no passado.
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Percebeu-se que em todas as comparações, pessoas com história de traumatismo aposentam-se mais cedo, assim como a proporção de divorciados e solteiros é maior que a população controle.
Também foi percebido que o TCE aumenta a chance de demência comparado à população geral, com impacto mesmo após mais de 30 anos do trauma. Mostrou-se que a incidência de demência pode ser até 6x maior entre as vítimas de TCE no primeiro ano após o trauma do que a população geral. Traumas graves ou repetitivos têm pior prognostico sobre a incidência de demência. A associação entre demência e trauma também foi mais forte em pacientes diagnosticados com demência antes dos 65 anos.
Referências:
- Traumatic brain injury and the risk of dementia diagnosis: A nationwide cohort study, PLOS Medicine, 30 de janeiro de 2018