Vírus Nipah: o que precisamos saber do novo surto da doença?

A Índia declarou o fechamento de escolas e escritórios em algumas partes do estado de Kerala após a confirmação de cinco casos de infecção pelo vírus Nipah.

Com dois óbitos até o momento devido a infecção pelo vírus Nipah, as autoridades indianas informaram que testaram 706 pessoas — incluindo 153 profissionais de saúde — para rastrear a transmissão viral.

Esse é o quarto surto de Nipah em Kerala desde 2018. Surtos prévios já foram descritos na Malásia, Singapura, Bangladesh e Filipinas. O vírus também já foi encontrado em morcegos em várias regiões do sudeste asiático, Madagascar e África Ocidental.

Sendo uma doença de alta letalidade, a ocorrência dos surtos preocupa os profissionais de saúde. Confira os principais aspectos em relação à doença abaixo.

Vírus Nipah o que precisamos saber do novo surto da doença

Vírus Nipah: o que é e formas de transmissão

O vírus Nipah (NiV) é um vírus de RNA pertencente à família Paramyxoviridae, isolado pela primeira vez em 1999 na Malásia. É considerado uma zoonose, tendo morcegos frutíferos como reservatório primário e animais como porcos, cavalos, cachorros e gatos, como reservatório intermediário.

A transmissão para humanos pode ocorrer por meio de contato com reservatórios infectados ou por meio de transmissão pessoa-a-pessoa por meio de aerossóis. O período de incubação pode variar de dias a meses, com a maioria dos casos acontecendo em até 2 semanas após infecção.

Apresentação clínica

A doença pode se manifestar com sintomas inespecíficos, tais como febre, cefaleia, mialgia e sintomas respiratórios (pneumonia atípica, tosse, síndrome respiratória aguda grave) e gastrointestinais. Sintomas neurológicos são frequentes, com a maioria dos pacientes apresentando redução do nível de consciência, sintomas de disfunção de tronco cerebral (reflexos pupilares anormais, taquicardia, hipertensão), alterações de comportamento, arreflexia ou hiporreflexia, crises convulsivas e déficit focais.

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Os sintomas neurológicos também podem se desenvolver de forma tardia, com um padrão de encefalite com redução do nível de consciência ou alteração na Escala de Coma de Glasgow, sintomas de disfunção de tronco cerebral, crises convulsivas e alterações comportamentais, que pode se manifestar meses após a exposição inicial. Outra síndrome descrita com o vírus é o relapso de encefalite, com reaparecimento dos sintomas meses a anos após recuperação total dos sintomas da infecção inicial.

Sequelas neurológicas a longo prazo têm sido descritas em sobreviventes, incluindo déficits neurológicos persistentes, déficits cognitivos e de memória, depressão, alteração de comportamento e dificuldades funcionais.

Diagnósticos diferenciais

Entre os diagnósticos diferenciais que devem ser considerados, encontram-se:

  • Virais: infecções esporádicas, como as por HSV, VZV, adenovírus e enterovírus, ou epidêmicas, como as pelo vírus da encefalite japonesa (JEV), dengue, raiva e enterovírus 71.
  • Bacterianas: riquetsioses, tuberculose ou abscessos cerebrais.
  • Parasitárias: malária cerebral ou neurocisticercose.
  • Outras lesões com efeito de massa.

Diagnóstico

O diagnóstico é feito principalmente por meio de detecção de material genético viral por meio da técnica de PCR, que pode ser realizado em amostras de líquor, sangue, swabs nasais ou de nasofaringe ou de urina.

Manejo clínico

Não existem tratamentos específicos ou vacinas contra a infecção por NiV. O manejo de um indivíduo com sintomas é baseado em medidas de suporte, podendo envolver o uso de anticonvulsivantes, tratamento de infecções secundárias ou ventilação mecânica. Ainda assim, a letalidade da doença é alta, variando de 40 a 90% em surtos anteriores.

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Os contatos de indivíduos com doença suspeita ou confirmada devem ser rastreados e colocados em quarentena com o objetivo de detecção precoce e contenção de surtos. Os profissionais de saúde, familiares ou cuidadores de indivíduos com infecção ou suspeita de NiV devem usar EPI adequados para precaução por aerossóis.

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