Uso de cannabis e as chances de desenvolvimento de doenças coronarianas

Estudo apresentado pela American College of Cardiology analisou quase 60 mil pacientes de diferentes faixas etárias que fizeram uso da cannabis.

Há muitos anos, o consumo de cannabis e canabidiol são difundidos, principalmente na população jovem. Em relação a seu uso terapêutico, muitos países têm liberado a aplicação do princípio ativo de forma controlada por um profissional de saúde.  

A cannabis medicinal derivada da espécie Sativa possui os ativos tetrahidrocanabidiol (THC) e o canabidiol (CBD), sendo o THC a substância mais utilizada. Existem uma gama de patologias que tem seus sintomas diminuídos com o uso da substância como por exemplo, Alzheimer, esclerose lateral amiotrófica, epilepsia e convulsões, glaucoma, esclerose múltipla, dor crônica, entre outros. Porém o seu uso está ligado a diversos efeitos colaterais em vários sistemas, principalmente na população que faz uso da forma inalada para fins recreativos, entre eles alterações do sistema cardiovascular.  

Cannabis medicinal para transtornos psiquiátricos

Novo estudo 

Um estudo observacional realizado pela American College of Cardiology, com uma amostra significativa de pessoas usuárias da substância nos Estados Unidos, sugeriu uma forte relação entre o uso frequente de cannabis e o desenvolvimento de doença coronariana. 

Métodos 

O estudo em questão analisou 57958 pacientes de 340 instituições de saúde americanas. Esses pacientes responderam um questionário sobre uso de cannabis tanto de forma terapêutica como recreacional, no período de três meses, onde 39678 relataram nunca ter feito uso da substância (idade média de 59 anos), 8749 relataram uso apenas uma ou duas vezes nesse período, 2720 relataram uso semanal e 4736 relataram uso diário (idade média de 41 anos). Do total desses indivíduos 3506 tiveram doença coronariana baseados nos prontuários médicos. 

Resultados 

Somente os pacientes que faziam uso diário da substância apresentaram maiores chances de desenvolvimento de doença coronariana, em torno de 34%, comparado com os pacientes que não faziam uso (OR 1,34 P=0,01), isso após a realização de ajustes em relação a outros fatores como idade, sexo e doenças sistêmicas como hipertensão e diabetes. 

Além disso, ainda nesse estudo foi realizada uma outra análise randomizada (Mendeliana) baseada na predisposição genética ao abuso de cannabis e desenvolvimento de doença coronariana. Atualmente, o uso diário e constante com desenvolvimento de dependência de cannabis também está relacionado a uma predisposição genética assim como o alcoolismo e deve ser tratado como uma patologia psiquiátrica segundo a Psychiatric Genomics Consortium Substance Use Disorders. 

Nessa análise os pacientes que apresentavam a dependência por cannabis isoladamente também tiveram índices mais altos de doença coronariana (OR, 1,4; P= 1,07). A dependência por cannabis está associada com um aumento significativo das chances de desenvolvimento de doença coronariana da mesma forma que a dependência por álcool e tabaco.

Mensagem prática

Esses resultados observados nesse estudo corroboram com achados de outros estudos semelhantes, principalmente na população jovem entre 18 e 40 anos. A ideia de que o uso frequente de cannabis é inofensivo é equivocada, e o risco de desenvolvimento de doença coronariana principalmente em usuários cotidianos passa a ser um fato real e preocupante. 

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Paranjep I,et al. American College of Cardiology Scientific Session / World Congress of Cardiology 2023. 

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