Um implante de terapia de estimulação do nervo vago, tecnologia que já era utilizada no tratamento de epilepsia, foi utilizado no Brasil pela primeira vez neste mês.
O dispositivo foi desenvolvido pela empresa LivaNova e recebeu autorização da Anvisa para utilização em 2019, mas só em 2023 que começa a ser utilizado no Brasil para o tratamento da depressão crônica ou recorrente em pacientes resistentes ou intolerantes ao tratamento farmacológico.
Como é considerado tecnologia recente, o tratamento ainda não é oferecido no SUS, as cirurgias foram realizadas na rede particular no dia 11 de agosto no Hospital SOS Cárdio, em Florianópolis (SC).
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Funcionamento
Os estudos e dados que serviram de base para o método vieram depois da observação da melhora da saúde mental em pacientes com epilepsia e depressão e consideram que a estimulação do nervo vago é capaz de modular as redes neurais do paciente, dessa forma gerando uma melhora dos sintomas depressivos.
Essa estimulação se dá através de um gerador, semelhante a um aparelho marcapasso, implantado abaixo da clavícula e que gera impulsos elétricos que são aplicados ao nervo vago por três eletrodos implantados ao redor dele. O gerador é ativado 15 dias depois da cirurgia e a programação dos estímulos é feita pelos médicos responsáveis através de outro aparelho.
Segundo a fabricante, o tratamento é indicado para maiores de idade que estejam passando por um episódio de depressão crônica ou recorrente e que não tenham conseguido resposta adequada com no mínimo quatro antidepressivos diferentes. E a estimulação do nervo vago é considerada uma terapia adjuvante, a maior parte dos pacientes ainda precisarão de acompanhamento psiquiátrico, com antidepressivos ou outras terapias.
Efeitos adversos listados incluem rouquidão, formigamento na pele, sensação de falta de ar, dor de garganta, tosse e o mais comum reportado é infecção relacionada à cirurgia.
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Estudo de longo prazo
A LivaNova está atualmente conduzindo um ensaio clínico prospectivo, multicêntrico, randomizado, controlado e cego para demonstrar a segurança e a eficácia em pacientes acompanhados por 12 meses. Para William Kozy, CEO da empresa, “Através do RECOVER, estamos avaliando a eficácia da terapia de estimulação do nervo vago como tratamento para pacientes que sofrem de depressão difícil de tratar. Esperamos analisar cada coorte do estudo — bipolar e unipolar — assim que o recrutamento for concluído e os pacientes concluírem a consulta de acompanhamento de 12 meses. A partir daí, realizaremos uma análise final e publicaremos os resultados do estudo para cada coorte.”
Este artigo foi revisado pela equipe médica do Portal.