A pressão arterial deve ser verificada anualmente em todas as crianças maiores de 3 anos. Entretanto, as crianças que apresentarem obesidade, diabetes, ou façam uso de medicamentos que aumentem a pressão arterial e outras condições cardiovasculares, a verificação deverá ser feita a cada consulta.
A verificação da pressão arterial em crianças menores de 3 anos deve ocorrer nos casos em que ela apresente uma das seguintes das situações:
- Prematura menor de 32 semanas;
- Baixo peso ao nascer;
- Tenha feito cateterismo umbilical;
- Complicações que necessitem de utineonatal;
- Cardiopatia congênita, com ou sem correção;
- Infecção urinária de repetição;
- Doença renal conhecida ou histórico familiar de doença renal congênita;
- Alterações como hematúria, proteinúria;
- Malformação urológica
- Transplantes de órgãos sólidos ou medula óssea;
- Doenças neoplásicas;
- Uso de medicações que alteram a pressão arterial;
- Crianças com doenças cmo neurofibromatose, esclerose tuberosa, anemia falciforme,
- Evidência de pressão intracraniana aumentada.
Cuidados importantes antes do procedimento de verificação da pressão arterial
O posicionamento da criança é extremamente importante. Ela pode estar deitada ou sentada, com os pés apoiados e descruzados e o dorso recostado na cadeira. A bexiga deverá estar vazia, e a criança deve estar tranquila por alguns minutos, sem ter realizado atividades de grande esforço na última hora.
A enfermeira deve solicitar à família para retirar parte da manga do lado direito, preferencialmente, caso esteja garroteando o braço e deixá-lo livre e posicionado na altura do coração, apoiado sobre uma superfície e com a palma da mão virada para cima.
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A escolha do manguito
Diferentemente dos adultos, na pediatria existem muitas variações de tamanhos de manguitos. O uso de um manguito de tamanho inadequado pode interferir diretamente no valor da pressão arterial e realização da técnica correta.
Um dos cuidados iniciais para selecionar o manguito ideal é medir a circunferência do braço. Para isso, o enfermeiro deverá medir a distância entre dois pontos: olécrano e acrômio e determinar o ponto médio dessa distância.
No ponto médio, identificar qual é a medida da circunferência do braço. A partir dessa medida, é selecionado o tamanho do manguito. O tamanho ideal é aquele que cobre 40% da largura e 80 a 100% do comprimento.
Verificação da pressão arterial em crianças
Após selecionar o tamanho correto do manguito, o enfermeiro deve colocá-lo no braço da criança, posicionando o meio da parte compressiva sobre a artéria radial, em uma distância de 2 a 3 cm da fossa cubital.
Posterior a colocação do manguito sem folgas no braço da criança, deve-se palpar o pulso radial e estimar o nível de pressão arterial sistólica PAS. Em seguida, a campânula do estetoscópio deve ser posicionada sobre a artéria braquial na fossa cubital, e insuflar até 20 a 30mmHg acima do nível de PAS estimado.
Com o ouvido muito atento, desinsuflar o manguito com velocidade de 2mmHg/ por segundo. A pressão arterial sistólica é determinada pela identificação do primeiro som (fase I de Korotkoff) e pressão arterial diastólica pela medida em que os sons desaparecem (Fase V de Korotkoff). Manguitos de punho não devem ser utilizados, pois não há estudos que comprovem que os resultados são confiáveis.
Como avaliar os valores encontrados de pressão arterial
A nova diretriz de classificação de Pressão Arterial pediátrica leva em consideração, além da pressão arterial, a estatura da criança. Nesse contexto, primeiramente, deve-se considerar a idade da criança e avaliar a sua estatura. Posteriormente, sinaliza-se na tabela a estatura mais próxima com a da criança, de acordo com a idade.
Como exemplo, vamos considerar um menino com 1 ano de idade e 78,5 cm de estatura. Ao aplicar a sua estatura na Tabela de Percentis de Pressão Arterial Sistêmica para Meninos por idade e Percentis de Estatura, identifica-se que a estatura mais próxima é de 78,3.
Posteriormente, deve-se aferir a pressão arterial da criança ㅡ conforme a técnica orientada anteriormente ㅡ e identificar na coluna abaixo da estatura a pressão sistólica e a diastólica mais próximas a verificada na criança.
Seguindo o exemplo, do menino citado anteriormente, deve-se identificar, tanto na pressão arterial sistólica, quanto na pressão arterial diastólica, os valores que estão embaixo da estatura marcada (78,3 cm) que se enquadrem aos valores identificados na verificação da pressão da criança.
Nessa lógica, ao considerar que a criança citada possui pressão arterial igual a 101 x 52 mmHg, deve-se sinalizar na tabela o valor mais próximo da diastólica e da sistólica, a fim de identificar o percentil na pressão diastólica e na pressão sistólica.
Frente a essa realidade, a pressão diastólica mais próxima de 101 na coluna de estatura 78,3 cm é 102 e a pressão sistólica mais próxima de 52 é o próprio 52. Ao analisar os percentis referentes a ambos os valores, vemos que a pressão sistólica enquadra-se no percentil 95 e a diastólica no percentil 90.
A classificação final, considera-se o maior percentil, que neste caso é 95 e aplica-se na Classificação de Pressão Arterial de acordo com a faixa etária:
No exemplo apresentado, a criança encontra-se em hipertensão estágio 1, pois possui PA ≥ P95 para sexo, idade e altura. Ademais, cabe destacar que, se ao verificar a medida, a PA for ≥ P90, deve-se verificar mais 2 vezes na mesma consulta e calcular a média entre as 3 aferições. Esse valor será utilizado para avaliação do estadiamento do agravo.Sendo assim, diante dos dados, é possível ofertar aos profissionais de enfermagem uma avaliação mais minuciosa das crianças que possuem risco de desenvolverem pressão arterial, melhorando a qualidade de vida e reduzindo o agravo da doença.
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Autores:
Mariana da Rocha Marins:
Enfermeira, especialista em saúde da família. Mestre em educação pela Universidade Federal Fluminense. Experiência na gestão de unidade básica de saúde no Município do Rio de Janeiro e atualmente Gestora em Saúde no Município de Maricá.
Nathalia Schuengue:
Enfermeira pediatra pelo Instituto Fernandes Figueira • Mestre em saúde da criança pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.