A cultura de segurança é um conjunto de atitudes, percepções e competências, que determinam como uma instituição realiza o gerenciamento da segurança do paciente. Minimizar e prevenir eventos adversos já uma discussão de âmbito mundial ganhando cada vez mais importância em território nacional após a criação da portaria nº 529 de 2013 do Ministério da Saúde e com o desenvolvimento do programa nacional de segurança do paciente (PNSP).
Abreu et al (2019) afirmam que é proveniente do centro cirúrgico um dos maiores índices de eventos adversos, onde a causa identificada é relacionada com a complexidade dos procedimentos realizados somada a execução das tarefas sob pressão.
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O centro cirúrgico
Quando falamos de centro cirúrgico, falamos de uma assistência de enfermagem com rápida tomada de decisão, dotada de grande senso crítico e amplo conhecimento técnico uma vez que estes são pré-requisitos para que o profissional possa atuar de maneira concentrada e eficiente, garantindo processos bem executados que por sua vez trarão maior segurança ao paciente e toda equipe envolvida.
Por este motivo Corregio, Amante e Barbosa (2014), alegam em seu estudo que os colaboradores do centro cirúrgico devem ser constantemente capacitados, inclusive no que diz respeito à comunicação, já que, se esta for ineficaz, pode causar falhas nas relações induzindo ao erro e reduzindo a eficácia da equipe.
Outro conceito que deve ser constantemente abordado junto à equipe, não só de enfermagem, é o cultural, pois para que as premissas de segurança sejam seguidas com rigor e ações sejam desenvolvidas com base nos dados obtidos, é importante que toda a equipe multiprofissional esteja envolvida com este preceito compreendendo os valores e normas do que é importante na instituição e quais atitudes correlacionadas à segurança do paciente são esperadas.
Regiel e De Oliveira Junior (2017) salientam que a SAE e a notificação de eventos, são ferramentas práticas que apoiam a cultura de segurança do paciente. A primeira, além de ser pré-requisito de cunho legal (Resolução nº 358/2009, do Conselho Federal de Enfermagem), organiza direciona as ações assistenciais e a segunda sinaliza pontos de melhoria que por vezes acabam sendo subnotificados e passam despercebidos. Outra ferramenta prática crucial nas boas práticas de assistência a saúde dentro do centro cirúrgico é o check-list de cirurgia segura, pois este garante o fluxo consistente de informações de maneira padrão a todos os membros que assistem o paciente.
Construção da cultura
Um importante aspecto que deve ser considerado na construção e manutenção da cultura de segurança do paciente é o envolvimento dos gestores. Conforme estudo de Fernandes et al (2019), os gestores também devem estar engajados para que esta cultura seja desenvolvida de maneira aberta e sem cunho punitivo visando tratar as ocorrências de evento de maneira integrada, instigando o trabalho em equipe.
Para Fassarela et al (2020) esta construção cultural deve ser adaptada de forma transversal em formatos diferenciados para cada segmento da equipe multiprofissional, visando uma melhor percepção do papel de cada um para que a assistência segura seja possível.
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Desta forma, deve-se compreender que, uma boa prática cirúrgica assistencial é pautada através correta aplicação de conceitos, técnicas e metodologias, que podem comprovadamente direcionar a um resultado positivo para o paciente (Gutierres et al, 2018).
Referências bibliográficas:
- Fernandes ARR, et al. Cultura de segurança no centro cirúrgico: uma revisão integrativa. Rev. Eletr. Enferm. [Internet]. 7º de outubro de 2021. DOI: 10.33448/rsd-v9i8.5164.
- Fassarella CS, et al. Cultura de segurança em centro cirúrgico universitário. Research, Society and Development. 2020;9(8):e119985164. DOI: 10.33448/rsd-v9i8.5164.
- Abreu, Ingrid Moura de et al. Cultura de segurança do paciente em centro cirúrgico: visão da enfermagem. Revista Gaúcha de Enfermagem [online]. 2019;40. DOI: 10.1590/1983-1447.2019.20180198.
- Gutierres LS, et al. Good practices for patient safety in the operating room: nurses’ recommendations. Rev. Bras. Enferm. 2018;71 (suppl 6). DOI: 10.1590/0034-7167-2018-0449
- Riegel F, De Oliveira Junior NJ. Processo de enfermagem: implicações para a segurança do paciente em centro cirúrgico. Cogitare Enfermagem. 2017;22(1). DOI: 10.5380/ce.v22i1.45577
- Correggio T, Amante L, Barbosa S. Avaliação da cultura de segurança do paciente em Centro Cirúrgico. Revista SOBECC [Internet]. 2014; 19(2):67-73. Disponível em: https://revista.sobecc.org.br/sobecc/article/view/60/pdf