Vacinas contra covid-19: O que temos descrito sobre alterações da retina pós-vacina?

Desde o início da pandemia, existe um esforço mundial no desenvolvimento de vacinas, mas algumas pessoas podem ter efeitos colaterais.

Desde o início da pandemia pelo SARS-CoV-2, existe um esforço mundial no desenvolvimento de vacinas contra o vírus. Apesar de muito efetivas e bem toleradas na maioria dos pacientes, a imunização gerada pelas vacinas não é um procedimento sem efeitos colaterais em todas as pessoas. As taxas de efeitos colaterais agudos leves nos trials tipicamente oscila entre 10 e 30%. Poucos estudos reportaram oclusão de artéria da retina, uveíte, maculopatia aguda idiopática, neurorretinopatia macular aguda, doença de Vogt-Koyanagi-Harada e síndrome de múltiplos pontos brancos evanescentes após administração de diferentes vacinas como aquelas para hepatite B, febre amarela, influenza, meningite e herpes zoster.

Recentemente, Fowler et al. reportaram caso de homem com 33 anos com retinopatia serosa central três dias após vacina da Pfizer.  Mudie et al reportaram um caso de uma mulher de 43 anos com infecção assintomática por covid-19 que desenvolveu panuveíte três dias após a segunda dose da vacina da Pfizer.  Book at al reportaram escotomas paracentrais bilaterais em uma mulher de 21 anos três dias após receber a primeira dose da vacina Oxford/AstraZeneca.

vacinas

Estudo

Um estudo publicado esse ano nos Arquivos Brasileiros de Oftalmologia descreveu pacientes com achados retinianos vasculares, temporalmente associados com vacinas para covid-19, incluindo CoronaVac, Moderna, Pfizer, AZD1222 e Oxford/AstraZeneca.

Método do estudo

Foram incluídos onze pacientes com sinais oftalmológicos dentro de 30 dias após a primeira e segunda dose de vacina contra covid-19. Os casos ocorreram de março a agosto de 2021 e foram reportados por especialistas no Brasil, USA e Espanha. A média de idade foi de 57 anos. A média de tempo do primeiro sintoma após a vacina foi de 10 dias. Fatores de risco sistêmicos foram observados em 36% dos pacientes, e 36% tiveram infecção por covid-19 no ano anterior. Dois pacientes tiveram sintomas neurológicos e sintomas visuais com oclusão arterial. Dos onze casos descritos, cinco tiveram oclusão arterial, quatro oclusão venosa e dois tiveram alterações vasculares inespecíficas sugestivas de isquemia retiniana como manchas algodonosas.

Conclusão

A vacina mais frequentemente administrada foi a AZD1222 (Oxford/ astrazeneca) em sete dos 11 pacientes. Dos 11 pacientes com achados retinianos, sete não tinham fatores de risco cardiovasculares prévios. Apesar de rara a vasculite retiniana já foi descrita como evento adverso da vacina contra influenza, principalmente em idosos e mulheres. É um evento, provavelmente, associado ao aumento de citocinas inflamatórias pós vacina.

Nesse estudo, duas mulheres com oclusão arterial tiveram sintomas neurológicos, alterações da audição e ressonância sugestiva de síndrome de Susac. Uma teve oclusão arterial bilateral. Ambas tinham recebido a segunda dose de CoronaVac sete a 15 dias antes do sintomas visuais. O estudo tem uma amostra muito pequena, mas ainda não temos outros descrevendo manifestações retinianas após vacina da covid-19 na literatura.

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