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A hanseníase, que já foi conhecida no passado como lepra, é uma doença crônica, transmissível, de notificação compulsória e investigação obrigatória em todo território nacional. Seu agente etiológico é o Micobacterium leprae, bacilo capaz de infectar muitos indivíduos, e atinge principalmente a pele e os nervos periféricos.
Infelizmente, o Brasil ainda ocupa a segunda posição mundial no registro de novos casos, ficando atrás apenas da Índia. Logo, estes altos indicadores fazem com que a hanseníase permaneça como um importante problema de saúde pública no país, onde o Ministério da Saúde segue dando prioridade ao programa para sua eliminação.
Com um grande período de incubação, a doença demora em média de 2 a 7 anos para manifestar sinais e sintomas. Existem referências com períodos mais curtos, de sete meses, como também mais longos, de dez anos.
A transmissão ocorre especialmente pelas vias aéreas superiores (gotículas liberadas na tosse ou espirro) e a infecção subclínica é bastante comum.
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Portanto a doença pode ser dividida em quatro tipos:
- Indeterminada: quando não há comprometimento dos troncos nervosos;
- Tuberculoide: quando já há distúrbios de sensibilidade;
- Dimorfa: que é uma forma de transição;
- Virchowiana: que é o único tipo contagioso.
A forma clínica inicial (hanseníase indeterminada) tem um espectro clínico histopatológico que varia desde:
- Tuberculoide: uma forma de maior resistência;
- Lepromatoso: sem resistência ao bacilo;
- Borderline: forma intermediária.
A hanseníase pode ser classificada pelo tipo e número de áreas da pele afetadas:
- Paucibacilar: até cinco lesões na pele sem detecção de bactéria nas amostras destas áreas;
- Multibacilar: acima de seis lesões na pele, detecção de bactéria nas amostras das lesões da pele, ou ambos.
Como identificar a hanseníase
Como sinais e sintomas, a doença pode apresentar:
- Manchas hipocrômicas e esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas, em qualquer região do corpo, apresentando perda ou alteração de sensibilidade térmica (ao calor e frio), tátil (ao tato) e à dor, que podem estar principalmente nas extremidades dos membros superiores e inferiores, na face, nas orelhas, no tronco, nas nádegas e nas pernas;
- Áreas com redução dos pelos e do suor;
- Dor e sensação de choque, formigamento, fisgadas e agulhadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas;
- Edema de mãos e pés;
- Redução da sensibilidade e/ou da força muscular da face, mãos e pés, devido à inflamação de nervos, que nesses casos podem estar engrossados e doloridos;
- Úlceras de pernas e pés;
- Nódulos, em alguns podendo estar avermelhados e dolorosos;
- Juntas apresentando febre, edemas e dor;
- Entupimento, sangramento, ferida e ressecamento do nariz;
- Olhos ressecados.
O seu diagnóstico é clínico e epidemiológico, realizado por meio do exame geral e dermatoneurológico para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de nervos periféricos, com alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas.
Em crianças, o diagnóstico necessita de uma avaliação ainda mais criteriosa, em vista da dificuldade de aplicação e interpretação dos testes de sensibilidade. A identificação de infecção em crianças, podem sinalizar transmissão ativa da doença, especialmente entre os familiares, o que deve, portanto, intensificar a investigação dos contatos.
O tratamento ainda é realizado através de esquemas terapêuticos com rifampicina, dapsona, clofazimina e corticoides (reações inflamatórias das reações hansêmicas), e apresenta eficácia quando seguido da forma correta.
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Hanseníase no Brasil
É sabido que a hanseníase apresenta forte relação com as condições econômicas, sociais e ambientais desfavoráveis. E, no Brasil, apresenta uma distribuição heterogênea, com altas concentrações nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, importantes áreas de transmissão da doença.
Fazendo com que os considerados “focos” sejam mantidos, visto que é difícil interromper esta cadeia de transmissão.
A dificuldade de acesso à rede de serviços disponibilizados pelo governo por parte da população, sugere que há uma carência e urgência na incorporação de novas estratégias para oferecer assistência integral à população acometida pela doença.
Referências bibliográficas:
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