Whitebook: o que você sabe sobre cardiopatia associada à cocaína?

O uso agudo ou crônico de cocaína pode levar a complicações cardiovasculares graves e até fatais. Saiba mais, baixe o Whitebook!

A cocaína promove toxicidade cardiovascular por qualquer via de uso (nasal, intravenosa ou quando fumada), tanto no usuário crônico quanto no usuário primário ou ocasional, independente de doses maciças. O uso agudo ou crônico pode levar a complicações cardiovasculares graves e até fatais, como infarto agudo do miocárdio, arritmias ventriculares, edema agudo de pulmão, AVC, dissecção aórtica, endocardite, miocardite e cardiomiopatia dilatada.

Este é o tema do conteúdo semanal baseado no Whitebook Clinical Decision!

Apresentação clínica da cardiopatia

O principal mecanismo fisiopatológico da cocaína, na gênese das doenças cardiovasculares, parece ser a inibição da recaptação da norepinefrina na fenda sináptica dos neurônios simpáticos, apesar do bloqueio dos canais de sódio poder também estar envolvido. A estimulação dos receptores alfa e beta-adrenérgicos aumenta a demanda cardíaca de O2 e reduz sua perfusão.

O uso da cocaína favorece a vasoconstricção, leva ao aumento da demanda de O2 pelo miocárdio, eleva a pressão arterial e a frequência cardíaca, estimula a agregação plaquetária e aumenta a resistência vascular periférica.

Quadro clínico:

  • Habitualmente, os sintomas de dor torácica ocorrem dentro dos primeiros minutos à primeira hora do uso (independente da via utilizada). A maioria ocorre dentro das três primeiras horas;
  • Taquicardia;
  • Elevação da pressão arterial;
  • Agitação psicomotora;
  • Convulsão;
  • Rebaixamento do sensório;
  • Insuficiência respiratória;
  • Arritmias ventriculares;
  • AVC.

Um fator de risco é o uso concomitante com bebida alcoólica e tabagismo. Além disso, o uso da cocaína pode levar a uma série de condições cardiovasculares, como:

  • Isquemia e infarto do miocárdio;
  • Miocardite  levando à cardiomiopatia;
  • Arritmias;
  • AVC;
  • Dissecção de aorta.

Abordagem diagnóstica

O consumo pode ser referido pelo próprio paciente, informação que nem sempre é fácil de se obter. Também pode ser feita a pesquisa de metabólitos da cocaína (benzoilecgonina ) na urina (exame positivo até 48 horas após o uso). Pode ser detectada a droga no sangue ou no cabelo.

ECG:  Pode ser anormal em mais da metade dos usuários com dor torácica. Lembrando que, na população jovem, as alterações podem se tratar apenas de repolarização precoce, sendo necessários exames seriados. O ECG pode ainda mostrar uma gama de arritmias.

Dosagem de troponina:  Avaliar presença de isquemia miocárdica, a dosagem de troponina e, principalmente, a curva da troponina em ascensão, componentes fundamentais no diagnóstico de infarto agudo do miocárdio.

Angiotomografia de tórax e coronárias:  Pacientes jovens e previamente saudáveis são grandes elegíveis para angiotomografia de coronárias para confirmação ou exclusão de dor torácica por lesão coronariana. Em paralelo, a angiotomografia de tórax pode confirmar ou afastar uma dissecção aguda de aorta.

 

Se você é médico, estudante de medicina ou profissional da área da saúde, conheça já o Whitebook Clinical Decision e aprimore seus conhecimentos para a prática clínica!

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