Você sabe identificar e tratar a disfunção tireoidiana na gestação?

As alterações fisiológicas da função tireoidiana durante a gestação podem dificultar o diagnóstico tanto do hiper quanto do hipotireoidismo.

A disfunção tireoidiana acomete cerca de 2-3% das gestantes. As alterações fisiológicas da função tireoidiana durante a gestação podem dificultar o diagnóstico tanto do hiper quanto do hipotireoidismo, ambos quando não diagnosticados e tratados implicam risco aumentado de complicações maternofetais.

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E quais são as alterações fisiológicas da gestação? Vamos lá… no primeiro trimestre o feto é incapaz de produzir quantidade suficiente de T4l, para compensar o hCG estimula a síntese de hormônios tireoidianos, já que possui estrutura semelhante ao TSH. Portanto, no primeiro trimestre há uma correlação positiva entre níveis de hCG e T4l e correlação negativa entre hCG e TSH. Após o pico de hCG, os níveis de T4l decrescem gradativamente durante a gestação.

Como essas alterações fisiológicas modificam a interpretação dos testes de função tireoidiana? Há aumento do hCG e redução do TSH, que apresenta valores específicos para cada trimestre (1º trimestre: 0,1 – 2,5 mIU/L; 2º trimestre: 0,2 – 3,0 mIU/L; 3º trimestre: 0,3 – 3,0 mIU/L). A dosagem de T4l deve ser interpretada com cautela, pode-se usar o T4 total como alternativa. Como screnning, sugere-se a dosagem de TSH no primeiro trimestre para todas as gestantes.

O hipotireoidismo clínico (HC) se caracteriza por TSH elevado com T4L diminuído ou TSH > 10 mIU/L com T4L normal, já o hipotireoidismo subclínico (HSC) apresenta TSH entre 2,5-10 mIU/L com T4L normal; em ambos os casos está indicado tratamento (controverso no HSC se anti-TPO negativo). Recomenda-se a dosagem de TSH mensal até 16-20ª semana e entre 26 e 32 semanas.

No hipotireoidismo pré-gestacional deve-se manter TSH < 2,5 mIU/L e no pós-parto a dose prévia é retomada com dosagem de TSH e t4l na 6ª semana do puerpério. As complicações maternofetais do hipotireoidismo incluem risco aumentado de abortamento, malformações congênitas, prematuridade, comprometimento cognitivo e hipotireoidismo congênito.

Entre as complicações maternofetais do hipertireoidismo temos a pré-eclâmpsia, insuficiência cardíaca, crise tireotóxica, partos prematuros e abortamentos. A etiologia mais frequente da tireotoxicose na gestação é o hipertireoidismo gestacional, que é induzido pelo pico de hCG entre 14-18ª semana.

Caracteriza-se como quadro transitório de diminuição do TSH e aumento do T4l (há uma correlação positiva entre níveis de hCG e T4l e correlação negativa entre hCG e TSH) com TRAB negativo; o tratamento é sintomático, sem indicação de drogas antitireoidianas (DAT). Já nos pacientes com doença de Graves, recomenda-se o uso de DAT, optando pelo propiltiouracil (PTU) no primeiro trimestre, devido ao suposto risco de embriopatia induzida pelo metimazol, trocando-o após por metimazol nas menores doses possíveis(5-15mg/dia).

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Referências:

  • Chair, Alex et al. Guidelines of the America Thyroid Association for the Diagnosis and Management of Thyroid Disease During Pregnancy and Postpartum. THYROID 2011.

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