A doença Covid‐19 resulta da infecção por síndrome respiratória aguda grave, por coronavírus 2 (SARS ‐ CoV ‐ 2). No caso do paciente hematológico, que apresenta condições de saúde imunocomprometidas devido a malignidade do seu diagnóstico e ao tratamento quimioterápico, que ataca não só as células malignas, seu acompanhamento inspira cuidados e seu sistema imunológico comprometido o faz ser mais suscetível a contrair a Covid-19.
Alguns estudos referentes ao tema nos fazem refletir, enquanto profissionais de saúde, em como estes pacientes estão suscetíveis aos riscos deste vírus que assola o mundo.
Covid-19 e o paciente
Um relatório chinês realizado no início da pandemia, estimava o risco de um paciente oncológico contrair o vírus como sendo duas vezes maior que o da população em geral. O mesmo estudo ainda mostrava que, se este paciente oncológico contraísse o vírus, sua chance de ir para UTI, utilizar ventilação invasiva ou morrer, era maior em comparação a um paciente sem acometimento oncológico.
De acordo com dados do ASH Research Collaborative Covid-19 Registry for Hematology, pacientes hematológicos apresentam taxa de mortalidade de 20% para pacientes que não precisam de hospitalização, e de 33% para aqueles que precisam ser hospitalizados.
Podemos dizer que a doença Covid-19 alterou consideravelmente toda a dinâmica de tratamento onco-hematológico, enquanto as instituições de saúde e os profissionais estudam e implementam novos protocolos para a adaptação de espaço físico com o importante distanciamento social e uso de equipamento de proteção individual. Dentre estes, destacamos o uso do capote descartável, máscara e óculos, bem como a desinfecção das mãos e materiais para atender os pacientes. Medidas protetivas complementares para o paciente e seus familiares também foram disseminadas, tais como: o uso de máscara, apenas um acompanhante, quando necessário durante o atendimento, e redução no número de pacientes atendidos por dia, a fim de diminuir o risco de aglomeração, dentre outros cuidados.
Além destes, temos as importantes transfusões sanguíneas que são frequentes e necessárias para este tipo de paciente. Como estas estão ocorrendo?
Segundo estudo realizado em um serviço hemoterápico, a diminuição das doações de sangue e os estoques sanguíneos nos hemocentros e hospitais vem diminuindo cada vez mais. Além disto, foi observado considerável aumento do tempo de espera devido à restrição e alteração dos horários de atendimento. Vemos ainda campanhas na mídia e grandes adaptações dos serviços de saúde que objetivam a manutenção destes estoques em números adequados para atenderem à demanda de pacientes hematológicos, bem como aqueles que necessitam de atendimento em clínicas de urgência, emergência, cirúrgicas e oncológicas.
Vale ressaltar que os pacientes onco-hematológicos acima de 18 anos devem receber a vacina para Covid-19, mesmo quem já foi acometido pela doença.
Os pacientes com anemia falciforme também recebem indicação para receber o imunizante, pois estudos mostraram que este grupo tem taxa de mortalidade de 10%, em relação a 3,3% da população geral.
Porém, pacientes hematológicos que não tem sua imunidade comprometida devem aguardar seu momento de tomar a vacina, de acordo com a classificação de faixa etária.
Manter medidas restritivas, o uso adequado de máscara, a higienização adequada das mãos e respeitar os grupos prioritários da vacinação são coisas simples que todos nós podemos fazer para ajudar no controle desta triste realidade que estamos vivendo.
Referências bibliográficas:
- Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (BR). Vacinação para Covid-19 em pacientes com doenças hematológicas-atualizações 04. [Internet]. 2021. (Acesso 21/03).
- Souza MKB. Medidas de distânciamento social e demandas para reorganização dos serviços hemoterápicos no contexto da Covid-19. 2020; Ciência saúde coletiva, vol 25 no.12.
- The Oncologist. ASH Registry Oferece Insights sobre Covid-19 em Pacientes com Malignidades Hematológicas. Vol 26, Ed S1, 2021, S17-S18.
- Visani G, Chiarucci M, Guiducci B, et al. Impacto do SARS-CO V-2 em uma Enfermaria Hematológica Baseada na Comunidade em uma Zona Vermelha Italiana. Ann Hematol 99, 1677-1678. 2020.