Conduta pediátrica em impetigo

Neste conteúdo destacado do Whitebook Clinical Decision, saiba mais sobre impetigo, uma condição pediátrica que acomete a pele.

Em mais um post baseado em informações do Whitebook Clinical Decision, trataremos de uma condição pediátrica que atinge a pele, chamada impetigo. Trata-se de uma infecção superficial da pele que se apresenta como erosões cobertas por crostas aderentes e amareladas (melicéricas).

A maioria dos casos é tratada de forma ambulatorial. No entanto, quando há falha no tratamento inicial ou quando há um número muito grande de lesões, pode ser necessário o tratamento em enfermaria, com o uso de antibióticos venosos. Nos casos mais graves, pensar em tratamento para Staphylococcus aureus (MRSA).

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Apresentação clínica do impetigo

São duas as formas de apresentação do impetigo, o bolhoso e o crostoso (não bolhoso). O impetigo bolhoso é o mais comum entre crianças de 2-5 anos de idade, e o crostoso em crianças maiores. A face é o local mais afetado, mas qualquer região da pele pode ser atingida. No período neonatal, geralmente ocorre após a 2ª semana de vida, mas pode estar presente ao nascimento nos casos de ruptura prematura de membranas. Higiene precária e desnutrição são fatores predisponentes que devem ser investigados.

A lesão inicial é uma mácula eritematosa que evolui para vesículas e crostas; bolhas de até 2 cm de diâmetro podem ocorrer no impetigo bolhoso, e são seguidas pela formação de crostas amarronzadas finas. A lesão é superficial e não deixa cicatriz.

Impetigo bolhoso: está associado à infecção por Staphylococcus aureus fagotipo II (normalmente tipo 71). Começa com pequenas vesículas que progridem para bolhas flácidas de até 2 cm de diâmetro, de conteúdo límpido que evolui para turvo (pústulas). O teto da bolha pode se romper facilmente, revelando uma base eritematosa brilhante e úmida. O restante da bolha fica na periferia da lesão como um colarete. Geralmente, não há linfadenomegalia regional.

Impetigo crostoso: é mais comumente causado pelo Staphylococcus aureus, mas também pode ocorrer na infecção pelo Streptococcus pyogenes ou em caso de uma infecção mista. Pode ocorrer na pele normal ou pode surgir sobre uma dermatose prévia (dermatite atópica, dermatite de contato, picadas de inseto, pediculose, escabiose, varicela).

Inicia-se como uma vesícula sobre uma base eritematosa, que se rompe com facilidade. A ulceração logo é recoberta por uma secreção purulenta que gera a crosta melicérica. As lesões medem em torno de 1-2 cm de diâmetro e crescem centrifugamente. São comuns lesões satélites por autoinoculação. A linfadenopatia regional é comum. Pode haver febre nos casos mais graves.

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Diagnosticando o impetigo em pacientes pediátricos

O diagnóstico é clínico pela avaliação da história, do estado geral do paciente e das lesões apresentadas.

Exames laboratoriais: não há necessidade de exames complementares para o diagnóstico do impetigo, porém, havendo disponibilidade, podem ser realizados os seguintes exames:

  • Coloração de Gram e cultura do exsudato purulento: útil para diferenciação entre Staphylococccus aureus e Streptococcus. Quando realizado, não se deve aguardar o resultado para início de terapêutica;
  • Pode-se realizar a dosagem de anti-DNAse B e anti-hialudorinase para evidenciar uma infecção prévia da pele (estreptococos do grupo A), mas não são testes utilizados geralmente para o diagnóstico de impetigo. São reservados para situações de complicações pós-infecciosas, como é o caso da glomerulonefrite pós-estreptocócica.

Glomerulonefrite: infecções estreptocócicas cutâneas ou no trato respiratório superior podem ter como complicação a glomerulonefrite, sendo que a pele é o principal local antecedente (afeta até 5% dos pacientes com impetigo). O tratamento do impetigo não reduz o risco dessa complicação, mas diminui a disseminação da cepa nefritogênica na população. O período de latência para a glomerulonefrite é de 18-21 dias.

Febre reumática: embora seja a complicação mais associada à faringite por estreptococos do grupo A, alguns estudos sugerem que também pode ocorrer como complicação de infecções cutâneas por esse germe.

Outras dermatoses comuns da infância são:

    • Ectima; 
    • Tinea corporis; 
    • Tinea pedis; 
    • Tinea capitis; 
    • Dermatite de contato; 
    • Varicela; 
    • Impetigo herpético;
    • Picadas de inseto; 
    • Mucinose folicular;
    • Foliculite;
    • Candidíase cutânea; 
    • Dermatofitose inflamatória;
    • Lúpus eritematoso sistêmico; 
    • Síndrome de Sweet. 

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
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