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Todo ano, cerca de 1 a 5% dos estudantes universitários desenvolvem mononucleose infecciosa (MI) aguda. Além disso, aproximadamente 10% dos adolescentes ou adultos jovens preenchem os critérios para síndrome da fadiga crônica (SFC) seis meses após apresentarem a doença. A SFC é uma condição complexa que envolve fadiga grave e sintomas cognitivos e musculoesqueléticos incapacitantes.
Utilizando dados baseados em estudos anteriores, Katz e colaboradores (2019) desenvolveram uma escala para a avaliação da gravidade da MI, em que cada item recebeu uma pontuação de 1 – Tabela 1.
O estudo foi dividido em três etapas. Na etapa 1, os autores objetivaram incluir estudantes previamente saudáveis. Os estudantes que desenvolveram MI passavam para a etapa 2 do estudo. Seis meses após, estes estudantes passaram para a etapa 3, onde eram avaliados em relação a recuperação versus não recuperação.
Foram avaliados 126 estudantes que desenvolveram MI (estágio 2) atendidos no Northwestern University Health Center (NUHS), em Chicago, no período de dezembro de 2013 a março de 2017. Destes, 56 eram do sexo masculino, com idades variando entre 18 e 23 anos.
Os pacientes com MI foram tratados por médicos do NUHS. O diagnóstico foi feito através de um teste de Monospot® positivo, um teste de IgM contra o antígeno do capsídeo viral positivo ou teste de IgG positivo para o antígeno do capsídeo viral na presença de um anticorpo negativo contra o antígeno nuclear do vírus Epstein-Barr. Dados clínicos dos pacientes foram revisados, separadamente, por 2 médicos independentes pertencentes à equipe de pesquisa, mas não envolvidos no atendimento clínico destes pacientes quando a MI foi diagnosticada. Cada médico do estudo concluiu separadamente a gravidade da escala para cada um dos 126 pacientes. Todas as divergências foram resolvidas por discussões entre os dois médicos.
Seis meses após apresentarem MI, todos os pacientes recrutados foram contactados por telefone e/ou e-mail e avaliados quanto à recuperação ou não. Uma proporção de, aproximadamente, 1:1 de pacientes que ainda eram sintomáticos versus aqueles completamente recuperados foi encaminhada para uma avaliação médica abrangente (estágio 3). Os estudantes foram então classificados como recuperados ou preenchendo um ou mais critérios para SFC (para definição de SFC, foram usados: a definição de Fukuda, os critérios do Canadian Consensus e os critérios do Institute of Medicine para doença por intolerância aos esforços).
No total, 126 avaliações foram analisadas. A concordância entre os revisores foi de 95%. Todos os 3 pacientes hospitalizados apresentaram gravidade dos escores de mononucleose ≥2. Indivíduos com gravidade de escores de mononucleose ≥1 foram 1,83 vezes mais propensos a receber corticosteroides. Estudantes com gravidade de escores de mononucleose de 0 ou 1 foram menos propensos a atender mais de 1 definição de caso de SFC seis meses após a infecção.
Neste estudo, Katz e colaboradores demonstraram que a escala de gravidade de MI tem validade concorrente e preditiva, interobservador, para hospitalização e uso de corticosteroides, atendendo aos critérios para SFC seis meses meses após a ocorrência de MI aguda.
Este estudo parece fornecer uma resposta simples e objetiva para quantificar a gravidade da MI pacientes jovens. Espera-se que esta escala possa ser usada para orientar futuras tentativas de orientação antecipada e/ou prevenção de algumas das complicações mais graves da MI, identificando indivíduos que, na época do diagnóstico, estejam em risco de hospitalização ou não recuperação em seis meses após o diagnóstico.
Autora:
Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação.
Referências:
- Katz, B. Z. et al. A Validated Scale for Assessing the Severity of Acute Infectious Mononucleosis. Journal of Pediatrics, p.1-4, 2019.